Presidente é o grande protagonista das eleições regionais na Venezuela.
De Caracas para a BBC Brasil - Os candidatos do chavismo nas eleições regionais do próximo domingo, na Venezuela, encerraram suas campanhas nesta quinta-feira sem a presença do presidente Hugo Chávez, que apesar de não estar concorrendo, foi o protagonista da disputa.
Alusões a Chávez estavam em todos os lugares. Um anúncio do partido do governo, o PSUV, publicado nesta quinta-feira nos principais jornais do país, indicou qual deverá ser a atitude dos eleitores chavistas depois da campanha encabeçada pelo presidente venezuelano:
"Chegou a hora da lealdade. Amor com amor se paga. Vimos o nosso líder percorrer, sem descanso, o país de ponta a ponta. Agora é a nossa vez, vamos com tudo votar", diz o anúncio.
Além de derrotar a oposição, o desafio do governo é reconquistar cerca de 3 milhões de eleitores que não votaram no referendo da reforma constitucional do ano passado, fator determinante na primeira derrota do governo em quase 10 anos de gestão.
Os discursos dos candidatos que encerraram suas campanhas acompanhavam o mesmo raciocínio, ao recordar aos eleitores um refrão que foi dito várias vezes por Chávez nos últimos dias: "o que está em jogo é o futuro da revolução".
O candidato chavista ao governo do Estado de Guárico, Willian Lara, ex-ministro de Comunicação, que enfrentará nas urnas uma candidata dissidente do governo, afirmou em um comício a seus simpatizantes que aqueles que não fossem votar estariam traindo "o povo venezuelano, a revolução e o comandante Chávez".
Lara chegou a subir o tom e ameaçou levar à prisão o atual governador Eduardo Manuitt, ex-chavista, ao insinuar que ele roubou recursos públicos provenientes de pedágios administrados pelo Estado.
"Quando for governador (...) exigirei que se aplique a lei. Tenho certeza que um dia nos levantaremos com a boa nova de que Eduardo Manuitt está preso por roubar o povo", afirmou.
"Disciplina"
O candidato ao governo de Barinas, Adán Chávez, irmão do presidente venezuelano, convocou seus simpatizantes a saírem para votar "com disciplina revolucionária".
"No domingo, zero de triunfalismo, muita unidade, organização, disciplina revolucionária e alcançaremos o objetivo desta campanha", afirmou Adán.
Barinas é um quase como um feudo da família Chávez, sendo atualmente governado pelo pai do presidente, Hugo de los Reyes.
O irmão do presidente está em uma disputa acirrada pela sucessão contra o candidato dissidente do chavismo Julio César Reyes, que rompeu com o governismo e lançou a uma candidatura independente.
Adán, que foi ministro da Casa Civil, prometeu "aprofundar a revolução com muito amor" e chamou seus eleitores a permanecerem nas ruas para "defender a vitória".
"O inimigo tem um plano de violência que já começou a executar (...). Logo depois que anunciarem nossa vitória, vão sair gritando fraude, mas o povo organizado está preparado para defender sua revolução", afirmou.
O canal estatal VTV transmitiu ao vivo trechos dos atos de encerramento de campanha de cada candidato governista, que se realizaram quase que simultaneamente em todo o país.
Em breves discursos, a maioria dos candidatos chavistas se comprometeu a "aprofundar a revolução" e dar maior participação à população na estrutura da gestão pública.
Temas como a violência, uma das principais críticas da oposição, saneamento, saúde e educação, foram minimizados.
"Vamos ganhar, vamos triunfar, pelo bem dos nossos filhos. Pátria, socialismo ou morte, venceremos", afirmou o candidato chavista a governador Giancarlo Di Martino, ao encerrar seu discurso no Estado Zulia, onde suas chances de vitória são remotas.
Atualmente governado por Manuel Rosales, ex-candidato presidencial e atual candidato à prefeitura da cidade de Maracaibo, Zulia se converteu no principal reduto da oposição.
Organização
Como é costume nas eleições da Venezuela, o Exército foi mobilizado e milhares de soldados já guardam as urnas eletrônicas nos centros de votação.
A operação, chamada de Plano República, se estenderá até a segunda-feira.
De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), 134 observadores internacionais acompanharão o pleito, que é considerado decisivo tanto para o governo como para a oposição, que vê nestas eleições a possibilidade de recuperar espaços de poder.
Nas eleições de 2004, a oposição conquistou apenas dois Estados dos 24 em disputa, incluindo a capital Caracas.
No ano passado, porém, o partido Podemos rompeu com o governo e passou à oposição, aumento a influência deste grupo para outros quatro estados.
Cerca de 17 milhões de venezuelanos deverão comparecer às urnas neste domingo para escolher 23 governadores e 328 prefeitos, além de 233 legisladores regionais. O voto na Venezuela é facultativo. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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Alusões a Chávez estavam em todos os lugares. Um anúncio do partido do governo, o PSUV, publicado nesta quinta-feira nos principais jornais do país, indicou qual deverá ser a atitude dos eleitores chavistas depois da campanha encabeçada pelo presidente venezuelano:
"Chegou a hora da lealdade. Amor com amor se paga. Vimos o nosso líder percorrer, sem descanso, o país de ponta a ponta. Agora é a nossa vez, vamos com tudo votar", diz o anúncio.
Além de derrotar a oposição, o desafio do governo é reconquistar cerca de 3 milhões de eleitores que não votaram no referendo da reforma constitucional do ano passado, fator determinante na primeira derrota do governo em quase 10 anos de gestão.
Os discursos dos candidatos que encerraram suas campanhas acompanhavam o mesmo raciocínio, ao recordar aos eleitores um refrão que foi dito várias vezes por Chávez nos últimos dias: "o que está em jogo é o futuro da revolução".
O candidato chavista ao governo do Estado de Guárico, Willian Lara, ex-ministro de Comunicação, que enfrentará nas urnas uma candidata dissidente do governo, afirmou em um comício a seus simpatizantes que aqueles que não fossem votar estariam traindo "o povo venezuelano, a revolução e o comandante Chávez".
Lara chegou a subir o tom e ameaçou levar à prisão o atual governador Eduardo Manuitt, ex-chavista, ao insinuar que ele roubou recursos públicos provenientes de pedágios administrados pelo Estado.
"Quando for governador (...) exigirei que se aplique a lei. Tenho certeza que um dia nos levantaremos com a boa nova de que Eduardo Manuitt está preso por roubar o povo", afirmou.
"Disciplina"
O candidato ao governo de Barinas, Adán Chávez, irmão do presidente venezuelano, convocou seus simpatizantes a saírem para votar "com disciplina revolucionária".
"No domingo, zero de triunfalismo, muita unidade, organização, disciplina revolucionária e alcançaremos o objetivo desta campanha", afirmou Adán.
Barinas é um quase como um feudo da família Chávez, sendo atualmente governado pelo pai do presidente, Hugo de los Reyes.
O irmão do presidente está em uma disputa acirrada pela sucessão contra o candidato dissidente do chavismo Julio César Reyes, que rompeu com o governismo e lançou a uma candidatura independente.
Adán, que foi ministro da Casa Civil, prometeu "aprofundar a revolução com muito amor" e chamou seus eleitores a permanecerem nas ruas para "defender a vitória".
"O inimigo tem um plano de violência que já começou a executar (...). Logo depois que anunciarem nossa vitória, vão sair gritando fraude, mas o povo organizado está preparado para defender sua revolução", afirmou.
O canal estatal VTV transmitiu ao vivo trechos dos atos de encerramento de campanha de cada candidato governista, que se realizaram quase que simultaneamente em todo o país.
Em breves discursos, a maioria dos candidatos chavistas se comprometeu a "aprofundar a revolução" e dar maior participação à população na estrutura da gestão pública.
Temas como a violência, uma das principais críticas da oposição, saneamento, saúde e educação, foram minimizados.
"Vamos ganhar, vamos triunfar, pelo bem dos nossos filhos. Pátria, socialismo ou morte, venceremos", afirmou o candidato chavista a governador Giancarlo Di Martino, ao encerrar seu discurso no Estado Zulia, onde suas chances de vitória são remotas.
Atualmente governado por Manuel Rosales, ex-candidato presidencial e atual candidato à prefeitura da cidade de Maracaibo, Zulia se converteu no principal reduto da oposição.
Organização
Como é costume nas eleições da Venezuela, o Exército foi mobilizado e milhares de soldados já guardam as urnas eletrônicas nos centros de votação.
A operação, chamada de Plano República, se estenderá até a segunda-feira.
De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), 134 observadores internacionais acompanharão o pleito, que é considerado decisivo tanto para o governo como para a oposição, que vê nestas eleições a possibilidade de recuperar espaços de poder.
Nas eleições de 2004, a oposição conquistou apenas dois Estados dos 24 em disputa, incluindo a capital Caracas.
No ano passado, porém, o partido Podemos rompeu com o governo e passou à oposição, aumento a influência deste grupo para outros quatro estados.
Cerca de 17 milhões de venezuelanos deverão comparecer às urnas neste domingo para escolher 23 governadores e 328 prefeitos, além de 233 legisladores regionais. O voto na Venezuela é facultativo. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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