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domingo, 16 de novembro de 2008

Modelo queimada em ônibus no Rio busca emprego para continuar tratamento e ainda não foi indenizada

Bia Furtado, modelo queimada em ônibus incendiado por bandidos no Rio Foto Daniel Pera, Diário de S.Paulo

SÃO PAULO - Quase dois anos após ter tido 25% do corpo queimado por um bando de encapuzados que atacou um ônibus da Viação Itapemirim que passava pela Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, a modelo Bia Furtado está à procura de emprego. Bia, que mora em São Paulo, entrou com ação indenizatória contra a empresa de ônibus, com pedido de tutela antecipada (adiantamento de parte do julgamento), mas até agora o processo repousa na mesa do juiz da 4ª Vara Cível do Fórum de Olaria, no Rio, sem decisão.

O crime ocorreu na noite de 28 de dezembro de 2006. Bia e outros 27 passageiros viajavam no ônibus prefixo 6011, de Cachoeira de Macacu, no Espírito Santo, para São Paulo, quando 15 encapuzados interceptaram o veículo e atearam fogo. Nove pessoas morreram. Na época, uma das vítimas fez o seguinte relato: "Parecia que estava no inferno. O fogo invadia o ônibus rapidamente e as pessoas, desesperadas, tentavam quebrar as janelas aos chutes, porque não achavam as alavancas de emergência."

" A única coisa que não faço é assistir a filmes de aventura, com tiros, porque o barulho incomoda "

Bia teve que interromper as cirurgias de reabilitação, por falta de dinheiro. Agora, está à procura de emprego.

"Tudo o que minha família tinha foi gasto. Estamos com muitas dívidas antigas, temos ainda gastos com hospitais, medicamentos", diz.

Quantas cirurgias você precisa fazer ainda?

Já fiz 13 cirurgias, mas ainda restam outras quatro para eliminar as cicatrizes. Tinha uma operação marcada para setembro, mas fui obrigada a adiar porque o dinheiro acabou.

A interrupção do tratamento não é prejudicial?

Não sei. Só quem sente na pele entende o problema.

Como você está?

Estou muito bem. Os movimentos das mãos voltaram, graças à fisioterapia com hipnose, e agora não preciso mais usar malhas para proteger a pele. Uso apenas protetor, porque faço tratamento com ácido para acelerar a cicatrização.

As pessoas ainda param você na rua ou a apontam por causa das cicatrizes?

Não, isso acabou. Acho que ninguém mais me reconhece porque estou bem melhor. Outro dia, inclusive, estava em um salão de cabeleireiro e pedi para a funcionária tomar cuidado com os produtos que ia usar porque minha pele é muito delicada. E ela chegou a comentar que eu parecia a modelo que foi queimada no ônibus.

Já superou o trauma?

Me sinto ótima. Claro que ainda faço acompanhamento psicológico, porque não se pode interromper, e tem o tratamento dermatológico, mas não sinto mais medos. Estou até cozinhando. Antes nem conseguia chegar perto do fogão, por causa do fogo. A única coisa que não faço é assistir a filmes de aventura, com tiros, porque o barulho incomoda.

Você passa dificuldades?

Não estou passando fome porque meu marido me sustenta. Mas não suporto mais ficar sem trabalhar. Moda é a minha vida. Cresci nesse meio, dentro de agências, e está sendo muito difícil viver sem o meu trabalho. Além disso, preciso do dinheiro para continuar com o tratamento. Lutei tanto para me reabilitar e justamente agora, quando se aproxima do final, vou encalhar na praia.

Recebeu propostas de trabalho de alguma agência?

De agência não, mas gostaria muito se aparecesse algo nesse sentido. Não faço apenas desfiles e fotos.

Sou formada em moda, fiz faculdade, e já trabalhei com produção de moda, desfiles.

Como está o andamento do processo de indenização?

Está parado. Minha advogada, Valéria Bordini Starling de Carvalho, entrou com pedido de antecipação de tutela, para que eu possa receber o dinheiro referente às cirurgias, mas o juiz está demorando muito para dar decisão.

Quanto você pediu?

Não fizemos cálculos. Tenho que receber reembolso pelo tratamento, cirurgias, medicamentos, pomadas, gastos com passagens aéreas. Até agora, ninguém me ajudou em nada.

Segundo a polícia, o crime foi cometido a mando de uma facção criminosa que, em 2005, fez uma série de ataques no Rio. Em janeiro de 2007, o traficante Márcio Sem Braço, apontado como um dos envolvidos no crime, foi morto durante troca de tiros com policiais.








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