24/09/2009 | 03h06min
Repórter narra as dificuldades para chegar a Honduras
– São seis da tarde, mas parece quatro da manhã.
O comentário de um jornalista brasileiro rompe o silêncio no interior da van, a menos de cem quilômetros da fronteira entre El Salvador e Honduras. A chuva ameniza o calor de 25ºC e molha o asfalto bem conservado da rodovia Pan-Americana, mas transforma o final de tarde em madrugada sombria. São os 45 minutos mais tensos da viagem.
De repente, centenas de caminhões formam fila, ocupando um dos lados da pista. É preciso seguir na contramão. Um outro repórter tem uma ideia:
– Alguém tem fita adesiva?
A van ganha identificação com as palavras “Prensa” e “TV”. As insígnias valem quase como um visto de entrada.
– Podem passar – autoriza o policial, na primeira barreira.
O veículo segue adiante, enquanto os demais ficam para trás, bloqueados. O silêncio volta de novo ao interior da van. Cada avanço é comemorado com suspiros. Não se sabe até quando.
Um prédio branco em forma de arco, com a pintura envelhecida, marca a entrada de Honduras. Os guardas sorriem. Bom sinal.
– Imprensa internacional – nos identificamos.
O posto fronteiriço é cercado por algumas crianças pedindo dinheiro e mulheres vendendo comida na rua. Com os passaportes em mãos, os agentes de fronteira iniciam meticulosamente a análise dos documentos. Identificamos logo uma operação padrão, que dura intermináveis 30 minutos. Tempo para fotos e filmagens ainda tímidas. No ar, o medo de expor a câmera, causar desconforto que comprometa a cobertura. O guarda nos chama.
– Três dólares cada um – diz ele, ao cobrar a taxa de ingresso.
E um aperto de mão.
– Bem-vindos a Honduras.
A odisseia para chegar ao país centro-americano havia começado horas antes, na capital salvadorenha, San Salvador. Na embaixada de Honduras, onde é preciso tirar o visto de entrada, Manuel Zelaya nunca deixou de ser presidente. Na parede do hall, o homem que colocou o Brasil no centro da crise da América Central aparece em um grande quadro. Está sério na fotografia, veste a faixa presidencial e traz no rosto o inconfundível bigode.
A foto de Zelaya no prédio do governo é um claro sinal de que Honduras está fracionada: se o poder de fato está nas mãos de Roberto Micheletti, quem deveria estar no quadro é o presidente que tomou o poder em 28 de junho. Na tarde de ontem, jornalistas de três veículos brasileiros buscavam o visto: além de Zero Hora, estão no prédio repórteres da TV Brasil e da Globo News. O documento sai em menos de uma hora. Pela Rodovia Pan-Americana, seguimos até El Amatillo, fronteira com Honduras.
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