05/08/2011 às 20:20:06 - Atualizado em 05/08/2011 às 20:20:06
A presidente Dilma Rousseff entregou hoje um conjunto habitacional com casas sem energia elétrica, sem água encanada, sem piso cerâmico e, em alguns casos, sem vidros e esquadrias nas janelas. O conjunto residencial São Francisco, em Juazeiro (BA), com 1,5 mil unidades habitacionais, foi inaugurado hoje com estardalhaço pela presidente e sua comitiva.
Um público de cerca de 500 pessoas, abaixo da expectativa do Planalto, compareceu ao evento de inauguração do conjunto habitacional. Em meio à poeira da obra inacabada, Dilma fez um discurso com críticas aos "antecessores" do governo Lula e prometeu entregar 2 milhões de residências dentro do programa "Minha Casa, Minha Vida". "Governos anteriores aos do presidente Lula olhavam as pessoas como elas fossem números. Não olhavam para as pessoas pobres como pessoas capazes. Nós olhamos para essas pessoas como base da riqueza do País", afirmou.
Dilma, em uma solenidade morna, apenas com manifestações já esperadas de lideranças locais, tentou dar emoção ao discurso, falando da importância da casa para cada pessoa. "A hora em que a chave é entregue para uma pessoa, a gente sabe que começou a mudança na vida dela", disse.
Ihhh, “meu querido”, a soberana ficou irritada…
É um consenso entre os petistas que a soberana deve buscar mais contato com o povo. O diabo é que sempre tem imprensa no meio do caminho — nem sempre com as questões que os poderosos gostam de responder. É aí que mora o perigo. Deixada à sua natureza, Dilma trata os jornalistas como trata seus auxiliares: aos pontapés. Deve conter-se para evitar os palavrões… Leiam o que informa Leonencio Nossa, no Estadão Online. Volto em seguida.
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A presidente Dilma Rousseff irritou-se hoje e demonstrou mal-estar numa entrevista a radialistas das cidades de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE). Os repórteres, numa conversa com a presidente, questionaram o atraso nas obras de transposição do Rio São Francisco. Dilma voltou a soltar um velho bordão conhecido de seus assessores para demonstrar irritação: “Meu querido, a transposição não está parada! Você vai me desculpar, mas não está parada”. Depois, ela admitiu que “algumas parcelas” estão com obras interrompidas.
O outro momento de irritação de Dilma, durante a entrevista, ocorreu quando ela exaltava o Programa Minha Casa Minha Vida, que entregará hoje em Juazeiro 1.500 unidades. Quando Dilma falava das unidades habitacionais, que têm 44 metros quadrados cada, um repórter chamou as unidades de “casinhas”. “Você é quem está dizendo. Imagino que sua casa seja grande”, disse a presidente. Continuando a irritação, Dilma disse: “o povo brasileiro não tinha nem casinha. Morava em casa de papel, em palafita”.
Depois a presidente recorreu ao velho estilo do antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao falar do ineditismo de suas ações na área habitacional. “Não há nenhum outro momento na história desse país que tínhamos tantos contratos (para construção de casas)”.
Ao final da entrevista, sobrou para o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, que tem a região de Petrolina como reduto eleitoral. Dilma reclamou ao microfone que o ministro estava insistindo para ela falar da terceira etapa do projeto de transposição. Nessa etapa, está previsto um canal que chegará até Petrolina. Dilma ponderou que esse não é o momento de discutir ainda a terceira etapa. Ela disse que o governo está empenhado em buscar “sistematicamente” a conclusão das obras, que deverão ser entregues em etapas.
Voltei
Então vamos pensar e vamos aos fatos. A transposição do São Francisco, se tudo sair conforme o novo cronograma, vai sofrer um atraso de quatro anos. Já se sabe, também, que deve custar, no mínimo, 36% a mais do que o previsto: o valor da obra saltou de R$ 5 bilhões para R$ 6,8 bilhões. E há vários canteiros de obras que estão, efetivamente, paralisados. Isso tudo é fato? É fato.
E o “Minha Casa Minha Vida?” No dia 11 do mês retrasado, quando Dilma lançou a segunda etapa do programa, fiz algumas continhas, a saber:
“A presidente Dilma Rousseff segue a rotina de seu antecessor de inaugurar papel, vento e intenções, mas ganha o noticiário porque, afinal, com as exceções de praxe, a imprensa oscila entre o bom negócio e a ideologia rasteira. A presidente lançou hoje a segunda fase do programa Minha Casa, Minha Vida e prometeu MAIS dois milhões de casas até 2014.
Se prometeu mais dois milhões, já deveria ter entregado o primeiro milhão, certo?, aquele que vem do “Minha Casa, Minha Vida 1?. Entregou? Não! Números consolidados do TCU indicam que foram efetivamente construídas 238 mil casas. Assim, a presidente soma 2 milhões de unidades a um déficit (dada a promessa) de 762 mil. Até 2014, pois, tem de construir 2,762 milhões de casas. Será preciso multiplicar o que se fez até agora por 11,61. É uma piada!
Qual é o truque? Na sua sanha por inaugurar papel, o governo diz que houve a “contratação” para a construção. Huuummm, até aí… No papel, poderiam logo contratar 7 milhões de casas e dar por liquidado o déficit habitacional brasileiro.A conta é simples. O “Minha Casa, Minha Vida” foi lançado em março de 2009. Em 27 meses, foram construídas 238 mil casas. Faltam, considerando a nova promessa, 2,762 milhões. Dado o atual ritmo, uma regra de três simplesinha aponta que serão necessários mais 313,34 meses para construir o resto. Como cada ano segue tendo 12 meses, levará 26 anos, de agora em diante, para Dilma cumprir o que prometeu.”
Retomo
Então vamos atualizar as contas. Vocês até podem fazer uma tabelinha e andar com ela no bolso. Vai que topem com algum petista furioso em festa… Como Dilma entregou mais 1.500 casas hoje, então só faltam agora 2.760.500 casas. Como foram erguidas 239,5 mil em 28 meses, nesse ritmo, as demais serão entregues num prazo de 322,73 meses — ou 26,89 anos. Houve uma ligeira queda no ritmo de entrega…
É… Nunca antes na história destepaiz, meu querido!
Na Bahia, Dilma se irrita com referência a 'casinha'
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FÁBIO GUIBU
ENVIADO A JUAZEIRO (BA)
A presidente Dilma Rousseff se irritou nesta sexta-feira, em Juazeiro (BA), quando um repórter de uma emissora de rádio da região chamou de "casinha" os imóveis construídos no programa "Minha Casa, Minha Vida".
"Imagino que a sua casa seja grande", disse a presidente ao repórter, no meio da entrevista. "O povo brasileiro não tinha nem casinha. O povo brasileiro tinha casa de papel, tinha palafita", prosseguiu. "Não é uma casinha."
Dilma disse que os imóveis do programa federal não podiam ser desmerecidos, porque "qualquer pessoa" que consegue "ter um teto onde criar seus filhos" considera isso "muito importante".
Mais tarde, em seu discurso na solenidade de entrega de 1.500 apartamentos na periferia de Juazeiro, a presidente reafirmou que a meta do governo é contratar e construir dois milhões de casas até 2014.
Na mesma solenidade, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), também se irritou e deu uma bronca no público que acompanhava o evento e vaiava o prefeito da cidade, Isaac Carvalho (PC do B).
O petista tomou o microfone de Carvalho e disse que as pessoas que estavam no local eram seus convidados e convidados de Dilma. "De quem vocês gostarem, batam palmas, de quem não gostarem, fiquem calados para não ficar feio para a presidente", afirmou. O público aplaudiu.
Roberto Stuckert Filho/PR | ||
A presidente Dilma Rousseff durante visita a prédios do programa 'Minha Casa, Minha Vida', em Juazeiro (BA) |
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