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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Bancos não precisam ser resgatados pelos bancos públicos





O governo errou ontem ao editar essa medida provisória por vários motivos. Primeiro, porque os bancos brasileiros estão bem, estão sólidos e não precisam ser resgatados pelos bancos públicos. Alguns bancos pequenos tiveram no começo dessa crise dificuldade de conseguir empréstimo no interbancário, que é o mercado em que os bancos emprestam uns aos outros. Isso se resolve com mais garantia ao interbancário.

Segundo, porque os bancos públicos já têm uma boa porção do mercado brasileiro e não deveriam crescer de forma impensada. Tanto o Banco do Brasil quanto a Caixa tiveram que ser capitalizadas pelo Tesouro. Ou seja, o Tesouro pôs dinheiro do contribuinte para fortalecer esses bancos tempos atrás.

A parte da MP que permite que a Caixa compre ações de empresas construtoras é outro erro. A Constituição estabelece que, para uma estatal criar subsidiária ou ter participação em empresas, é preciso ter a autorização legislativa.

As empresas com quem eu falei acham que nada disso resolve. Elas acham que o setor está bem e que algumas empresas compraram terrenos ruins – é verdade – a preços altos, mas não há uma crise no setor imobiliário.

Além disso, os empresários me dizem que temem que, ao comprar ações tão desvalorizadas, já que a Bolsa caiu muito, a Caixa acabe virando dona das empresas e reduzindo muito a participação das ações nas mãos dos atuais acionistas.

O setor precisa, segundo Roger Chor, presidente da Ademi, de menos burocracia para o comprador que tem que tirar 20 certidões para comprar um imóvel e precisa de linhas de financiamento – que, aliás, os bancos são obrigados a oferecer ao setor.

Noticias preocupantes da Ásia e do Leste europeu

É fora, mais precisamente da Ásia e do Leste europeu, que vêm as notícias mais complicadas. Tem muita confusão vindo aí. Há novas frentes de crise no sudeste da Ásia e no leste da Europa.

A Bulgária está com um déficit nas contas externas de 23% do PIB. O Brasil entrou em crise quando chegou a 7% do PIB, em 1999. A Romênia está com 16%. A Ucrânia pediu socorro ao FMI.

Até a Coréia, que teve uma enorme crise há 11 anos, voltou a ter problemas. Hoje a Coréia tem reservas altas, mas está com mercado imobiliário superaquecido e uma dívida interna alta demais. A Islândia e o Paquistão já pediram empréstimo ao FMI e vários outros países, como a Indonésia, estão sendo sacudidos pela crise.

A Argentina se afunda cada vez mais. Ontem, a Bolsa chegou a cair 16%. A decisão do governo de estatizar os fundos privados de aposentadoria aumentou a desconfiança em relação a um país que nunca se recuperou ainda da moratória de 2002.

Nos grandes países onde a crise começou, Estados unidos e Europa, os sinais de problemas na economia real são diários. Tudo isso mantém o pessimismo, com apenas alguns momentos de alívio.

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