Governo e PMDB minimizam fragilidade do ministro diante de escândalo
A ministra Ideli Salvatti (Celso Junior/AE)
Apesar de ter o ministério que comanda devassado pela Operação Voucher da Polícia Federal, que investigou contratos com empresas fantasma, o titular do Turismo, Pedro Novais, tem recebido o aval do governo para permanecer no cargo. Nesta terça-feira, após a cerimônia de posse do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, foi a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, quem reforçou a garantia de que Novais continuará onde está.
Segundo Ideli, Pedro Novais tem respondido devidamente aos questionamentos feitos a ele no Congresso Nacional. “Ele tem ido a eventos, respondido de forma muito tranquila, fez adequações de equipe, disse que é ministro enquanto a presidente assim desejar, enquanto tiver apoio e enquanto a saúde dele permitir”, comentou a ministra. “Eu particularmente entendo que a permanência do ministro Pedro Novais está dada”.
Pesam ainda contra Pedro Novais denúncias feitas pelo jornal Folha de S.Paulo de que, quando era deputado, ele teria assinado uma emenda parlamentar que destinou 1 milhão de reais do Turismo para uma empresa de fachada criar obras em uma cidade do Maranhão sem a menor vocação turística.
Entre os parlamentares do PMDB, há um grupo que defende a queda de Novais. No entanto, os líderes do partido têm feito de tudo para minimizar a fragilidade do ministro. Nesta segunda-feira, o líder da bancada na Câmara, Henrique Eduardo Alves, já havia defendido o ministro. “Ele está exercendo normalmente sua tarefa de ministro, esteve na Câmara por espontânea vontade. Não entendo por que questionam isso”, afirmou. “Ele é um deputado indicado pela bancada. Enquanto a maioria da bancada não retirar esse apoio, não é o caso de discutir isso”, acrescentou Valdir Raupp.
Rebeldia - Enquanto lida com a fragilidade do ministro, o PMDB enfrenta ainda a rebeldia interna. Na noite de segunda, o vice-presidente, Michel Temer, recebeu em seu gabinete um grupo de deputados dissidentes que reclamavam por não serem ouvidos nas decisões da legenda. O caso completa a crise interna iniciada quando peemedebistas ajudaram a obstruir a pauta de votação da Câmara por causa da demora do governo em liberar emendas parlamentares.
O caso provocou uma reação do Palácio do Planalto. Além de Ideli Salvatti reforçar as conversas com as bancadas, a própria presidente marcou reuniões com os líderes dos partidos aliados. Na noite desta terça, Dilma jantará com todos os 79 deputados e 20 senadores do PMDB na residência oficial de Michel Temer. Questionada sobre o racha existente no PMDB, Ideli Salvatti ironizou: “O nome já diz tudo, é partido”.
Ideli considerou preocupantes as dissidências partidárias que afetam também o PP. Nesta semana, reportagem de VEJA mostra que o ministro das Cidades, Mário Negromonte, articulou um mensalão dentro do partido em troca de apoio político de seus correligionários. “Temos todo respeito pelas questões internas dos partidos. Nossa única preocupação é fazer com que a atuação das bancadas seja unitária e que permita as votações com tranquilidade no Congresso”, comentou. “Não interferimos e ficamos um pouco preocupados e aguardando que a tensão se resolva o mais rápido possível”.
Novais e a indicação de Frederico
A declaração de Pedro Novais assumindo a paternidade da indicação de Frederico Costa para a Secretaria-Executiva do Turismo é a maior mágoa da ala do PMDB que defende a saída de Novais da pasta. Diz um deputado peemedebista:
- Novais errou em assumir a criança. A orientação era jogar a indicação no colo do PT, no colo do Barreto (ex-ministro do Turismo Luiz Barreto).
Novais assumiu Frederico em depoimento na Câmara. Hoje, no Senado, ele mudou discurso e ligou Frederico a gestões passadas.
Sobre Novais, aliás, outro deputado do PMDB justifica o motivo para a demissão.
- Ministro a gente escolhe para melhorar a imagem do partido. Quando a imagem começa a piorar…
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