[Valid Atom 1.0]

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Cortando o mal pela raiz



É profundamente lamentável que brasileiros se disponham a participar em massa de uma marcha GLBTS ou em defesa da maconha, até mesmo de um jogo de futebol e um desfile de carnaval, e não se manifestem com a mesma paixão em casos de corrupção pública.

Flagramos essa contradição aqui, no Paraná, no auge das revelações do escândalo na Assembleia Legislativa. Dias depois da mobilização, em Curitiba, muito aquém das expectativas, apesar de chamamento diário da população pela imprensa, houve uma dessas marchas exóticas, na cidade, reunindo número bem mais expressivo de pessoas. Inacreditável!

Apatia, alienação, desinformação, inversão de valores, falta de clareza nos ideais e de maturidade cívica, infantilismo político... A crítica passa por aí. É o que diriam povos mais escolados, que mantêm seus governos e gestores sob vigilância permanente e por pequenos deslizes estão sempre dispostos a sair às ruas, brandindo palavras de ordem, cobrando definições.

Sociólogos e historiadores há muito demonstram que reside aí um dos núcleos do nosso atraso, que até tentamos superar, mas por meios externos e formais – legislações (a reforma política é um exemplo) -, quando a transformação decisiva deve vir de dentro, das mentes e corações.

Romantismo? A alma nacional se interessando mais pelas coisas da comunidade, teremos lideranças mais comprometidas e menos corrupção; e, em casos de escorregões, reações populares veementes. A análise poderia prosseguir apontando a educação como fonte de uma nação mais participativa.

A mobilização esperável diante de tantos fatos escabrosos seria apenas contraponto ao trabalho da imprensa, que, felizmente, vem cumprindo seu papel social, correndo atrás das informações, apurando e divulgando as maracutaias; também das operações que a Polícia Federal vêm fazendo, desbaratando esquemas e quadrilhas, e do esforço do Ministério Público para levar processos até o fim, punindo os culpados.

Quem também vem fazendo a sua parte é a presidente Dilma Rousseff, surpreendentemente, pois nunca foi postura do seu partido, o PT, enquanto poder. A limpeza que a presidente vem fazendo em seus escalões não é apenas uma satisfação à sociedade, mas ação necessária para governar com credibilidade cercada de gente confiável e capaz.

Não é por ser de coalizão que um governo deve tolerar agentes corruptos em seu meio.

Diferentemente do padrinho, que preferia o desgaste à decisão rápida e firme, Dilma vem cortando o mal pela raiz. Se faxina tivesse sido iniciada há oito anos, o mal talvez não tivesse se alastrado pelos ministérios.

O ex-presidente Lula consagrou um estilo ambíguo de lidar com desvios de conduta, tolerando escândalos e personagens denunciados; logo, sendo conivente.

Se oferecer dinheiro a parlamentares em troca da aprovação de projetos e emendas é aceitável, então o que é inadmissível, ilegal? O mensalão, que o ex-presidente negou desde o princípio, é o pior exemplo da frouxidão lulista em relação a desmandos com a coisa pública.



Paulo Caetano
Contador, empresário da contabilidade e presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná (CRC-PR)








LAST

Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters

Nenhum comentário: