O berço do pequeno Bruno, filho de Eliza Samudio, fica no quarto da avó, Sônia de Fátima Moura, que mora em Anhanduí (a 50 quilômetros de Campo Grande), no Mato Grosso do Sul. Sônia mora com o marido, Hernane, e seu filho de 11 anos. Ela é agricultora e planta pimentas em um sítio. Com as pimentas faz artesanato e vende em uma banca na cidade.
Em entrevista exclusiva ao Mulher 7×7, Sônia falou sobre o cotidiano de seu neto e sua nova vida como mãe. Ela afirmou que cuida dele “24 horas seguidas”. Bruninho toma mamadeira e já começou a tomar sucos. Na manhã de hoje, ele passou pelo pediatra. “Ele está com 8,2 kg e 68 centímetros. Fiz o hemograma dele completo para ver se está tudo bem”.
Bruninho completou cinco meses no dia 9 de julho, quando a avó obteve sua guarda provisória. Para isso, Sônia enfrentou uma curta batalha judicial com seu ex-companheiro e pai de Eliza Samudio, o empresário Luiz Carlos Samudio. Depois do desaparecimento de Eliza, o bebê foi entregue a Samudio, mas ele perdeu a guarda por responder a um processo de estupro contra uma menina de 10 anos. Samudio está em liberdade e já afirmou que irá lutar para ter de volta a guarda do neto.
Sônia confirmou que, em 1988, quando se separou de Samudio, Eliza ficou com o pai. Perguntei por que ela não levara a menina, e Sônia disse que não fez isso por “receber ameaças de morte”. Ela repete o que já disse à imprensa, que sofria várias agressões de Samudio. “Não foi só uma vez que ele me bateu. Foram várias”, disse. Acusa Samudio de ter agredido até a mãe dele, Nancy, sua ex-sogra. Mas afirma que nunca foi violentada sexualmente por ele. A mãe de Eliza diz que conseguia ver a menina sem que Samudio soubesse. Os encontros eram na escola e na casa de parentes e amigos. Segundo Sonia, a menina foi “criada solta” pelo pai e desde os 12 anos ia para as “noitadas” em Foz de Iguaçu. Desde a adolescência, Eliza sonhava em ser modelo.
Em 1994, Sonia se casou com Hernane e se mudou de Foz de Iguaçu para Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Nas férias, Eliza ia visitá-la. Em 1999, quando a menina tinha 14 anos, foi morar com a mãe. “Foi um convite meu e uma opção dela”, disse. A mãe descreve Eliza como uma “menina reservada”, que nunca falava sobre o pai ou os namorados. “Ela estudava e ficava em casa”. De vez em quando, ia com a mãe a festas familiares, como aniversários. Diz que Eliza chamava de avó a atual sogra de Sônia. ”O problema dela eram as regras, o horário de sair e voltar para casa. Ela também não gostava da igreja”. Sônia frequenta em Campo Grande a Congregação Cristã no Brasil. Eliza também dizia sentir falta das amizades de Foz de Iguaçu. Ela ficou apenas um ano com a mãe. Quando quis retornar para a casa do pai, no final de 2000, Sônia diz que ligou para ele. Ela e o ex-companheiro quase nunca se falavam. Assim como Sônia, Samudio constituiu outra família e teve filhos.
Quando Eliza estava com 19 anos, a mãe conta que ela fez uma tatuagem e colocou um piercing na língua. Sônia disse que insistiu para que ela tirasse o piercing, porque podiam surgir “bactérias” e Eliza a atendeu. Mãe e filha se viam em Foz de Iguaçu, quando Sônia ia visitar seus parentes. Foi nesta época que Sônia perdeu o contato com a filha. Ela disse que, ao saber que a filha não estava em Foz de Iguaçu, pediu a Roberto Rodrigues Bernardo, diretor da Metropole News (que investiga pessoas pela internet), de Nova Andradina, que encontrasse Eliza.
Entrevistei Roberto e ele me confirmou o fato. Disse que Sônia estava desesperada para encontrar Eliza e dizia que ela tinha fugido de casa. Roberto pegou os dados da moça e a encontrou em uma comunidade do Orkut. Disse ao blog ter feito isso sem cobrar, apenas para ajudar Sônia. Ele enviou uma mensagem a Eliza informando que sua mãe a procurava. Roberto disse que a jovem lhe respondeu fornecendo seus telefones e ele os repassou para a mãe. Sônia contou ter telefonado para Eliza e descoberto que ela estava em São Paulo, trabalhando com “eventos”.
Sônia e Eliza ficaram seis anos sem se ver e só se falavam pelo telefone.
Sônia disse que nunca tinha ouvido falar sobre o goleiro Bruno. Ela também afirmou que nunca o viu pessoalmente. Para ela, não importa o resultado do teste de paternidade que dirá se o goleiro é ou não pai de seu neto. O que ela diz querer é a guarda definitiva de Bruninho. “Para mim não me interessa o resultado do teste. O meu neto é sangue do meu sangue. Não quero pensão alimentícia, não quero nada”, disse ela ao blog.
No final da entrevista, a mãe de Eliza se emocionou. Chorando, ela disse que espera encontrar o corpo de sua filha para poder enterrá-la. ”Estou vivendo essa angústia. Enquanto não a encontrar não vou acreditar que ela está morta. Queria poder enterrar a minha filha. Na verdade, queria que ela estivesse aqui, que pudesse ver o filho dela. Que pudesse ver como ele acorda feliz, sorrindo”.
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