Denise Chrispim e Wilson Pedrosa levaram oito horas para ir de El Salvador a Tegucigalpa, centro da crise
estadao.com.br
Na fronteira de El Salvador com Honduras, tráfego é intenso. Foto: Wilson Pedrosa/AE
TEGUCIGALPA - Com a tensão provocada pelo retorno do presidente deposto Manuel Zelaya a Honduras e as medidas tomadas pelo governo, como toque de recolher e fechamentos de aeroportos, entrar e sair do país centro-americano tornou-se uma aventura, como relata a repórter Denise Chrispim, que chegou nesta quarta-feira, 23, à capital Tegucigalpa junto com o fotógrafo Wilson Pedrosa.
Partindo de San Salvador, capital de El Salvador, foram oito horas de viagem para percorrer cerca de 400 quilômetros até Tegucigalpa, trajeto que normalmente demoraria cinco horas. Cruzada a fronteira, repórter e fotógrafo tiveram que convencer um motorista para atravessarem o país e chegar ao epicentro da crise em Honduras, cuja tensão política é sentida nas ruas desde o golpe de Estado que tirou Zelaya do poder, em 28 de junho.
Com medo, relata Denise, o motorista designado para a travessia hesitava em realizar o percurso. "Fomos em um carro até a fronteira de El Salvador com Honduras. Atravessamos a pé. Então, entramos em uma favela e ali encontramos o motorista que deveria nos levar, mas ele estava com medo, porque está ocorrendo muitos ataques a carros em Honduras", afirma a jornalista. Junto com o fotógrafo, ela teve de usar a retórica para concluir a missão. "Acabamos convencendo-o, entramos em uma caminhonete. Na caçamba foram dois amigos dele, como segurança."
A estratégia deu certo. Às 7h, no horário local, eles chegaram a Tegucigalpa. A viagem havia começado na noite de terça-feira, em Bogotá. De lá, seguiram para o Panamá e, por fim, El Salvador. A caminho do hotel, a jornalista afirma que a travessia foi tranquila.
Na fronteira, Denise diz que há um trânsito "extraordinário" de pessoas e veículos. Todos tentam cruzá-la antes do toque de recolher que vigora entre às 16h e 10h, estabelecido pelo governo hondurenho de facto desde a volta de Zelaya. "Mas isso não significa que o comércio de Honduras e El Salvador seja tão monumental", acrescenta a jornalista. "A linha que corta os dois países funciona para deslocamento de mercadorias que saem da Europa e América do Norte, com destino à Ásia. É uma rota alternativa para evitar o Canal do Panamá."
Em Tegucigalpa, Denise afirma que a população já está com medo de uma eventual falta de alimentos. Sem saber o desfecho da crise, o desespero toma conta - nesta terça-feira, as agências de notícias relataram diversos saques a supermercados e bancos. "Notei os supermercados lotados, carros tomando os estacionamentos, pessoas saindo com os carrinhos cheios. A tensão é grande."
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