Márcio, no dia em que o corpo de Mércia foi encontrado (Foto: Paulo Toledo Piza/Arquivo G1) No último ano, a tristeza é uma constante na vida dos Nakashimas. No fim da tarde de 23 de maio de 2010, a família viu pela última vez a filha caçula do casal Macoto e Janete, a advogada Mércia, de 28 anos. “Minha mãe chora todos os dias”, diz Márcio Nakashima, de 33 anos, irmão da vítima.
A jovem desapareceu após sair da casa dos avós, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Preocupados, os pais e os irmãos da mulher começaram, com o auxílio de vizinhos e amigos, uma campanha em busca de informações sobre seu paradeiro. A polícia entrou no caso e em seguida o desaparecimento ganhou o noticiário.
Entre trotes e informações desencontradas dadas aos parentes de Mércia e para a polícia, a denúncia de um pescador levou a família e a polícia até uma represa em Nazaré Paulista, a 64 km de São Paulo. Na tarde de 10 de junho, depois de horas de buscas, bombeiros com equipamento de mergulho descobriram o carro de Mércia, um Honda Fit prata, submerso.
O veículo foi retirado com ajuda de um trator. Sob o olhar preocupado de Macoto, pai da advogada e que acompanhou sem descansar os trabalhos do Corpo de Bombeiros, o carro foi aberto, mas nada além de alguns objetos foram encontrados em seu interior.
No dia seguinte, um pescador contratado pela família achou entre arbustos na outra margem da represa o corpo, em avançado estado de decomposição. Macoto reconheceu a filha pelas roupas.
Desde então, os Nakashimas tentam retomar a rotina, apesar da dor. “Esse último ano foi muito difícil para nós. Principalmente para minha mãe. Ela passou pela primeiro Dia das Mães sem minha irmã", conta Márcio.
Algumas datas específicas trazem a tristeza à tona, como o Natal e o réveillon – festas que, segundo o irmão de Mércia, eram de confraternização entre os parentes. “E temos duas datas infelizes: 23 de maio, quando ela sumiu, e o dia em que encontraram o corpo [11 de junho].” O quarto da casa onde a advogada vivia permanece inalterado. “Ninguém mexeu. Continua do jeito que ela deixou.”
Questionado a respeito de Mizael Bispo de Souza, ex-namorado da vítima e acusado de matá-la, ele é enfático. “Aconteceu justamente o que a gente acreditava que ia acontecer: ele fugiu quando saiu sua prisão.” Mizael teve prisão decretada pela Justiça, mas está foragido. Ele nega o crime.
Em e-mail enviado ao seu advogado, Samir Haddad Jr, e encaminhado ao G1 em janeiro, o acusado diz acreditar na Justiça. "Se essa não for feita, a justiça de Deus não falha.” Além dele, o vigia Evandro Bezerra Silva também é acusado de participar do assassinato. Ele, assim como Mizael, é procurado pela polícia.
A família se agarra na fé para superar a morte de Mércia. "Foi um ano triste, de muita dificuldade. Agora é ter fé em Deus", conclui Márcio.
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