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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

SUS: Grávida de 9 meses passa 48 horas tentando atendimento médico


em três unidades de saúde em Caxias. Sem conseguir, volta para casa

Grávida de nove meses, Natalia não conseguiu atendimento médico, apesar de ter procurado três unidades de saúde em Caxias. Foto: Cléber Júnior
Citnia Cruz

Victor Gabriel ainda não nasceu, mas já enfrenta, com a mãe, uma luta pela vida. Aos nove meses de gestação, a dona de casa Natália Destefani Silva, de 24 anos, vive um martírio e tenta há mais de 48 horas atendimento para as dores que começou a sentir na madrugada de segunda-feira, véspera da data limite para o parto. Após percorrer três hospitais — um deles por três vezes — Natália voltou para casa com o filho ainda na barriga, em Jardim Gramacho, Caxias.

Desde o início da gestação, Natália diz sofrer com dores no peito, nas costas e dormência nos braços. No Hospital Municipal Maternidade Xerém, onde fez o pré-natal, foi aconselhada a procurar um cardiologista, já que não havia um profissional na unidade.

— Mas na madrugada de segunda-feira, a dor era diferente, era como se estivessem empurrando o bebê para baixo — contou ela.

As dores preocuparam Natália. Ela esperou o dia amanhecer e partiu para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, o Hospital de Saracuruna, pensando que voltaria com o pequeno Victor nos braços. A notícia que recebeu, no entanto, mudou os planos.

— Como faço meu pré-natal em Xerém, eles disseram que deveriam me atender lá.

Natália entrou novamente no carro emprestado pelo cunhado e seguiu com o marido para Xerém. Lá, foi informada que a maternidade não tinha estrutura para o seu caso.

Segundo Natália, a médica que a atendeu disse que ela só seria internada se um clínico atestasse que ela poderia ser atendida numa maternidade de baixo risco. A conversa foi gravada: "Não posso internar uma pessoa que está sentindo uma dor relacionada ao coração num hospital que não tem recurso nenhum".

De volta ao Saracuruna, ela foi finalmente examinada. Após a aplicação de medicação na veia, as dores cessaram, mas ela não foi internada.

— Mandaram eu voltar só quando a bolsa estourasse.

A via-crúcis de Natália por atendimento em Caxias:

Dor na madrugada - Grávida de nove meses, Natália sente fortes dores, às 4h de segunda-feira. Ela diz que era como se algo empurrasse o bebê para baixo.

Busca por ajuda - Às 6h, ela sai de casa, no Jardim Gramacho, e segue para Saracuruna.

Saracuruna 1 - Às 7h, chega ao Hospital de Saracuruna, mas é orientada a procurar o hospital onde faz o pré-natal.

Xerém - Às 9h, chega ao Hospital Municipal Maternidade Xerém, onde a médica diz que ela não pode ser internada numa maternidade de baixo risco.

Saracuruna 2 - Por volta de 11h, retorna ao Hospital de Saracuruna, onde é examinada e medicada. A dor passa. A médica diz que ela deve voltar quando a bolsa estourar. Ela não sente mais dores na segunda-feira.

Dor no peito - Na terça-feira, Natália sente uma dor forte no peito.

Moacyr do Carmo - Às 19h, vai para o Hospital Moacyr do Carmo, onde é encaminhada novamente para o Saracuruna.

Saracuruna 3 - Às 20h15m, a médica diz que está tudo normal e pede que Natália procure um cardiologista, mas não há.

Retorno - Grávida de nove meses e com dores no peito, Natália volta para casa às 21h.







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