FACULDADE DE DIREITO DA USP PROTAGONIZA ATO INÉDITO DE VIOLÊNCIA IDEOLÓGICA.
Um
ato de violência asqueroso foi cometido ontem na Faculdade de Direito
da USP contra o ex-diretor e atual reitor da universidade, o competente
João Grandino Rodas. A congregação da São Francisco, incitada por
Antonio Magalhães Gomes Filho, atual diretor, aprovou uma moção
declarando Rodas “persona non grata”, conforme proposta feita pelo
notório professor Sérgio Salomão Shecaira, de quem já falei algumas
vezes neste blog (e a quem voltarei). O reitor tem um grande defeito
para a militância: é competente e não é um desses que ficam fazendo
discurso esquerdopata só para ser simpático.
O Estadão
traz a história na edição de hoje, contada, visivelmente, segundo a
ótica dos inimigos do reitor. Carlos Lordelo, que assina o texto, chega a
se referir a uma “autorização dada em 2007 por Rodas, então diretor,
para que policiais entrassem no local para prender grevistas.” Isso
nunca aconteceu. Basta ler o arquivo do Estadão. A faculdade tinha sido
invadida por representantes do MST, da UNE, dos sem-teto e outros
movimentos numa tal “Jornada da Educação”. Era gente estranha à
instituição, não alunos “grevistas”. Ninguém foi preso. Em editorial, o
jornal classificou a ação de “exemplar”.
Gomes Filho
sucedeu Rodas na direção e decidiu desconstruir a gestão anterior. A
lista da birra — que é ideológica — é grande. Os dois entraram em
confronto. Até aí, é péssimo, mas vá lá. Ocorre que o atual diretor
decidiu recorrer à galera, às massas. Acha que, se estiver em maioria —
ao menos a maioria da minoria barulhenta —, então é porque tem razão.
Rodas, vejam que homem mau!, modernizou o currículo da São Francisco,
contratou professores e diminuiu o número de alunos por sala. Isso
obrigou a que parte do acervo da biblioteca — apenas parte — tivesse de
ser transferido para um prédio anexo, abrindo espaço aos estudantes. Seu
sucessor reverteu a decisão.
Rodas, a
exemplo do que se faz nas principais universidades do mundo, decidiu
reformar duas salas especiais com recursos vindos de doadores: o
advogado Pinheiro Neto e a família de Pedro Conde, ambos ex-alunos da
escola. A contrapartida seria batizá-las com seus respectivos nomes. A
decisão foi revertida. A reitoria da USP determinou a suspensão de
salário de funcionários grevistas. Gomes Filho mandou pagar. Vale dizer:
Rodas fez a São Francisco andar para a frente; seu sucessor, para trás.
A violência e a demagogia
Rodas expôs num relatório os problemas; o diretor respondeu. Desagradável? Sim, mas vá lá. O que se deu ontem, no entanto, ultrapassa todos os limites do aceitável. Por sugestão do professor Shecaira — volto a ele daqui a pouco —, a congregação aprovou uma moção declarando o reitor, ex-aluno e ex-diretor da escola (que fez por ela o que sucessivas gestões não conseguiam fazer), “persona non grata”. Isso quer dizer que eles não aceitam mais que ele pise da faculdade que, em última instância, dirige. Reuniram-se numa espécie de “Comuna da São Francisco” para declarar a sua independência.
Rodas expôs num relatório os problemas; o diretor respondeu. Desagradável? Sim, mas vá lá. O que se deu ontem, no entanto, ultrapassa todos os limites do aceitável. Por sugestão do professor Shecaira — volto a ele daqui a pouco —, a congregação aprovou uma moção declarando o reitor, ex-aluno e ex-diretor da escola (que fez por ela o que sucessivas gestões não conseguiam fazer), “persona non grata”. Isso quer dizer que eles não aceitam mais que ele pise da faculdade que, em última instância, dirige. Reuniram-se numa espécie de “Comuna da São Francisco” para declarar a sua independência.
Abusando da
retórica supostamente condoreira, que iria bem nas arcadas, mas que é só
vulgaridade demagógica, o que é péssimo, bradou Gomes Filho:
“Declaramos persona non grata um diretor que fez a polícia invadir a
Faculdade de Direito”. Invadir uma ova! Isso na boca de um especialista
em direito é um absurdo! Uma universidade é autônoma, mas não é um país
independente. As leis continuam a valer ali dentro, especialmente numa
faculdade de direito. Invasores eram os grupos estranhos à instituição
que a tomaram e impediam o seu funcionamento. E o homem seguiu adiante:
“Como é que na República existe uma autoridade que nem é eleita, é
escolhida — e a gente sabe como ele foi escolhido — e se julga nessa
condição?” A lei faculta ao governador de Estado escolher o reitor. O
diretor daquela que já foi a faculdade de direito mais importante do
país não reconhece o império da lei? E o que quis dizer com “a gente
sabe com ele foi escolhido”? A rigor, o governador nomeia quem quiser. A
praxe é receber uma lista tríplice. José Serra escolheu Rodas, que era o
segundo.
Encantado
com suas próprias tolices, o diretor comparou a gestão de Rodas à
ditadura militar e convidou os alunos a cantar a música “Apesar de
Você”, de Chico Buarque. A isso chegamos! Acho que já está bem
caracterizado, até aqui, quem é Rodas e quem é Gomes Filho. De fato, nem
na ditadura a São Francisco declarou alguém “persona non grata”. Quem
são mesmo os ditadores de hoje?
Campanha ilegal em favor do PT
O problema dessa gente toda com Rodas é que ele não é petista. E a prática dos petistas é a eliminação do adversário, nem que seja por meio de um simbolismo — como declará-la persona non grata. Magalhães permitiu, no ano passado, que a Faculdade de Direito da USP fosse usada num ato em favor da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência. Uma das estrelas do evento foi justamente o professor Shecaira, que ontem se referiu à moção contra Rodas nos seguintes termos: “Hoje é um dia memorável. Tive o tesão de propor à congregação que essa prerrogativa de persona non grata fosse dada ao Rodas.”
O problema dessa gente toda com Rodas é que ele não é petista. E a prática dos petistas é a eliminação do adversário, nem que seja por meio de um simbolismo — como declará-la persona non grata. Magalhães permitiu, no ano passado, que a Faculdade de Direito da USP fosse usada num ato em favor da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência. Uma das estrelas do evento foi justamente o professor Shecaira, que ontem se referiu à moção contra Rodas nos seguintes termos: “Hoje é um dia memorável. Tive o tesão de propor à congregação que essa prerrogativa de persona non grata fosse dada ao Rodas.”
Entenderam?
Ele teve “tesão”! Essa é a linguagem que certos professores passaram a
falar na São Francisco. Um esquerdista tendo “tesão” de agredir um
inimigo? Eu não duvido disso, não! Aliás, eu acho que ele estava mesmo
falando a verdade. Terá seu terno saído intacto? No próximo post, trato
daquela patuscada.
Como vocês
lerão — ou se lembrarão —, a faculdade impediu Helio Bicudo de ler um
Manifesto em Defesa da Democracia nas dependências da instituição. Teve
de fazê-lo na rua, do lado de fora. Nem mesmo um mísero aparelho de som
lhe foi cedido. Dias depois, Shecaira comandou, de dentro da São
Francisco, CONTRARIANDO A LEI, um ato de apoio a Dilma.
Eis aí essa gente na sua inteireza: aos amigos, tudo, menos a lei. Aos inimigos, nada; nem a lei!
Por Reinaldo Azevedo
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