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quinta-feira, 10 de julho de 2008

Santa Casa de Porto Alegre suspende internações na UTI neonatal

GRACILIANO ROCHA
da Agência Folha, em Porto Alegre

A Santa Casa de Porto Alegre suspendeu nesta semana a internação de gestantes e a realização de partos, por causa da superlotação na UTI neonatal da unidade. O hospital é privado, mas atende pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

A falta de vagas em UTIs para recém-nascidos na capital gaúcha é alvo de investigação do Ministério Público do Estado, iniciada no começo deste ano.

Com o fechamento por tempo indeterminado da maternidade da Santa Casa, gestantes estão sendo encaminhadas para outros quatro hospitais de Porto Alegre que atendem pelo SUS.

"Ultrapassamos o nosso limite, estamos com água no pescoço", disse nesta quarta-feira o chefe de neonatologia do hospital, Sérgio Grossi. Segundo ele, a decisão foi tomada para evitar aumento do índice de mortalidade na unidade, que é de dez óbitos para mil nascidos vivos. A média nacional em 2006, disse Grossi, foi de 11 por mil nascidos vivos.

O risco de infecção cresce em casos de superlotação, pois o movimento de pessoas (como médicos e enfermeiras) aumenta no setor, dificultando o cuidado com a assepsia.

A capacidade da UTI da Santa Casa é de 20 bebês, mas havia 34 hoje à tarde. Há 60 leitos de UTIs neonatal na cidade destinados a pacientes do SUS.

O problema das UTIs neonatais foi evidenciado com o caso da Santa Casa de Belém (PA), hospital estadual onde 253 bebês internados de janeiro a junho deste ano morreram.

No hospital da PUC (Pontifícia Unidade Católica), um dos que sofrem reflexo da suspensão das internações na Santa Casa de Porto Alegre, as 20 vagas de UTI neonatal estavam ocupadas hoje.

A Secretaria da Saúde da capital gaúcha reconheceu o problema da superlotação, mas negou que haja crise no setor. O gerente de regulação da pasta, Luiz Vallando, atribuiu o quadro à grande procura de pacientes do interior com a chegada do inverno --período de maior incidência de doenças respiratórias. "Hoje 65% dos leitos das UTIs neonatais estão ocupados por pacientes de outras cidades", disse.

O Ministério Público diz temer um colapso no sistema. Desde 1999, a prefeitura é obrigada a pagar por leitos privados, em caso de indisponibilidade na rede pública."Estamos apurando a questão da demanda, já que a saúde de Porto Alegre também recebe recursos para atender pacientes de outras cidades", disse o promotor Miguel Velasquez.

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