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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

#POLITICA #DILMANAO #LULA Cerca de 1,2 mil pacientes estão na fila para operar cabeça ou pescoço











Parte tem câncer e corre risco de morrer antes de se submeter ao procedimento, pois há apenas oito médicos para toda a demanda

Saulo Araújo

Publicação: 17/10/2010 08:47

É cada vez maior a fila de pacientes que precisam passar por cirurgias de cabeça e de pescoço na rede pública de saúde do Distrito Federal. Atualmente, cerca de 1,2 mil pessoas estão cadastradas para realizar o procedimento, sendo que, pelo menos 200 têm câncer. O restante carrega tumores benignos. Para aqueles que se encaixam no primeiro grupo, ou seja, os casos mais graves, a agonia pode levar até cinco meses, tempo que pode ser fatal. Já a espera para os enquadrados no segundo perfil, em alguns casos chega a quatro anos. Os números são do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital de Base do DF (HBDF).

A especialidade é nova na medicina e trata principalmente dos tumores da região de face, fossas nasais, boca, faringe, laringe, tireoide, glândulas salivares, entre outros. Hoje, apenas o HBDF é habilitado para realizar operações dessa natureza no DF. Como se não bastasse a carência de novos espaços, a quantidade de médicos é insuficiente. “Só existem oito cirurgiões de cabeça e de pescoço no DF. O ideal para atender toda a demanda reprimida seriam pelo menos 20, mas ainda estamos muito longe disso. A verdade é que o sistema de tratamento de câncer de Brasília é altamente defasado. Chega a ser um dos piores do Brasil”, criticou um servidor, que preferiu o anonimato.

As precárias condições de trabalho também são fatores determinantes para que os jovens especializados nessa área não se interessem em trabalhar para o governo. Um outro funcionário que presta serviço no HBDF contou que, não raras às vezes, os procedimentos cirúrgicos são feitos na base do improviso. Segundo ele, faltam desde serras a drenos de sucção. Para não adiar as cirurgias de quem esperou tanto tempo, os médicos custeiam alguns equipamentos do próprio bolso ou contam com doações. “A secretaria (de Saúde) não fornece nem compra alguns insumos. Só temos drenos porque recebemos doações, mas serras nós temos que comprar”, contou.

Faltam anestesistas
Outro problema crônico da saúde que afeta a qualidade do serviço dos profissionais da área de pescoço e cabeça é a escassez de anestesistas. Segundo o chefe do departamento, Carlos Santa Ritta, muitos procedimentos são adiados porque não existem anestesistas disponíveis. “A anestesia é um dos grandes gargalos da saúde pública no DF. Tem que dividir os poucos disponíveis para várias especialidades. Percebemos que a atual direção do hospital está batalhando para oferecer à população uma saúde de melhor qualidade, mas não é uma tarefa simples”, destacou o médico.

O diretor do HBDF, Luiz Carlos Schimin, reconhece o problema. De acordo com ele, a falta de anestesistas contribuiu bastante para que a fila de pacientes que aguardam a extração de canceres e tumores não parasse de crescer nos últimos meses. “Até o ano passado, o paciente esperava no máximo 30 dias para ser operado, mas depois tivemos uma perda muito grande nos horários cirúrgicos por falta de anestesistas. Antes, o centro cirúrgico oferecia quase 400 horas por mês para serem distribuídas entre as especialidades, depois esse número caiu para 200 horas e as unidades tiveram redução no número de cirurgias quase proporcional a isso, justamente por falta de anestesistas”, contou Schimin.

Sem atendimento
Quem não teve forças para suportar a longa e dolorosa fila de cirurgia foi Luiz Alves Brasileiro, 62 anos, que desenvolveu um câncer de boca . O aposentado procurou atendimento no HBDF em janeiro, mas morreu no mês passado, sem conseguir realizar a cirurgia para extração do tumor. O sobrinho dele, o auxiliar de serviços gerais José de Deus Ferreira, 45 anos, não se conforma com a perda do tio. “Ele sofreu muito, foi morrendo aos poucos e não conseguiu tirar o câncer mesmo com o risco de morte. Com todo esse descaso, não poderia ter outro fim”, lamentou.

Já a aposentada Luísa Santana dos Reis, 65 anos, tenta há cinco meses uma cirurgia no HBDF. Ela tem um câncer na face e fica ansiosa toda vez que toca o telefone de sua residência. “Penso logo que é alguém do hospital me chamando para fazer a cirurgia. O tempo está passando e sei que a cada dia minhas chances são menores. Reconheço o esforço dos médicos, mas eles são poucos e não dão conta de atender todo mundo”, lamentou.

MORTAL
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), o câncer de boca está entre os cinco que mais matam pacientes do sexo masculino no Brasil. As vítimas são, em sua maioria, pessoas que bebem e fumam excessivamente.


Salário nada atraente

O fator financeiro também é um dos motivos para que os novos cirurgiões de cabeça e de pescoço procurem as clínicas privadas. Hoje, o salário médio de um trabalhador como esse na rede pública não passa de R$ 3,5 mil por mês. Na rede particular, o médico pode tirar esse valor realizando apenas um procedimento de grande porte.

“Os oito (cirurgiões do HBDF) continuam lá porque gostam do que fazem, em solidariedade aos mais pobres, que não têm condições de recorrer à rede privada. Ocorre que quase todos não querem fazer 40 horas semanais. Fazem 20 horas na pública e o restante do tempo na privada. Porém, a maioria nem considera trabalhar para o governo devido ao baixo salário. Uma cirurgia fora equivale a um salário no HBDF”, explicou um servidor.

O diretor do HBDF, Luiz Carlos Schimin, admite o problema, mas destaca que uma melhora significativa no atendimento de todas as áreas não depende apenas do esforço dos profissionais da unidade. “É verdade que temos um deficit, mas isso por uma série de fatores. Primeiro porque o Hospital de Base é o único que realiza esse tipo de procedimento no DF. Para a gente abrir mais espaço para essa especialidade teria que cortar de outra. Precisaríamos descentralizar, ter um outro hospital com estrutura para dividir essa demanda. Aí entra a questão do profissional. Não se pode criar um setor em outro hospital e lotar lá apenas dois médicos. Mas o interesse dos jovens em se especializar em cirurgias de alta complexidade é cada vez menor”, avaliou o diretor.

Luiz Schimin faz um apelo à sociedade: “A missão do Hospital de Base deveria ser a de atender somente os procedimentos que realmente sejam de alta complexidade, integrando ensino e pesquisa com qualidade. Só que mais da metade do que nós atendemos é de pessoas que poderiam recorrer a postos de saúde. Isso nos sobrecarrega demais.”
Para o diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do DF (SBCCP), Flávio Carneiro Hojaij, enquanto o profissional dessa área não for valorizado no setor público, o quadro dificilmente vai se alterar. “Enquanto o médico não for reconhecido pelo governo como um delegado, um policial federal, entre outras profissões, os jovens não vão se interessar e, no futuro, vai faltar profissional no mercado, principalmente especializado em cirurgias complexas, não só como as de cabeça e pescoço, mas de outras áreas como cirurgias cardiovasculares, por exemplo”, acredita.

PARA SABER MAIS

Dois anos de estudos

A cirurgia de cabeça e pescoço é uma especialidade cirúrgica que trata principalmente os tumores benignos e malignos da região da face e do pescoço, mas não abrange os tumores ou doenças do cérebro e outras áreas do sistema nervoso central , nem as da coluna cervical. A especialidade é regulamentada e reconhecida pela Associação Médica Brasileira (AMB).

Entre as cirurgias mais comuns realizadas pela especialidade estão as de tireoidectomias, traqueostomias, cirurgias de glândulas salivares, tumores da boca e da laringe. A formação do cirurgião de cabeça e pescoço é realizada nos centros formadores e tem duração de dois anos, com pré-requisito de formação em cirurgia geral.


















































Meio AeroLula, dois terços de AeroLula…

11:42 | 06/01/05 | Walter Valdevino

PRIORIDADES

Lula gasta mais em avião que com saneamento

Valor pago para Airbus presidencial é mais que o dobro do que foi investido em saneamento urbano.

O governo federal mais gastou com o “AeroLula” –o novo avião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva– do que investiu em saneamento ambiental urbano durante 2004. O valor já pago para a compra do Airbus presidencial é mais que o dobro do que foi investido em saneamento urbano.

O investimento total do governo federal na frota de aviões e jatos –incluindo o Airbus presidencial a ser entregue nos próximos dias– é mais da metade do que foi gasto na manutenção das rodovias federais e quase cinco vezes mais do que o total investido em saneamento urbano em 2004, classificado de “ano da arrancada” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O artigo inteiro falando sobre a DESGRACEIRA tá no link aí em cima, ou aqui embaixo:


Folha On-line

06/01/2005 - 09h20

Lula gastou mais com seu avião que com saneamento

MARTA SALOMON
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O governo federal mais gastou com o “AeroLula” –o novo avião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva– do que investiu em saneamento ambiental urbano durante 2004. O valor já pago para a compra do Airbus presidencial é mais que o dobro do que foi investido em saneamento urbano.

Segundo dados do Siafi (sistema informatizado de acompanhamento de gastos federais), foram gastos R$ 53,6 milhões com o programa de saneamento ambiental urbano em 2004. Já para o “AeroLula” foram desembolsados US$ 46,7 milhões. À última cotação do dólar no ano passado (a mais baixa desde junho de 2002), o valor corresponde a R$ 123,9 milhões –2,3 vezes o total investido em saneamento urbano.

O investimento total do governo federal na frota de aviões e jatos –incluindo o Airbus presidencial a ser entregue nos próximos dias– é mais da metade do que foi gasto na manutenção das rodovias federais e quase cinco vezes mais do que o total investido em saneamento urbano em 2004, classificado de “ano da arrancada” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

É o que mostra o primeiro retrato do ano fechado do Orçamento da União obtido no Siafi. Segundo o levantamento, somente uma terça parte (R$ 5,1 bilhões) dos investimentos autorizados por lei em 2004 foi paga até o dia 31 de dezembro.

Uma outra parcela um pouco maior é objeto de promessa de gastos, os chamados “empenhos”. São R$ 5,7 bilhões de pagamentos pendentes, investimentos que podem ou não sair do papel nos próximos meses.

Do total de R$ 15,2 bilhões de investimentos autorizados por lei em 2004, R$ 4,4 bilhões foram simplesmente ignorados, ainda segundo dados do Siafi. Fazem parte da economia de gastos para garantir o superávit primário de 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto), fixado pelo governo.

O levantamento do Siafi não leva em conta pagamentos pendentes de anos anteriores e quitados ao longo de 2004.

Buracos

Uma das grandes vítimas do corte de gastos foram os investimentos em manutenção das rodovias federais. Do R$ 1,5 bilhão autorizado por lei, R$ 515,3 milhões foram pagos até 31 de dezembro e mais de R$ 540 milhões continuaram congelados depois do prazo final para os compromissos de gastos.

Despesas não empenhadas até as 21h da sexta-feira passada foram automaticamente descartadas, confirmou ontem a Secretaria do Tesouro Nacional.

O resultado pode ser conferido nas rodovias do país. Em pesquisa realizada recentemente, a CNT (Confederação Nacional dos Transportes) constatou que 40% de quase 75 mil quilômetros de rodovias avaliadas em todo o Brasil (não apenas federais) estão em estado considerado ruim ou péssimo, sobretudo no Nordeste. Mais de 70% das estradas apresentam imperfeições.

Saneamento

Dos grandes investimentos previstos para 2004, também deixou uma grande fatia no papel o programa de saneamento ambiental urbano. Dos R$ 818,8 milhões autorizados por lei, apenas R$ 53,6 milhões (6,6%) haviam sido pagos até o fim do ano e outros R$ 454,7 milhões são objeto de promessas de gastos.

Em abril passado, o presidente Lula acusou a administração Fernando Henrique Cardoso pela morte de 300 mil crianças por falta de saneamento básico no governo anterior. No discurso, feito no Acre, disse que não faltaria dinheiro para a área em 2004.

Avião presidencial

Ainda de acordo com o retrato dos gastos federais obtido no Siafi, não faltou dinheiro para que fosse comprado o novo avião presidencial, um Airbus Corporate Jetliner, que deve estrear ainda neste mês.

De acordo com o comando da Aeronáutica, já há US$ 10 milhões reservados para quitar a última parcela do contrato. O pagamento será feito na data da entrega do avião pela fábrica, prevista para o próximo dia 15.

O Airbus personalizado consome a maior fatia de dinheiro do programa de reaparelhamento e adequação da Força Aérea, que pagou R$ 315,4 milhões em investimentos no ano passado e tem mais R$ 339,4 milhões de pagamentos já autorizados.

O avião presidencial foi comprado sem licitação por US$ 56,7 milhões. Até os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos foram usados para justificar a compra, segundo documento reservado do Ministério da Defesa.

Os R$ 5,1 bilhões pagos em investimentos em 2004 representam um avanço em relação ao desempenho do primeiro ano do governo Lula, encerrado com R$ 1,8 bilhão de investimentos pagos. No mesmo período, entre janeiro e dezembro de 2004, o governo federal pagou R$ 74,2 bilhões em juros e encargos da dívida pública.

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