Para a cientista, o tomate geneticamente modificado é um exemplo de que a tecnologia pode ajudar a resolver os problemas mundiais de alimentação
Imagine só quantas são as possibilidades culinárias. Tomates roxos fritos? Um suco de tomate roxo para um novo drinque exótico de verão? Uma berinjela ao forno, na qual a cor do molho de tomate se confunde com a cor da berinjela? Ou, ainda, alguma surpreendente criação
gastronômica como "espuma roxa de tomate", bolada um chefe da festejada cozinha molecular? Tomates roxos já existem, e fazem bem à saúde, o que foi comprovado em um estudo com camundongos.
As cobaias com câncer que foram alimentadas com uma dieta rica em tomates transgênicos roxos tiveram uma expectativa de vida maior do que aquelas que não receberam o alimento. Os tomates transgênicos foram desenvolvidos pela geneticista inglesa Cathie Martin, do Centro John Innes Centre, em Norwich, no Reino Unido, como anunciado neste domingo (26) pela revista britânica Nature Biotechnology.
Os tomates roxos, feitos com o gene da boca-de-leão, podem ajudar a prevenir doenças como o câncer
A cor arroxeada dos tomates transgênicos foi obtida graças à adição, em seu código genético, de dois genes extraídos da boca-de-leão (Antirrhinum majus). Suas flores, roxas, devem essa coloração a um pigmento chamado antocianina. As antocianinas são encontradas em altas concentrações em frutas silvestres como a framboesa e a amora. Sabe-se que as antocianinas têm propriedades antioxidantes e que oferecem proteção contra certos tipos de câncer, doenças cardiovasculares e doenças degenerativas relacionadas ao envelhecimento. Há também evidência de que essas substâncias têm propriedades antiinflamatórias, promovem acuidade visual e previnem a obesidade e o diabetes.
“A maioria das pessoas não come cinco porções de frutas e vegetais por dia”, diz Cathie Martin. “Mas elas poderiam se beneficiar se passassem a consumir frutas e verduras, como o tomate roxo, desenvolvidas para ter maiores concentrações de antioxidantes”. Segundo a geneticista, esse é um dos primeiros exemplos de como a engenharia genética poderá auxiliar na prevenção de doenças crônicas. “O próximo passo será coletar dados pré-clínicos, visando a realizar estudos com voluntários humanos.”
REVISTA ÉPOCA
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