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sábado, 1 de outubro de 2011

Carrefour fecha 14 lojas e investe R$ 200 mi para mudar rede




TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
Primeiro foi o rombo contábil de €$ 500 milhões que derrubou toda a diretoria.
Depois, veio a tentativa frustrada de fusão com o Pão de Açúcar, que rendeu até busca policial de documentos na matriz na França.


Há duas semanas, o Carrefour voltou ao noticiário com duas lojas fechadas em São Paulo como punição por vender produto vencido.
Desde agosto, 14 lojas consideradas "deficitárias" foram fechadas no país. Só em São Paulo, mais de mil funcionários foram dispensados, segundo o sindicato.
Para quem pergunta se o Carrefour "jogou a toalha" até a próxima oferta de compra (Walmart e o chileno Cencosud são eternos compradores), a resposta de praxe é que "não pretendem sair do Brasil", mas "estão abertos a negociações" que criem valor.
A Folha percorreu cinco lojas na Grande São Paulo --Vila Guilherme (zona norte) e Aricanduva (zona leste), que foram fechadas pelo Procon; a do Villa Lobos (zona oeste), fechada em maio por irregularidade na prefeitura; e as lojas da Anchieta (São Caetano) e de Jacu Pêssego (zona leste)-- para conversar com funcionários, clientes e observar o estado das lojas e a conservação dos alimentos.
Os funcionários pareciam bem treinados, mas desconfiados com os rumores de venda. Todas as lojas estavam limpas e bem cuidadas, mas algumas estavam vazias (era terça à tarde). A maioria dos clientes desconhecia os rumores de venda, mas ficaram sabendo do fechamento por vender produto vencido.
Diferentemente do Procon-SP, a reportagem conferiu centenas de produtos perecíveis (carnes, peixes, frios, ovos e laticínios), mas não viu nenhum produto vencido.
"É sinal de que nossa ação teve resultado. Conseguimos fechar duas lojas neste ano, mas os problemas eram de 2005 e depois houve reincidência. De lá para cá, melhorou bastante", disse Renan Ferraciolli, diretor de Fiscalização do Procon-SP.
"A gente fez uma série de coisas para melhorar", disse Luiz Fazio, novo presidente da varejista, que reforçou as equipes internas e externas (há fiscais do Carrefour à paisana que vão às lojas conferir os trabalhos) responsáveis pela conservação e higiene.
Sob o comando de Fazio, ex-diretor-geral da C&A e com passagens por Makro, Walmart e Pão de Açúcar, a varejista passa por sua maior reformulação em 36 anos.
O executivo brasileiro substituiu o francês Jean-Marc Pueyo e trocou 70% da equipe comercial. Centralizou as compras e peitou fornecedores como Danone, que ofereciam preços melhores a Pão de Açúcar e Walmart.
Pela primeira vez abriu ao segundo escalão os números até então secretos de desempenho das lojas (algumas delas fechadas). Até se reuniu com sindicalistas para explicar "o que acontece".
ATACADÃO
"Foi a primeira vez que um presidente do Carrefour se sentou com o presidente do sindicato; ele parecia confiante de que vai reverter a situação. Disse que vai abrir 20 lojas por ano do Atacadão", disse Ricardo Patah, presidente dos Comerciários.
No Brasil, a principal aposta do Carrefour é no Atacadão, que cresceu 27% no ano passado. Cinco hipermercados --Aparecida de Goiânia (GO), Campinas Dunlop (SP), Sertório (RS), Novo Hamburgo (RS) e Franca (SP)-- fecharam e vão ressurgir como Atacadão, modelo de "atacarejo" que será exportado para o mundo.
"O segredo do Atacadão é aliar preço e conveniência para quem compra volume", disse Armando Almeida, diretor-corporativo.
Apesar dos rumores de venda, o Brasil é a segunda maior operação do grupo no mundo e responde por 14% das vendas globais. Está entre as poucas filiais em expansão Ðcresceu 13%.
"Vamos investir R$ 200 milhões neste ano para `repaginar` a rede", disse Almeida.
Por "repaginação", entenda-se modernização das lojas (várias são trintonas), abertura de unidades, conversão de hipermercados em Atacadão e a novidade: introdução de "lounges" inspirados na rede Planet francesa.
ESPAÇOS TEMÁTICOS
Mais que os brasileiros, os franceses estão cansados dos hipermercados gigantes, com quilômetros de corredores, e agora gostam de espaços temáticos de conveniência para compra e degustação de vinhos, queijos, orgânicos, produto de beleza (com até cabeleireiro), espaço baby (com área para amamentar) etc.
"O varejo muda e a novidade é parte do jogo. Estamos preparando o supermercado daqui a 20 anos."

26/09/2011 - 19h11

Fundo do Qatar ofereceu US$ 1 bi para Pão de Açúcar-Carrefour


DA REUTERS, EM SÃO PAULO
O fundo soberano do Qatar se dispôs a participar da operação frustrada de união entre Pão de Açúcar e Carrefour no Brasil, afirmou nesta segunda-feira o sócio do BTG Pactual, Cláudio Galeazzi.
Segundo ele, o BTG Pactual --que estruturou a oferta de fusão entre a varejista do empresário Abílio Diniz e a unidade brasileira do Carrefour-- saiu em roadshow para apresentar o negócio a investidores estrangeiros e a acionistas minoritários do Pão de Açúcar após a saída do BNDES da proposta.
No final de junho, em uma complexa proposta orquestrada por Diniz, o BTG apresentou um plano para unir os ativos das varejistas.
Pelo desenho da operação, estava prevista a entrada do BNDESPar, braço de participações do BNDES, e do próprio BTG, com aporte de até 1,7 bilhão de euros e 800 milhões de euros, respectivamente.
Diante da incisiva oposição ao negócio pelo Casino, sócio francês do Pão de Açúcar que deve assumir o controle do grupo brasileiro em meados de 2012, o BNDES cancelou seu apoio à proposta e Diniz acabou desistindo da operação.
Galeazzi defendeu Diniz das acusações do Casino de que teria negociado às escondidas com o Carrefour. Segundo ele, houve exagero por parte do presidente-executivo do Casino, Jean-Charles Naouri.
"Naouri teve uma reação muito acima da que seria razoável. A posição dele sempre foi de que o Carrefour estava tão mal que seria adquirido aos pedaços", disse Galeazzi durante evento em São Paulo.
Questionado durante palestra se ainda havia disposição para dar prosseguimento à operação entre Pão de Açúcar e Carrefour Brasil, ele respondeu que não comentaria o assunto. Galeazzi não falou com a imprensa após a palestra.









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