Desse total, 134 mortes ocorreram em Niterói, 60 no município do Rio.
Doações para vítimas chegam a 48 toneladas.
As equipes de resgate encontraram durante a madrugada deste sábado (10) mais dois corpos no Morro do Bumba, em Niterói, Região Metropolitana do Rio. Com isso, o Corpo de Bombeiros contabiliza 214 mortos em decorrência das chuvas no estado do Rio.
Desse total, 134 mortes ocorreram em Niterói, 60 no município do Rio, 16 em São Gonçalo, um em Magé, um em Nilópolis, um em Paracambi, na Baixada Fluminense, e um em Petrópolis, na Região Metropolitana.
As equipes de resgate seguem no trabalho de buscas corpos ou sobreviventes.
Ajuda do governo federal
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, anunciou na sexta-feira (9)a liberação de uma linha de crédito para prefeituras que decretaram situação de emergência e estado de calamidade pública. Segundo Lupi, o crédito pode chegar a R$ 1 bilhão, com juros de 3%, pelo programa Pró-Moradia Emergencial, com um prazo de financiamento de até 30 anos.
De acordo com o ministro, as prefeituras do Rio, de Niterói e de São Gonçalo, na Região Metropolitana, estão aptas a receber o dinheiro, contanto que apresentem projetos de construção de casas.
Saque do FGTS
O ministro também afirmou que o saque do FGTS para quem foi atingido pela chuva pode ser sacado já na segunda-feira (12). Lupi disse que há um limite de R$ 4,6 mil para o saque.
Lupi informou que, na tragédia em Santa Catarina, 95% dos atingidos sacaram o dinheiro.
O ministro estava acompanhado do prefeito do Rio Eduardo Paes, que reafirmou que a prefeitura vai retirar famílias de áreas de risco.
Paes disse que os R$ 90 milhões que o governo federal disponibilizou ainda não estão em uso, mas que as obras emergenciais, onde o dinheiro será empregado, já estão sendo feitas. Ele deu como exemplo a desobstrução da Estrada da Grota Funda.
Doações
A Guarda Municipal já arrecadou 15 toneladas de doações (Foto: Divulgação/Guarda Municipal)
Os moradores do Rio e de Niterói atenderam aos pedidos por donativos para os desabrigados e desalojados pelas enchentes e deslizamento ocorridos nesta semana. Ao todo, foram doadas até agora cerca de 48 toneladas de alimentos, água potável, produtos de higiene, fraldas, cobertores e roupas.
Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) do Rio de Janeiro informou que já foram arrecadadas 20 toneladas de doações para as vítimas das enchentes e deslizamentos nos postos de recolhimento.
Saiba onde fazer sua doação
Vítimas e resgates
Um dos coordenadores dos resgates após o deslizamento que atingiu dezenas de casas no Morro do Bumba, no bairro Cubango, em Niterói, diz que a tragédia o afetou diretamente. O coronel Alves Souza cresceu a cerca de dois quilômetros do local.
"Eu sou nascido e criado na rua São José, que fica a dois quilômetros do Bumba. Muita gente que morreu lá eu conhecia. E no lixão, eu conhecia gente que morreu. Isso é muito ruim, não que possam morrer pessoas desconhecidas. Mas é difícil porque me ligam muito, perguntam o que posso fazer, mas não tenho fórmula mágica", disse ao G1 o coronel.
Morro do Céu, Niterói
Os moradores do Morro do Céu, área vizinha ao Morro do Bumba, em Niterói, consideram a região uma 'bomba-relógio' e acreditam que, se a chuva continuar, uma tragédia pode acontecer no local com mais gravidade do que o deslizamento ocorrido na quarta-feira (7). Parte da preocupação deles é com o lixão que funciona no local e a presença de gases e chorume que escorre pelo terreno e pelas residências.
"O Morro do Céu é uma bomba-relógio que pode explodir a qualquer momento. Aquele lixão vai provocar uma tragédia igual a do Morro do Bumba. Isso porque o aterro de lá estava desativado e, este aqui, está em pleno funcionamento", disse Marino Gonçalves de Medeiros, 59 anos.
Casamento adiado
A catadora Ivanir Figueira Neves, 63 anos, teve de sair da casa onde morava com o filho, o namorado e a neta, no Morro do Céu. Ela disse que estava de casamento marcado para maio deste ano, mas os planos serão adiados depois de ficar sem moradia por causa do deslizamento na região.
"Eu tirei meu namorado [Valdemar Araújo Costa, 86 anos] do asilo. Ele veio morar comigo e a gente pretendia casar em maio, mas agora não sei se vai ter casamento. Eu recolho garrafa pet para sobreviver e não quero ir para um abrigo", disse a moradora.