Às 19h20 deste domingo, segundo o relatório do enfermeiro-chefe, foi recolhido ao Sanatório Geral o paciente Augusto Fonseca, marqueteiro da campanha de Aloízio Mercadante, internado pela equipe médica pela autoria da seguinte frase:
“Aquele bigode vai ter de ser ajustado, porque dificulta a compreensão da fala”.
A inscrição na plaqueta pendurada no peito do hóspede involuntário resumia o diagnóstico: “Ele está fingindo que ninguém entende o que o freguês diz para pedir a Lula que mande o Herói da Rendição amputar o bigode para perder de novo a eleição com o mesmo discurso mas com outra cara”. Tudo muito claro, certo?
Não para o enfermo, informa a mensagem recebida pela coluna às 12h29 desta segunda-feira. Diz o seguinte:
“Meu nobre, sagrado, divino, sublime, excelso e ilustre Augusto Nunes. A impressão que me dá é que você acredita que encarna todos esses adjetivos que definem nosso nome, Augusto. Mas acredito mesmo que sua mãe quando te batizou estava pensando em saltimbanco, palhaço, conforme define o Michaelis. Um abraço majestoso, Augusto Fonseca.
É o remetente quem acha que encurtar o bigode do candidato vai encurtar a distância abissal que o separa do adversário Geraldo Alckmin em todas as pesquisas. É ele quem acha que regras gramaticais são tão dispensáveis quanto normas éticas. É ele quem acha que o único problema de Mercadante é a discurseira incompreensível. É ele quem acha que o Herói da Rendição fica com cara de povo quando se apresenta em parceria com o cantor Netinho de Paula. Fonseca acha tudo isso, e acha que saltimbancos e palhaços são os outros.
A julgar pelo horário da mensagem, não produziram os efeitos desejados nem a primeira internação do paciente nem a segunda, ocorrida às 9 da noite pela seguinte reincidência:
“Se tiver oportunidade, tem que falar. Ele não teve nada a ver com aquilo e isso ficou claro. Quanto mais puder explicar, melhor”.
De acordo com a sinopse do diagnóstico, o autor do palavrório “está fazendo de conta que foi por falta de tempo e espaço que a biografia atualizada de Mercadante passou longe da campanha de 2006, quando o bigode à espera de uma tesoura, surrado nas urnas por José Serra, enredou-se no caso de polícia produzido pelos companheiros aloprados pegos em flagrante com R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo ao tentarem comprar outro dossiê bandido.
Augusto Fonseca ainda não se manifestou sobre o segundo surto. Mas a direção do Sanatório já descobriu que um marqueteiro de Aloízio Mercadante não tem cura. E todos os eleitores perceberam que um candidato com um marqueteiro desses não tem salvação.
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