Maioria das empresas abertas durante os dois mandatos do presidente Lula não produziu efeito relevante na economia brasileira
Em oito anos de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou seis empresas estatais. A maioria delas, porém, não produziu efeitos importantes na economia. Duas são fábricas - de hemoderivados e de chips. Ambas estão atrasadas e só começarão a produzir no próximo governo, sem atender totalmente à demanda do País. Os investimentos nas duas são da ordem de R$ 900 milhões.
Outra estatal, o Banco Popular do Brasil (BPB), nem existe mais. A Empresa Brasil de Comunicações (EBC), criada para ser uma emissora independente do governo, luta para escapar da pecha de ser "chapa-branca". A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) é bem vista pela iniciativa privada por haver resgatado a função de planejamento energético. Recentemente, porém, foi envolvida nos escândalos que provocaram a queda da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra.
A mais nova estatal de Lula, a Pré-Sal Petróleo S. A., está só no papel, apesar de sua criação ter sido aprovada pelo Congresso Nacional em julho passado. O Ministério de Minas e Energia, ao qual é subordinada, aguarda a aprovação da lei que institui o regime de partilha na exploração de petróleo para criar a nova estatal - responsável pela administração dos contratos de exploração do pré-sal.
As estatais criadas por Lula obedecem à lógica do governo na qual o Estado deve entrar em áreas estratégicas onde não haja interesse da iniciativa privada. É o caso da Ceitec, a fábrica de chips (semicondutores). De acordo com um empresário do setor, o governo tem "obsessão" por um empreendimento desse tipo porque grandes economias do mundo fabricam esse produto. No entanto, nenhuma empresa de peso no mercado mundial quis investir no Brasil.
Prioridade. A Ceitec já funcionava como centro de pesquisas quando, em 2008, o governo decidiu estatizá-la para construir a fábrica. A política industrial lançada em 2004 elegeu os semicondutores como área prioritária por causa do déficit comercial causado pela importação. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), o Brasil terá neste ano déficit de US$ 30 bilhões no comércio de produtos eletrônicos - metade dos bens contém semicondutores.
No entanto, o que a Ceitec vai fabricar não é o que o País mais importa, que são chips de memória de computador e aqueles utilizados em celulares e televisores, mas chips rastreadores de bois. A fábrica não tem condições de produzir memórias ou chips de celulares.
"É preciso começar com uma demonstração de princípio que o Brasil pode produzir circuitos integrados. Dita o bom senso que isso seja feito com investimentos mais reduzidos do que aqueles necessários para a produção de circuitos integrados em grande escala", disse o presidente da Ceitec, Cylon Gonçalves da Silva.Sphere: Related Content
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