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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Polícia conclui inquérito sobre padre suspeito de pedofilia em Franca


Seis adolescentes foram vítimas do pároco de 74 anos, aponta relatório.
Documento de 11 páginas será levado ao Fórum; religioso nega.

Kleber Tomaz Do G1, em São Paulo


Padre José Afonso DéPadre José Afonso Dé (Foto: Reprodução/G1)

A Polícia Civil de Franca, a 400 quilômetros de São Paulo, concluiu na noite de quinta-feira (15) o inquérito que apurou denúncias de pedofilia atribuídas ao padre José Afonso Dé, de 74 anos. Apesar de negar a acusação no depoimento que prestou na segunda-feira (12) à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), o pároco foi indiciado pelos crimes de estupro de vulnerável (no caso dos menores de 14 anos) e atentado violento ao pudor mediante fraude (para as supostas vítimas acima de 14 anos).

As supostas vítimas são seis garotos, com idades entre 12 e 16 anos, que eram coroinhas e frequentadores da Paróquia São Vicente de Paulo. Os abusos teriam ocorrido entre dezembro de 2009 e janeiro deste ano. O relatório de 11 páginas assinado pela delegada Graciela Ambrósio será entregue nesta sexta (16) ao Fórum da cidade. Depois, ele será distribuído para o Ministério Público que irá designar um promotor para acompanhar o caso.

Uma denúncia anônima feita no dia 24 de março ao Conselho Tutelar de Franca deu origem à investigação da DDM. O denunciante, que não quis se identificar, havia dito que o sacerdote molestava adolescentes na sacristia da igreja onde ele celebrava missas e na sua própria casa. Os meninos relataram terem sido beijados e até acariciados nos órgãos sexuais pelo pároco.


Afastado

Padre Dé foi afastado das suas funções pelo bispo de Franca, Dom Pedro Luís Stringhini, que também entrou em contato com a Nunciatura Apostólica, a ‘embaixada’ do Vaticano no Brasil, para encaminhar formalmente as acusações contra o pároco.

Procurada pela reportagem do G1, a Nunciatura Apostólica não quis se manifestar sobre o caso nem falar sobre quais procedimentos devem ser seguidos internamente com relação ao padre.

Vítimas

Durante a apuração, 31 pessoas foram ouvidas pela polícia, entre o acusado, as supostas vítimas, mães dos garotos e testemunhas. Apesar de dez vítimas terem sido identificadas pela DDM, somente seis delas terão suas denúncias levadas à Promotoria. O motivo é simples: quatro desses denunciantes são adultos atualmente, e eles afirmaram terem sido abusados pelo padre quando eram meninos, nos anos de 1990 e início de 2000. Segundo a delegada, todos esses crimes, que não foram comunicados à polícia na época, prescreveram.

Mesmo assim, para a delegada Graciela Ambrósio, o depoimento desses homens foi fundamental para mostrar que o padre sempre abusou de meninos.

Após receber o relatório da Polícia Civil, o promotor designado poderá pedir mais diligências, arquivar o caso ou denunciar o suspeito à Justiça.

No dia 8 de abril, em entrevista exclusiva ao G1, padre Dé havia negado as acusações. “Sou inocente dessas acusações”, disse.


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