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terça-feira, 7 de outubro de 2008

Mantega (esq.) e Meirelles: país não está imune à crise

O ministro da Fazenda, Guido Mantega (esq.), e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, concedem entrevista nesta segunda, dia em que as Bolsas do mundo todo registram forte queda. "Nunca vi tanto banco de grande porte sofrendo essa deterioração", disse Mantega, que completou: o país "não está imune" à crise. O ministro anunciou que o governo vai usar parte das reservas internacionais do país para financiar exportações


Contra crise, governo vai usar reservas para financiar exportações, diz Mantega

Sílvio Crespo
Em São Paulo

Claudia Andrade
Em Brasília



O governo vai usar parte das reservas internacionais do país para financiar exportações, anunciou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta segunda-feira, em entrevista coletiva. O objetivo é impedir que o comércio exterior sofra com a brusca redução do crédito internacional.

De acordo com o ministro, manter as reservas em nível elevado é uma orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mantega considera que usar as reservas para financiar produtos voltados para exportação não significa gastá-las.

"Vamos disponibilizar parte das reservas a bancos que vão financiar o comércio exterior". Segundo ele, a medida consiste em pegar um dinheiro que está aplicado no exterior e trazer para um banco nacional financiar o mercado exportador.

Na semana passada, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Exterior anunciou que, junto com a Fazenda e o Banco Central, estava estudando medidas para ampliar linhas de crédito aos exportadores.

Nesta segunda, Mantega e Henrique Meirelles, presidente do BC, explicaram que o dinheiro virá das reservas internacionais.

Veja trechos da entrevista de Mantega
Bancos privados no exterior venderão títulos ao BC com contrato de recompra, ou seja, a autoridade monetária brasileira "recebe títulos de primeira qualidade e depois, pelo contrato, recebe de volta os dólares", anunciou Meirelles. "É uma operação totalmente garantida", afirmou.

A proposta de aumentar o crédito encaixa-se no contexto da análise que o governo faz sobre o impacto da crise dos Estados Unidos no Brasil. Segundo Mantega, o Brasil não tem problema de solvência, mas de crédito. "Aqui não há ativos podres; estamos com problema é de falta de liquidez", disse o ministro.

"Comportamento de manada"
Ele afirmou que o país "não está imune" à crise, uma vez que ela é global, "não é simples" e é "talvez a mais forte desde 1929. "Nunca vi tanto banco de grande porte sofrendo essa deterioração".

Mas o ministro acrescentou que a crise "atinge menos os países não fragilizados ou mais sólidos, como é o caso do Brasil".

Afirmou, ainda, que estamos atualmente em uma fase aguda da crise, um "momento de irracionalidade", em que os investidores, incertos sobre o que deve acontecer, agem em "comportamento de manada". "Não há com evitar que a Bolsa caia como está caindo, mas os ativos estão sólidos".

Segundo ele, a fase aguda da crise vai passar quando os governos tomarem as medidas necessárias.

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