Muito barulho – O desembarque da petista Ideli Salvatti na Secretaria de Relações Institucionais parece não ter amainado a rebelião silenciosa que toma conta do PMDB. Escolhida para pela presidente Dilma Vana Rousseff para substituir o companheiro Luiz Sérgio Nóbrega (PT-RJ) no comando das articulações políticas, Ideli enfrentará na terça-feira verdadeira prova de fogo. Por mais que seus ex-colegas de Senado tenham lhe dispensado loas, a nova ministra deixou na Casa lembrança nada agradável. A de ser um “trator” ao defender os interesses do Palácio do Planalto.
Na terça-feira (28), Ideli Salvatti tentará a todo custo salvar a pele do ministro Aloizio Mercadante (PT-SP), de Ciência e Tecnologia, que durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado certamente terá de explicar seu envolvimento no escândalo do Dossiê Cuiabá, cujos operadores foram chamados de “aloprados” pelo então presidente Luiz Inácio da Silva. O irrevogável Mercadante, que na Comissão debaterá sobre o tema “Economia e competitividade: a importância da inovação”, não terá como escapar do veneno oposicionista, que tenta estocar o Palácio do Planalto a qualquer custo.
Cada vez mais ávidos por cargos, o PMDB não tem perdido uma oportunidade sequer para pleitear cargos nos escalões inferiores da máquina federal. Presidente do Senado Federal, o experiente José Sarney disse, sem citar nomes, que “cada um [deve] se explicar naquilo que for acusado”. “Acho que a melhor formula é de cada um [Mercadante e Ideli] se explicar naquilo que for acusado. Não acho que deva haver restrição de nenhuma maneira para que a pessoa possa explicar. Se agiu corretamente, não há o porquê de não fornecer as explicações que o Congresso pede”, declarou o caudilho maranhense que se elegeu senador pelo PMDB do Amapá.
Conjunto de documentos apócrifos, o Dossiê Cuiabá foi a arma eleitoreira encontrada pelo PT para turbinar a candidatura de Aloizio Mercadante ao governo paulista, em 2006, e comprometer a de José Serra, que na corrida ao Palácio dos Bandeirantes acabou vencedor. Ao mesmo tempo, o golpe serviu para interromper o avanço de Geraldo Alckmin, que à época disputou contra Lula da Silva o direito de se instalar no Palácio dos Bandeirantes. A Polícia Federal entrou em ação e acabou prendendo, em um flat da capital paulista, alguns dos integrantes do esquema, que portavam R$ 1,7 milhão em espécie, dinheiro que, segundo depoimentos, seria usado no pagamento dos documentos.
Há nesse episódio que reacendeu nos últimos dias dois detalhes que merecem destaque. O primeiro deles se refere ao fato de até hoje o PT não ter esclarecido a origem do dinheiro apreendido pela Polícia Federal. O outro é que causa estranheza a declaração de José Sarney, pois o povo brasileiro continua aguardando uma explicação do presidente do Congresso Nacional a respeito dos bisonhos atos secretos, que, como esperado, acabaram na vala do esquecimento.
Para complicar a situação, os senadores peemedebistas Renan Calheiros e Romero Jucá, líderes do PMDB e do governo, respectivamente, não suportam o petista Aloizio Mercadante, que durante sua passagem pelo Senado Federal abusou da soberba.
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