10/7/2011 9:55, Por Redação, com Pública - de Brasília
Na avaliação dos Estados Unidos, o Nordeste brasileiro é rico em matérias primas e ecológicas, mas não tem suporte estrutural para explorar tais riquezas, segundo um documento diplomático vazado pelo WikiLeaks e revelado pela agência de jornalismo investigativo Pública. No entanto, a embaixada enviou um representante especialmente ao empobrecido Piauí para participar de uma conferência organizada pelo governador Wellington Dias (PT) na capital Teresina no começo de 2010.
Um assessor econômico norte-americano participou da conferência, e apresentou em parceria com o governo dos Estados Unidos propostas de oportunidades a serem avaliadas pelo do Serviço do Comercio Estrangeiro, da Agência de Desenvolvimento dos Estados Unidos, e do Banco de Importação e Exportação dos Estados Unidos.
Enquanto estavam incluídos na audiência funcionários, líderes empresariais, e estudantes de relações internacionais, os organizadores esperavam que houvesse uma forte presença de empresas privadas com capacidade de estabelecer parcerias internacionais.
O documento nota que o Piauí tem a renda per capita mais baixa do Nordeste, com menos de R$ 5,00, o resto do Nordeste tem uma renda de apenas R$ 7,00 – enquanto nos estados do Sul a renda chega a ser maior que R$ 19,50, essa gritante diferença faz com que investidores internacionais nem ao menos cogitem a hipótese de levar seus projetos para o Piauí.
A falta de infraestrutura é seguida por outros desafios como a falta de material humano qualificado e a total falta de conhecimento de investidores sobre o estado. Investidores internacionais que atuam nos estados sulinos de São Paulo e Rio de Janeiro não sabem o que é o Piauí.
EUA vêem “oportunidades”
Segundo o documento, o desenvolvimento da infraestrutura teria maior impacto para atrair mais investimentos para o Piauí. Melhorar principalmente o transporte nas estradas de ferro conectando as cidades do Piauí aos portos iria melhorar o crescimento orgânico no interior do estado.
O documento aponta como solução a introdução de livre comércio ou Zonas de Processo de Exportação (ZPE), como as que operam hoje em dia nas cidades de Parnaíba e Pavussu. A introdução das ZPEs “pode baixar o custo de comercio no Piauí e acrescentar uma nível de comercio nacional e internacional fluindo através do estado”, diz o documento.
O documento também cita outros projetos econômicos promissores, na visão dos EUA, que seriam beneficiados pela melhora de infra-estrutura: exploração de rochas ornamentais, opalas, e matéria-prima mineral.
Mais engajamento
“Se o Brasil quer alcançar o cada vez mais impressionante nível de prosperidade do sul e sudeste como um todo, as regiões tradicionalmente mais pobres como o nordeste tem que atingir as metas de crescimento”, diz o documento.
No entanto, o documento enumera os desafios a serem superados pelo estado: estrutura ruim, falta de conhecimento de oportunidades internacionais, e falta de competência entre governo e parceiros locais.
“A missão no Brasil vai buscar engajamento positivo com o Piauí e vai buscar suprir especificamente a necessidade de capital humano através da promoção de oportunidades para visitantes internacionais, e vai buscar suprir necessidades sociais e econômicas através de fundos do Departamento de Estado”.
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