Barack Obama foi eleito, e o mundo ficou bonzinho. Que bom. Estava na hora mesmo de um final feliz.
Para completar a festa, daqui a pouco chega Papai Noel. É hora de acreditar. É hora de simplificar. É o novo dia, de um novo tempo, o futuro já começou. Hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa etc etc.
É emocionante ver intelectuais ao redor do mundo descobrindo um estadista genial nas palavras vazias e cheias de clichês politicamente corretos do presidente eleito. Assim é, se lhes parece.
Entre outras mesuras catitas, Obama dirigiu-se aos “deficientes e não-deficientes”. É curioso como essa paranóia de não discriminar se torna cada vez mais discriminatória. Como pode um presidente categorizar cidadãos de acordo com a sua saúde corporal?
Mas dá para entender, vindo de um cidadão que tem vastos serviços prestados ao seu país, é senador da República, e quando é eleito presidente os aplausos vão para a cor da sua pele. Os politicamente corretos só pensam naquilo.
E ainda surge uma teoria incrível de que a guerra civil americana só terminou agora, com a eleição de Obama. Pelo visto, já está vigorando o sistema de cotas para sociólogos de plantão.
Os mais ousados ainda dão um jeito de botar o piloto inglês Lewis Hamilton no mesmo balaio teórico. Não é um campeão. É um campeão negro. Isso lembra uma entrevista do cantor Seu Jorge ao programa Roda Viva, em que ele, dada a fixação racial das perguntas, sugeriu: “Podemos falar de música?”
Mas a opinião pública deve estar certa. É comum ela atirar no que viu e acertar no que não viu. No Brasil, elegeu Lula para afirmar a ética e inaugurar um modelo econômico de esquerda. Veio o mensalão e a manutenção do modelo liberal. E o povo parece satisfeito.
Foi assim também com Kennedy, que fez a guerra do Vietnã e quase uma guerra mundial com a invasão de Cuba. Passou à história como um mito democrata.
Obama, o pacificador, quer abrir conversas com o tarado do Irã. Israel já está de prontidão. Como se sabe, esse negócio de happy end não tem tradução no Oriente Médio. Da lua-de-mel entre Clinton, Rabin e Arafat restou só um retrato na parede. Chamuscado.
Mas viva Obama. A esperança é a última que morre. A inocência é a penúltima.
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