Seis adolescentes foram vítimas do pároco de 74 anos, aponta relatório.
Documento de 11 páginas será levado ao Fórum; religioso nega.
A Polícia Civil de Franca, a 400 quilômetros de São Paulo, concluiu na noite de quinta-feira (15) o inquérito que apurou denúncias de pedofilia atribuídas ao padre José Afonso Dé, de 74 anos. Apesar de negar a acusação no depoimento que prestou na segunda-feira (12) à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), o pároco foi indiciado pelos crimes de estupro de vulnerável (no caso dos menores de 14 anos) e atentado violento ao pudor mediante fraude (para as supostas vítimas acima de 14 anos).
As supostas vítimas são seis garotos, com idades entre 12 e 16 anos, que eram coroinhas e frequentadores da Paróquia São Vicente de Paulo. Os abusos teriam ocorrido entre dezembro de 2009 e janeiro deste ano. O relatório de 11 páginas assinado pela delegada Graciela Ambrósio será entregue nesta sexta (16) ao Fórum da cidade. Depois, ele será distribuído para o Ministério Público que irá designar um promotor para acompanhar o caso.
Uma denúncia anônima feita no dia 24 de março ao Conselho Tutelar de Franca deu origem à investigação da DDM. O denunciante, que não quis se identificar, havia dito que o sacerdote molestava adolescentes na sacristia da igreja onde ele celebrava missas e na sua própria casa. Os meninos relataram terem sido beijados e até acariciados nos órgãos sexuais pelo pároco.
Afastado
Padre Dé foi afastado das suas funções pelo bispo de Franca, Dom Pedro Luís Stringhini, que também entrou em contato com a Nunciatura Apostólica, a ‘embaixada’ do Vaticano no Brasil, para encaminhar formalmente as acusações contra o pároco.
Procurada pela reportagem do G1, a Nunciatura Apostólica não quis se manifestar sobre o caso nem falar sobre quais procedimentos devem ser seguidos internamente com relação ao padre.
Vítimas
Durante a apuração, 31 pessoas foram ouvidas pela polícia, entre o acusado, as supostas vítimas, mães dos garotos e testemunhas. Apesar de dez vítimas terem sido identificadas pela DDM, somente seis delas terão suas denúncias levadas à Promotoria. O motivo é simples: quatro desses denunciantes são adultos atualmente, e eles afirmaram terem sido abusados pelo padre quando eram meninos, nos anos de 1990 e início de 2000. Segundo a delegada, todos esses crimes, que não foram comunicados à polícia na época, prescreveram.
Mesmo assim, para a delegada Graciela Ambrósio, o depoimento desses homens foi fundamental para mostrar que o padre sempre abusou de meninos.
Após receber o relatório da Polícia Civil, o promotor designado poderá pedir mais diligências, arquivar o caso ou denunciar o suspeito à Justiça.
No dia 8 de abril, em entrevista exclusiva ao G1, padre Dé havia negado as acusações. “Sou inocente dessas acusações”, disse.