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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Lideranças dos bombeiros do Rio dizem que reajuste é tentativa de "calar a boca"


Hanrrikson de Andrade
Especial para o UOL Notícias
No Rio de Janeiro

A notícia sobre a antecipação do reajuste de 5,58% para as classes da segurança pública do Rio de Janeiro, entre as quais a do Corpo de Bombeiros, causou ainda mais revolta entre os militares que estão acampados há cinco dias em frente à Assembleia Legislativa, no centro da cidade, para protestar contra a prisão de 439 bombeiros depois da invasão do quartel general da categoria no último sábado (4). Sob forte chuva, os bombeiros realizam na noite desta quinta-feira (9) uma espécie de comício com cerca de 70 manifestantes.

Segundo as lideranças do movimento S.O.S Bombeiros, o aumento salarial anunciado hoje pelo governo estadual é uma tentativa de "calar a boca" dos soldados do CBMERJ (Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro), que não aceitam negociar enquanto a Justiça Militar não liberar os 439 presos.

"Não vamos trocar a liberdade dos nossos companheiros por dinheiro algum. Seria melhor que o governador Sérgio Cabral tivesse ficado quieto. Rejeitamos terminantemente esse aumento salarial e não vamos negociar enquanto nossos heróis estiverem presos. Não somos mercenários", afirmou o cabo Oliveira, um dos líderes do movimento.


Segundo os militares, ainda que o governo estadual determine um reajuste de piso salarial acima das cobranças da categoria, os bombeiros prometem rejeitá-lo em solidariedade aos colegas presos no quartel de Jurujuba, em Niterói, na região metropolitana.

"Nem que o Cabral determine 100% de reajuste agora e mais 100% até 2014, como aconteceu em Minas Gerais, nós não aceitaremos. Não há negociação. Em primeiro lugar, governador, solte nossos heróis!", exclamou Oliveira.

De acordo com o S.O.S Bombeiros, como forma de punição, o comando do Corpo dos Bombeiros está transferindo alguns dos manifestantes. Segundo eles, o próprio cabo Oliveira, líder do segmento, foi realocado para o quartel central da corporação, no centro da cidade, para a unidade de Irajá, na zona norte.

Piso vai a R$ 1.275

Segundo o comandante-geral da corporação, Sérgio Simões, o reajuste salarial de 5,58% para o Corpo de Bombeiros "é a possibilidade para esse momento". Os cálculos foram feitos pela Secretaria Estadual de Planejamento, mas Simões se comprometeu a continuar dialogando na tentativa de conseguir novos aumentos até o fim do ano.

O reajuste constará no contracheque dos militares a partir de agosto, retroativamente. A partir do segundo semestre, um soldado que ingressar na corporação receberá o mínimo de R$ 1.275 (sem dependentes) e R$ 1.496 (com dependentes). Antes, eles recebiam piso de R$ 1.187 (sem dependentes) e R$ 1.414 (com dependentes).

O comandante explicou que o reajuste já estava previsto para a categoria e aconteceria gradativamente até dezembro deste ano, porém a revolta dos militares e a invasão ao quartel da corporação influenciaram o adiantamento. A partir de janeiro do ano que vem, o programa de recomposição salarial retornará ao habitual.

"Essa é uma demonstração clara de que o governo está aberto ao diálogo. O fato de o governo ter se mobilizado para antecipar o percentual de aumento é uma demonstração de boa vontade e preocupação. O governo tem seus conceitos e seus limites de orçamento, além de questões relacionadas a responsabilidade fiscal", afirmou.

O aumento já foi notificado pelo governador aos parlamentares da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

A decisão, amparada pelas leis 5.767 e 5.768 (ambas de 2010), sai depois de quase uma semana ininterrupta de protestos dos militares, que ganharam o apoio de outros setores da segurança pública do Rio e, em geral, da sociedade.

O impacto econômico do reajuste será de R$ 323 milhões, segundo Cabral.







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