26/05/2011
Folha de S.Paulo
O Ministério Público Estadual chegou a pedir a prisão do empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, investigado por suspeita de participar do esquema de desvios da Prefeitura de Campinas, no interior de São Paulo, mas o juiz Nelson Augusto Bernardes solicitou mais informações para atender o pedido da Promotoria.
Bumlai é integrante desde 2003 do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência e tem um primo com ligações empresariais com os filhos de Lula.
O juiz que cuida do caso rebateu as críticas do PT de que o Ministério Público teria politizado a investigação. "As pessoas respondem pelos seus atos e ficam preocupadas na medida de suas responsabilidades", disse.
Dois filhos do ex-presidente Lula, Fábio Luís e Luis Cláudio Lula da Silva, montaram uma empresa em agosto do ano passado no escritório de Glaucos Costamarques, primo de José Carlos Bumlai.
Costamarques é dono da Bilmaker 600, do ramo de importação e exportação de produtos diversos, de acordo com registro feito na Junta Comercial.
Ele afirmou que o escritório foi emprestado para abrir a LLCS Participações, dos filhos de Lula, mas que o projeto não vingou. "Essa firma já fechou. O Luís [Cláudio] estava com um negócio na parte esportiva e não queria arriscar alugar imóvel [...] De fato [o negócio] não deu certo.
Luís Cláudio e Costamarques tinham até fevereiro dois sócios em comum nos seus negócios: Fábio Tsukamoto e Otávio Ramos.
Luís Cláudio é sócio da LFT Marketing Esportivo e participava da ZLT 500 Sports até o mês de março.
A Promotoria investiga a suspeita de que Bumlai seria distribuidor de propina de empresas beneficiadas por contratos públicos na Prefeitura de Campinas.
Procurados, os filhos de Lula não foram localizados ontem pela reportagem.
24/05/2011
às 4:53Campinas 2 - O “Homem do Barba” tinha acesso livre ao Palácio do Planalto “em qualquer tempo e qualquer circunstância”
José Carlos Bumlai, o homem que aparece agora nos rolos de Campinas, é um amigo do peito do presidente. Era a única pessoa que podia chegar ao Palácio do Planalto sem aviso prévio. Em fevereiro, Rodrigo Rangel e Daniel Pereira deram notícias de Bumlai numa longa reportagem na VEJA. Leiam trechos.
O senhor da foto acima se chama José Carlos Bumlai. É um dos maiores pecuaristas do país, amigo do peito do ex-presidente Lula e especialista na arte de fazer dinheiro — inclusive em empreendimentos custeados com recursos públicos. Até o ano passado, ele tinha trânsito livre no Palácio do Planalto e gozava de um privilégio sonegado à maioria dos ministros: acesso irrestrito ao gabinete presidencial. Essa aproximação excepcional com o poder credenciou o pecuarista a realizar algumas missões oficiais importantes. Ele foi encarregado, por exemplo, de montar um consórcio de empresas para disputar o leilão de construção da hidrelétrica de Belo Monte, uma obra prioritária do governo federal, orçada em 25 bilhões de reais. Bumlai não só formou o consórcio - integrado pela Chesf e pelas empreiteiras Queiroz Galvão, Gaia e Contem, estas duas últimas ligadas ao Grupo Bertin, um gigante do setor de carnes - como venceu o leilão para construir aquela que será a terceira maior hidrelétrica do mundo. O homem das missões impossíveis, porém, se transformou num problema constrangedor.
(…)
Ele gosta de contar a amigos que, certa vez, durante um sonho, uma voz lhe disse para se aproximar do então candidato Lula. Na campanha de 2002, por meio do ex-governador Zeca do PT, Bumlai conheceu o futuro presidente e cedeu uma de suas fazendas para a gravação do programa eleitoral. São amigos desde então. Seus filhos também se tornaram amigos dos filhos de Lula. Amizade daquelas que dispensam formalidades, como avisar antes de uma visita, mesmo se a visita for ao local de trabalho. Em 2008, após saber que o serviço de segurança impusera dificuldades à entrada do pecuarista no Planalto, o presidente ordenou que fosse fixado um cartaz com a foto de Bumlai na recepção do palácio para que o constrangimento não se repetisse. O pecuarista, dizia o cartaz com timbre do Gabinete de Segurança Institucional, estava autorizado a entrar “em qualquer tempo e qualquer circunstância”.
Voltei
Lendo a reportagem, vocês verão que o amigão de Lula, com acesso livre ao Palácio do Planalto, foi diversificando seus interesses. No caso de Belo Monte, informa a revista:
“O que era para ser uma missão de interesse exclusivamente público começou a derivar para o lado oposto. O governo descobriu que o pecuarista estava usando a influência e o acesso consentido ao palácio para fazer negócios privados. O Planalto foi informado de que Bumlai, por conta própria, estaria intermediando a compra de turbinas para a usina de Belo Monte com um grupo de chineses. A orientação do governo era exatamente contrária: em vez de importar peças, elas deveriam ser produzidas no Brasil, para criar empregos aqui.”
A reportagem informa que o negócio com os chineses foi abortado e que o atual governo cassou o livre acesso de Bumlai ao Planalto e aos ministérios. Um ministro afirma:
“Em diversas ocasiões, Bumlai trabalhou em nome do ‘Barba’. Mas também usou o nome do ‘Barba’ sem que o ‘Barba’ tivesse autorizado”.
O “Barba”, por metonímia, é o Apedeuta por epíteto… Em fevereiro, o grupo Bertin caiu fora de Belo Monte. O BNDES não aceitou as garantias oferecidas para conceder o empréstimo. Mas o amigão de Lula sempre contou com a generosidade do banco oficial. Informa a VEJA:
“Até pouco tempo atrás, o BNDES estava longe de ser um entrave para os planos de Bumlai. Alguns dos maiores negócios dos quais participou tiveram financiamento do banco. É o caso da Usina São Fernando, em Mato Grosso do Sul. Em 2008, o BNDES aprovou um financiamento de cerca de 300 milhões de reais para a usina. No papel, o empreendimento tem como proprietários os filhos de José Carlos Bumlai e o Grupo Bertin. A sociedade Bertin/Bumlai também é proprietária de um jato Citation, já utilizado algumas vezes pelos filhos do ex-presidente Lula, e de um apartamento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, que recebeu o ex-presidente e a família no Carnaval de 2009.”
Bumlai conseguiu, entre outras proezas, vender uma fazenda para o Incra com um sobrepreço, acusa o Ministério Público, de quase R$ 8 milhões. Empreiteiras reclamam da sua interferência na Petrobras… E vai por aí. Vejam esta imagem:
É o cartaz que Lula mandara afixar na portaria do Palácio do Planalto dando acesso irrestrito a seu “amigo”. Os termos são inequívocos:
“O sr. José Carlos Bumlai deverá ter prioridade de atendimento na portaria Principal do Palácio do Planalto, devendo ser encaminhado ao local de destino, após prévio contato telefônico, em qualquer tempo e qualquer circunstância”.
Convenham: nem Marisa Letícia podia tanto! Esse é o tipo de licença que não se concede nem a um testa-de-ferro!
Por isso eles amam tanto um “estado forte”! Porque, num estado forte, a República costuma ser fraca!
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