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quinta-feira, 13 de maio de 2010

Irã - ' Espero que Lula visite os prisioneiros políticos'


Iraniana Nobel da Paz pede que Lula cobre explicações de Ahmadinejad sobre direitos humanos

Ela foi a primeira mulher a se tornar juíza no Irã, em 1974. Durou pouco. Em 1979, expulsa dos tribunais depois que os aiatolás instauraram a República Islâmica, Shirin Ebadi não desistiu: transformou-se na mais temida advogada dos direitos humanos do país, partindo em defesa de todos os que o regime menospreza — mulheres, opositores, jornalistas — ganhando o Nobel da Paz em 2003.

Aos 62 anos, ela paga hoje um preço alto por isso: está exilada na Europa. De passagem pela Itália, numa entrevista por telefone, ela conta como sua família é perseguida e que pessoas estão sendo mortas sumariamente. Ela faz um um apelo para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobre do regime iraniano explicações para as violações de direitos humanos, incluindo a execução de cinco curdos iranianos.

De Deborah Berlinck:

O presidente Lula chega sábado ao Irã, mas não vai se encontrar com a oposição nem discutir os direitos humanos. Está decepcionada?

Estou muito decepcionada. Espero que o presidente Lula visite os prisioneiros políticos e suas famílias. Há três dias, cinco prisioneiros foram executados. Não quiseram nem devolver os cadáveres às famílias. O único crime destas pessoas foi pertencer a um grupo de minoria curda. O Partido Curdo Iraniano decretou uma semana de luto. Infelizmente, há outros 18 opositores condenados à morte. Todas as organizações de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional, estão indignadas.

Qual é a sua mensagem para o presidente Lula?

Queria muito pedir que, durante as negociações com o governo iraniano, ele fale sobre direitos humanos e os prisioneiros políticos. E que pergunte por que prisioneiros políticos são condenados à morte.

O Brasil acha que pode intermediar um acordo na questão nuclear que permitirá ao presidente Ahmadinejad evitar uma nova rodada de sanções. O que a senhora acha?

Espero que o Irã possa resolver este problema com negociação. Sou contra um ataque militar ao Irã. Sou também contra o boicote econômico. É a população quem vai pagar. Ao mesmo tempo, sou contra que o governo continue a executar prisioneiros políticos, sou contra a maneira como se comporta com o povo iraniano. Quero chamar a atenção do presidente Lula sobre a resolução aprovada em 2009 na Assembleia Geral da ONU, que condenou o Irã por violação dos direitos humanos. Não é a primeira vez que o regime iraniano é condenado pela Assembleia Geral da ONU. Em 31 anos de República Islâmica, o Irã foi condenado 25 vezes por violação dos direitos humanos. Eu desejo muito que isto seja dito (por Lula) na negociação com o presidente.

Lula insiste que não há provas de que a reeleição de Ahmadinejad foi fraudulenta, dizendo que 61,2% de votos é muito para ser fraude. Ele minimizou os protestos de rua, comparando a um jogo de futebol...

Gostaria de perguntar ao presidente Lula quais são os seus argumentos para dizer algo parecido. Mesmo que ele (Ahmadinejad) tenha tido muitos votos, não é argumento para violar os direitos humanos. Eu não tenho posição política. Não faço parte de qualquer organização política. Sou apenas uma defensora dos direitos humanos. E é nesta condição que protesto. No ano passado, o próprio governo admitiu ter prendido 6 mil pessoas por terem se manifestado. Foi muito mais do que isso. Muitos presos foram mortos ou torturados. Depois das eleições, nove prisioneiros foram executados, incluindo os cinco da semana passada. Os filmes e fotos no YouTube mostram a violência com que o governo se comporta com a população.

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