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sábado, 1 de outubro de 2011

SANDRO FERNANDES O dia em que até a delegada chorou




Justiça decreta prisão preventiva de Sandro Fernandes e da mulher, que sai de ambulância da delegacia


Juliana Lobato/Agência BOM DIA Sandro Fernandes chega à delegacia para depor Sandro Fernandes chega à delegacia para depor








Sandro e Fernanda chegaram para depor por volta das 12h, acompanhados por três advogados. O depoimento dela acabou no meio da tarde. Fernanda passou mal e foi levada para o hospital. De lá, foi encaminhada para a cadeia de Avaí.

Sandro só saiu da delegacia às 22h, num camburão da polícia. Estava deitado na parte de trás do veículo, com as mãos no rosto. Foi para a cadeia de Barra Bonita, que recebe acusados de crimes sexuais.

Após os depoimentos, um dos advogados de Sandro, Ricardo  Ponzetto,  afirmou que nada do que foi denunciado pelas supostas quatro vítimas é verdade e que existe interesse financeiro nas acusações.

“É o primeiro caso em que antes da ação penal há uma ação indenizatória. Há casos em que os filhos matam os pais e há casos em que acontece isso”, afirmou.

Ponzetto, que veio de Santos para fazer a defesa, disse também que é sintomático uma das supostas vítimas, a filha de 18 anos do advogado, ter feito um curso de atriz numa das melhores escolas do país.

Por causa do segredo de Justiça, a delegada não informou quais foram os fatos que levaram às prisões. O advogado disse que o pedido foi feito “às escondidas” enquanto os dois acusados depunham. Curiosos lotam calçada para acompanhar o caso

Teve de tudo um pouco na frente da delegacia. Velhos conhecidos que foram defender Sandro Fernandes, homens que queriam bater no advogado e o chamaram de pedófilo e até pessoas conhecidas, como o jornalista Pedro Valentim e o vereador Marcelo Borges (PSDB)
Polícia chama apoio para garantir segurança

O delegado Kleber Granja, titular da Delegacia de Investigações Gerais, e a equipe de investigadores foram chamados para prestar apoio na saída de Sandro e Fernanda Um dos motivos era a grande aglomeração de pessoas
Familiares acompanham nervosos do lado de fora

A tia que cuida dos filhos do casal preso ontem e os ajudou a fazer as acusações acompanhou a saída de Fernanda Fernandes da delegacia.  Nervosa, pediu justiça e parecia indignada.

O irmão de Sandro Fernandes também foi ao local aparentando nervosismo.  Ele levou os pais para depor e saiu em velocidade com o carro que dirigia.

Na chegada para os depoimentos, os dois acusados entraram rapidamente e não falaram nada para os jornalistas de plantão.
O presidente do Tribunal de Ética da OAB-Bauru, Ailton Gimenez, acompanhou de longe a movimentação.

Ele ainda analisa o que poderá ser feito em relação a Sandro, que chegou a coordenador a Comissão de Direitos Humanos da entidade.
Caso Sandro Fernandes teria uma quinta vítima

Outro detalhe chamou atenção no início da noite de sexta A TV TEM noticiou a existência de uma possível quinta vítima de Sandro.

Como o caso agora segue em segredo de Justiça, a pedido dos advogados do casal Fernandes, não foi possível obter detalhes com a delegada ou o juiz.

Segundo o BOM DIA apurou, no entanto, uma empregada de Sandro também estaria fazendo acusações. A declaração da mulher estaria no decreto de prisão.

A defesa de Sandro negou conhecer qualquer informação sobre essa suposta quinta vítima e disse que ninguém falou sobre isso na delegacia. 

À noite, na fase final do depoimento, uma moça entrou na delegacia ao lado do delegado Kléber Granja, que não informou de quem se tratava. 













Supostas vítimas do advogado  














Delegada Priscila Alferes













Mulher de Sandro Fernandes chegando na DDM esta sexta 




Justiça decreta prisão de advogado suspeito de abusar dos filhos

Vara Criminal de Bauru acata pedido de prisão preventiva. Mulher de Sandro Fernandes também vai para a cadeia

Kelli Franco, especial para o iG | 30/09/2011 20:02



Foto: Wilian Olivato / Futura Press
O advogado Sergio Fernandes, acusado de abuso sexual contra os filhos
A Justiça de Bauru decretou na noite desta sexta-feira a prisão preventiva do advogado e assessor sindical Sandro Luiz Fernandes, de 45 anos, e de sua mulher, Fernanda Fernandes. A decisão foi divulgada enquanto os dois depunham na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Bauru, cidade a 326 quilômetros de São Paulo.
Leia também: Filha pede à Justiça que mãe seja mantida longe dela


Sandro é suspeito de atentado violento ao pudor por supostamente ter cometido abusos sexuais contra a filha, a sobrinha, a cunhada e o filho de 9 anos. A mulher de Sandro é suspeita de ter sido conivente com os abusos. A decisão foi tomada pelo juiz Jaime Ferreira Menino, da Vara Criminal de Bauru. Fernanda vai para a Cadeia Feminina de Avaí e ele para a Cadeia Pública de Barra Bonita.
Nesta sexta, Sandro e a mulher depuseram, mas ainda não se sabe o que eles disseram à polícia. No meio do depoimento, Fernanda passou mal e teve de sair de ambulância.
A Justiça já havia determinado que Sandro não se aproximasse da filha, uma estudante de Direito de 18 anos. Ontem, a mesma medida foi aplicada à mãe. A garota justificou o pedido dizendo que a mãe foi até a casa onde ela está com o irmão de nove anos e a ameaçou.
Como tudo começou


Foto: Wilian Olivato / Futura Press Ampliar
A mulher de Sérgio, Fernanda Fernandes
A filha de Sandro Fernandes relata que sofreu abusos sexuais dos 8 aos 16 anos. Atualmente, ela tem 18 anos. O mesmo aconteceu com a cunhada, que teria sofrido abusos quando tinha 10 anos. Hoje, ela também está com 18 anos. A terceira vítima, a sobrinha, teria sido abusada quando ia visitar os parentes em Bauru. A família dela mora em Curitiba e os abusos teriam acontecido quando ela tinha entre 9 e 10 anos. Atualmente, ela tem 13.
Quando Sandro viajou com a esposa em férias para a Europa, no final de agosto, a filha acabou contando para uma tia que era abusada pelo pai. Essa tia, mãe da menina de 13 anos, disse ter descoberto pouco tempo depois que a filha dela e a cunhada de Sandro também sofreram abusos. As duas meninas, já maiores de idade, decidiram, então, procurar a polícia, aproveitando a ausência do advogado.
No dia 1 de setembro foi registrado o boletim de ocorrência na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Bauru, mas tudo foi mantido em sigilo. No último dia 26, as vítimas resolveram convocar a imprensa e dar detalhes dos fatos.
“Ele só me apalpava quando eu estava dormindo. Senão ele só se exibia”, conta a cunhada. “Eu pensava que era só comigo”, completa. Ainda segundo os relatos, em nenhum momento houve penetração com as vítimas.
Quem é Sandro Fernandes
Sandro Fernandes é advogado do Sinserm (Sindicato dos Servidores Municipais) há 14 anos e do Sindicato dos Bancários de Bauru e região há 20 anos. Foi filiado ao PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) até 2008. Ele deveria ter voltado ao trabalho no sindicato dos bancários na segunda-feira, mas ligou pedindo mais alguns dias de folga. Na segunda-feira, ele já tinha sido informado sobre as acusações. Ele alegou estar em São Paulo em compromissos.
Sandro foi candidato a prefeito em 2004 e a vereador em 2000 e em 2008. Em 2008, foi o nono candidato ao Legislativo mais votado em Bauru. Só não conseguiu a vaga na Câmara dos Vereadores porque a coligação dele não conseguiu o número mínimo de votos necessário. Sandro recebeu 2.519 votos com bandeiras como o combate à corrupção.
O advogado também é dono de um conceituado escritório de advocacia na cidade, além de já ter sido membro da Comissão dos Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), subsede Bauru. O atual presidente da comissão, Gilberto Truijo, afirmou estar chocado com as acusações. A maioria das pessoas ligadas a Sandro prefere ter cautela e torcer para que as acusações não sejam verdadeiras.


"Ele é um monstro"

Advogado do interior de São Paulo acusado de ter abusado dos filhos, de uma sobrinha e da cunhada é preso, e o caso reabre debate sobre violência sexual dentro de casa

Débora Rubin

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HISTÓRICO
O advogado está impedido de se aproximar dos filhos:
ele já foi candidato a prefeito e a vereador de Bauru
Até este ano, todo agosto era um pesadelo para a filha mais velha do advogado Sandro Luiz Fernandes, 45 anos. A estudante de direito de 18 anos diz que vivia o tormento de ter que celebrar o Dia dos Pais. “Minha mãe me obrigava a abraçá-lo e dizer que eu o amava. Como eu odiava isso!”, conta a jovem, que, há um mês, denunciou o pai pelos frequentes abusos sexuais que teriam sido cometidos contra ela desde os 8 anos. Ela afirma que o que a fez quebrar o silêncio foi a descoberta de que uma prima, uma tia e até o irmão de 9 anos também seriam vítimas do advogado. “Fiquei em silêncio muito tempo por vergonha e porque minha mãe me obrigava a ficar quieta, mas não quero levar esse trauma para o resto da vida, quero justiça”, disse à ISTOÉ. Antes de depor à polícia na sexta-feira 30, o advogado negou as acusações, mas foi preso em seguida. Ele disse ser vítima de um “massacre da família” movido por interesses financeiros. A filha, autora da denúncia, pede indenização de R$ 500 mil.

Na semana passada, a delegada Priscila Bianchini de Assunção Alferes, da Delegacia de Defesa da Mulher de Bauru (SP), pediu a prisão temporária de Fernandes, que foi negada pela Justiça. O advogado, entretanto, está impedido de chegar a 100 metros de seus filhos, que estão morando com uma tia, irmã da mãe, Fernanda. Na quinta-feira 29, a mãe foi até a casa dessa irmã tentar pegar o filho mais novo. “Ela fez um escândalo, estava fora de si, tivemos que trancar a porta e uma outra tia tentou segurá-la do lado de fora”, conta a estudante. O menino se recusou a ir com a mãe. Segundo a jovem, existiria uma quinta vítima, que não é da família, mas que não quer depor na polícia.
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PESADELO
A filha de Sandro Fernandes diz que os abusos só pararam quando ela ameaçou denunciá-lo
Fernandes é uma figura conhecida em Bauru. Já se candidatou duas vezes a vereador e até concorreu à prefeitura pelo PSTU. O advogado também já fez parte da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e é funcionário do Sindicato dos Servidores Municipais de Bauru há 14 anos. Ele era respeitado por sua atuação sindical e reconhecido por defender espe­cialmente os mais necessitados da cidade. “Ele é extremamente competente no trabalho e, de madrugada, um pedófilo”, desabafa a filha. “Ele é um monstro.”

O advogado de Fernandes, Hélio Marcos Pereira Júnior, garantiu que o que está acontecendo é uma “exposição injusta e indevida” e que as acusações são improcedentes. “Ainda vai haver muitas surpresas nessa história, há muitos motivos alheios a todo esse escândalo”, disse à ISTOÉ, referindo-se justamente ao fato de Fernandes ser uma figura pública. Fernandes e sua mulher passaram a tarde da sexta-feira 30 depondo para a delegada Priscila. A mãe das crianças foi ouvida já na condição de investigada e não mais como testemunha. “Existem fortes indícios de que ela foi conivente com a situação”, disse Priscila.

A estudante de direito diz que quando tinha 11 anos contou à mãe sobre os supostos abusos que sofria do pai. “Dá uma chance para ele, filha”, foi o que diz ter ouvido. A mãe pediu que ela nunca contasse nada a nenhum parente. Ela afirma que certa vez, não aguentando mais conviver com seu algoz, gritou para os dois que os denunciaria à polícia e à imprensa. A mãe a levou para viajar e, quando elas voltaram, o pai finalmente parou de abusar dela. “Como é que uma mãe não protege seu próprio filho? Eu amo a minha mãe, mas acho que ela não me ama”, disse, chorando.
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LEI
Segundo a delegada Priscila Alferes, a mulher de Fernandes e mãe das
vítimas foi ouvida na condição de investigada, por suspeita de conivência


Pais de vida dupla – profissionais de conduta impecável no trabalho, mas que, na vida familiar e íntima, cometem abusos sexuais – ou mães que se recusam a acreditar nos filhos, ou preferem proteger o cônjuge, são mais comuns do que se imagina. “Cerca de 80% dos abusos sexuais contra crianças são cometidos por alguém com quem ela tem um vínculo familiar”, diz a psicóloga Elisabeth Vieira Gomes, especialista em prevenção à violência sexual contra crianças e adolescentes. Segundo ela, é um grande desafio detectar casos de abuso porque são muitos os perfis dos que cometem esse tipo de crime. “Por isso, é fundamental a denúncia, seja da própria vítima, seja das pessoas que estão no entorno”, diz. Há muitos sinais na criança de que ela está sofrendo abuso e quem está por perto, na família, na vizinhança ou na escola, está apto a perceber. O problema é que poucos ousam denunciar. “Existe um pacto de silêncio perigoso que coloca crianças e adolescentes em risco permanente”, diz. Às autoridades, famílias, educadores e profissionais de saúde, a psicóloga faz um alerta: “A mentira é exceção. A princípio, acredite sempre na criança que fala.”
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