Continuarei a tratar dos aspectos da tragédia de hoje que dizem respeito a políticas públicas. Antes, no entanto, quero chamar a atenção de vocês para um dado em particular. Mais um trecho da carta de Wellington Menezes de Oliveira veio a público. Leiam.
A carta requer especial atenção. A análise de texto é uma das especializações das polícias nos países que realmente levam a sério o combate ao crime. Não sei quantas pessoas se dedicam a essa atividade no Brasil e, particularmente, no Rio.
Nota-se uma mente perturbada? Acho que isso é inequívoco. Perturbada, sim, mas não desconexa dentro da sua loucura. Wellington, a julgar pela carta, não estava num grau de insanidade que o fizesse romper, por exemplo, os nexos lógicos e sintáticos do texto. Um exemplo? “Eu deixei uma casa em Sepetiba DA QUAL nenhum familiar precisa”. Infelizmente, 90% dos brasileiros considerados alfabetizados tropeçariam aí, muito particularmente os nossos políticos. Há um erro aqui e outro acolá, mas, no geral, a carta é vazada num português bastante aceitável.
Resolvi fazer análise estilística da carta de um homicida, supostamente suicida? Não é isso, não!
O texto despertou em mim a suspeita de que sua loucura pode não ter sido assim tão solicitária, de que ele pode ter contado com a ajuda de alguém que, menos doido do que ele, conseguiu dar certa coerência interna à sua demência. Todo cuidado é pouco nesse caso. A carta pode denunciar mais do que aparenta.
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