em três unidades de saúde em Caxias. Sem conseguir, volta para casa
Victor Gabriel ainda não nasceu, mas já enfrenta, com a mãe, uma luta pela vida. Aos nove meses de gestação, a dona de casa Natália Destefani Silva, de 24 anos, vive um martírio e tenta há mais de 48 horas atendimento para as dores que começou a sentir na madrugada de segunda-feira, véspera da data limite para o parto. Após percorrer três hospitais — um deles por três vezes — Natália voltou para casa com o filho ainda na barriga, em Jardim Gramacho, Caxias.
Desde o início da gestação, Natália diz sofrer com dores no peito, nas costas e dormência nos braços. No Hospital Municipal Maternidade Xerém, onde fez o pré-natal, foi aconselhada a procurar um cardiologista, já que não havia um profissional na unidade.
— Mas na madrugada de segunda-feira, a dor era diferente, era como se estivessem empurrando o bebê para baixo — contou ela.
As dores preocuparam Natália. Ela esperou o dia amanhecer e partiu para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, o Hospital de Saracuruna, pensando que voltaria com o pequeno Victor nos braços. A notícia que recebeu, no entanto, mudou os planos.
— Como faço meu pré-natal em Xerém, eles disseram que deveriam me atender lá.
Natália entrou novamente no carro emprestado pelo cunhado e seguiu com o marido para Xerém. Lá, foi informada que a maternidade não tinha estrutura para o seu caso.
Segundo Natália, a médica que a atendeu disse que ela só seria internada se um clínico atestasse que ela poderia ser atendida numa maternidade de baixo risco. A conversa foi gravada: "Não posso internar uma pessoa que está sentindo uma dor relacionada ao coração num hospital que não tem recurso nenhum".
De volta ao Saracuruna, ela foi finalmente examinada. Após a aplicação de medicação na veia, as dores cessaram, mas ela não foi internada.
— Mandaram eu voltar só quando a bolsa estourasse.
A via-crúcis de Natália por atendimento em Caxias:
Dor na madrugada - Grávida de nove meses, Natália sente fortes dores, às 4h de segunda-feira. Ela diz que era como se algo empurrasse o bebê para baixo.
Busca por ajuda - Às 6h, ela sai de casa, no Jardim Gramacho, e segue para Saracuruna.
Saracuruna 1 - Às 7h, chega ao Hospital de Saracuruna, mas é orientada a procurar o hospital onde faz o pré-natal.
Xerém - Às 9h, chega ao Hospital Municipal Maternidade Xerém, onde a médica diz que ela não pode ser internada numa maternidade de baixo risco.
Saracuruna 2 - Por volta de 11h, retorna ao Hospital de Saracuruna, onde é examinada e medicada. A dor passa. A médica diz que ela deve voltar quando a bolsa estourar. Ela não sente mais dores na segunda-feira.
Dor no peito - Na terça-feira, Natália sente uma dor forte no peito.
Moacyr do Carmo - Às 19h, vai para o Hospital Moacyr do Carmo, onde é encaminhada novamente para o Saracuruna.
Saracuruna 3 - Às 20h15m, a médica diz que está tudo normal e pede que Natália procure um cardiologista, mas não há.
Retorno - Grávida de nove meses e com dores no peito, Natália volta para casa às 21h.
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