Submetido a escândalos em série, o brasileiro habituou-se a reclamar da impunidade que viceja no país.
Em outubro de 2010, o eleitor terá mais uma chance de provar que é um cidadão, não um nome inútil impresso no título eleitoral.
Se quiser, o brasileiro pode fazer justiça com as próprias mãos. Vão às urnas algumas das principais estrelas de novos e de antigos escândalos.
A lista é longa e suprapartidária. Eis alguns exemplos: Renan Calheiros, Jader Barbalho, Orestes Quércia, Paulo Maluf...
...Fernando Collor, Eduardo Azeredo, Marconi Perillo, Joaquim Roriz, Orestes Quércia, Roseana Sarney, Jackson Lago e um interminável etc.
São candidatos ao Senado, à Câmara e a governos estaduais. Disputas que costumam ser ofuscadas pela gincana presidencial.
Abra-se aqui um parêntese. Corta para fevereiro de 1996. Joguem-se os holofotes sobre um velho conhecido do eleitor: Lula.
Cruzava a região Sul, numa das incursões de sua Caravana da Cidadania. Dava aulas de civismo político. Dizia coisas assim:
1. "Temos que criar vergonha na cara e eleger pessoas dignas. Com uma parte do Congresso sob suspeita da população, ele tem pouca legitimidade".
2. "Quem colocou os ladrões lá? Não foi obra de Deus, foi o voto do povo. Ou o povo assume a responsabilidade de mudar este país ou vai ter mais ladrões no Congresso".
O Lula-1994 tinha algo em comum com o Lula-2010. Adorava fustigar o governo tucano de Fernando Henrique Cardoso.
Ouça-se o que dizia: "Sempre desconfiei de que havia um grupo que fazia do Congresso um balcão de negócios...”
“...[...] O Fernando Henrique foi eleito com embalagem de novo, mas não inovou nem na fisiologia...”
“...[...] O Congresso está funcionando como uma bolsa de valores fomentada pelo Executivo. Precisamos investigar essa corrupção". Fecha parêntese.
Experimente reler o raciocínio acima. Troque o nome de Fernando Henrique pelo de Lula. Percebeu?
Decorridos 16 anos, o país está submetido, sob Lula, ao mesmo flagelo que azeitou a corrupção na era FHC.
Culpa dos eleitos? Claro que sim. Mas só um tolo poderia isentar o eleitor de suas próprias responsabilidades.
Em 2010, o brasileiro será submetido a mais um desses momentos mágicos. O poder está na ponta do seu dedo indicador.
A magia do instante está em poder recomeçar a partir de uma simples pressão exercida sobre o teclado da urna eletrônica. Chance igual, só daqui a quatro anos.
Assim, melhor não desperdiçar, de novo, a hora. Ainda não foi inventado melhor remédio contra o eleito inconsciente do que o eleitor impaciente.
Pegue-se uma carona no prestígio do Lula-2010 para ecoar o Lula-1994: "Temos que criar vergonha na cara e eleger pessoas dignas”.
"Quem colocou os ladrões lá? Não foi obra de Deus, foi o voto do povo. Ou o povo assume a responsabilidade de mudar este país ou vai ter mais ladrões”.
Na presidência, Lula esqueceu o que dissera do mesmo modo que FHC dera de ombros para o que escrevera. Você não precisa imitá-los.
Sulamérica Trânsito
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