"Sou um cineasta bipolar''
Foto: AgNews
Selton Mello e paulo José vivem a dupla Pangaré e Puro Sangue no novo filme de Selton O Palhaço.
Em O Palhaço, seu segundo filme como diretor, Selton Mello bem que tentou ficar longe da atuação convidando os amigos Wagner Moura e Rodrigo Santoro para o protagonista Benjamin, mas eles já estavam ocupados com outros trabalhos: Wagner - ''o Chuck Norris brasileiro'', segundo Selton - filmando a sequência de Tropa de Elite, e Rodrigo envolvido com seu antigo projeto de filmar a vida do jogador Heleno.
O papel do palhaço não poderia ter caído em melhor mão ao ficar com o próprio autor. Benjamim, aliás nasceu da crise real do ator durante as filmagens de Jean Charles (baseado na história do brasileiro morto pela policia ingelsa no metrô de Londres em 2005) e tomou formas diferentes ao longo da criação do roteiro. Benjamim gostaria de ter um endereço fixo, deixar a vida nômade de lado, problemas alheios aos da vida de Selton. ''Na época vivi uma crise, eu não tava com a cabeça ali, não tava feliz, estava em dúvida se mudava pra Bahia e abria um bar ou se continuava. Então, a história do palhaço que não se acha mais engraçado nasceu de um sentimento sincero meu. Mas o personagem não sou eu'', fez questão de explicar. ''Quem vem para caravana é quem tem que vir mesmo'', disse sobre sua própria participação e sobre a escolha dos 14 atores do elenco, entre eles Paulo José, o palhaço pai Valdemar. ''O que é do homem o bicho não come'', completou Paulo.
''O meu desejo é fazer um filme classificado como uma comédia sonhadora. Nos dias cínicos que vivemos o radical é fazer um filme cheio de ternura e candura. Sem fúria, cheio de som'', disse Selton na primeira coletiva sobre o trabalho com filmagens no pólo cinematográfico de Paulínia, onde fica com a equipe até o dia 13 de abril.
Fase solar
Em conversa com o diretor de Lavoura Arcaica, Luis Fernando Carvalho, Selton ouviu que seu primeiro longa, Feliz Natal, era um filme sem esperança. ''Falei pra ele que por coincidência o nome circo do filme que eu estava fazendo era Esperança. Cheguei a conclusão que sou cineasta bipolar. (O Palhaço) é um filme solar, tem a pretensão de agradar e causar uma sensação agradável de ver. Tenho uma relação com público muito carinhosa e esse filme é também para as pessoas que gostam do meu trabalho.''
Fase Woody Allen
''A minha relação com a crise do personagem é mais metafórica, ele anda com as próprias pernas. Minha crise foi só um ponto de partida. Quem está de fora vê que eu estou dirigindo e já vou enfiando o casaco para atura, O filme que eu quero contar está muito claro na minha cabeça. O fato do Santoro e do Wagner não terem aceito foi bom porque não precisei explicar nada pra ninguém. Eu simplesmente boto a roupa e faço.
Filmar é bom porque você fica envolvido com figurinos, cenários, sapatos, atores. Pensa menos na ideia de morte. Não penso em parar de atuar. Se isso der certo, vou continuar a me dirigir. Sou o diretor mais rígido que conheço. Refiz uma cena que se fosse outro diretor ia querer me convencer que estava bom. É muito divertido. Sou um diretor que gosta de ator. O elenco fica em cena praticamente o tempo todo e eu também estou em cena.''
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