Compras em países em desenvolvimento foram de 46,6 milhões de hectares em menos de um ano, diz Banco Mundial
O Brasil tem quase 15% das terras no mundo ainda não exploradas para a agricultura e deve ser um dos alvos de investidores internacionais nos próximos anos. A avaliação é do Banco Mundial, que constata que, de olho em uma população cada vez maior e com uma renda cada vez melhor, investidores estrangeiros e governos saem em busca de terras pelo mundo.
Segundo a entidade, 46,6 milhões de hectares de terras foram adquiridos por estrangeiros nos países em desenvolvimento entre outubro de 2008 e agosto de 2009 - área superior a toda a região agricultável do Reino Unido, França, Alemanha e Itália.
Os dados fazem parte do primeiro levantamento feito pelo Banco Mundial sobre as terras compradas no mundo por investidores nos últimos anos com a meta de produzir alimentos para abastecer seus próprios mercados. Desse total, 70% foi negociado com países africanos. Entre 2004 e 2008, o Sudão transferiu para estrangeiros cerca de 4 milhões de hectares. Na Libéria, a área chegou a 1,6 milhão, contra 1,2 milhão na Etiópia.
Dos 46,6 milhões de hectares vendidos, 3,6 milhões de hectares estavam no Brasil e Argentina. Há ainda o fenômeno de empresas brasileiras e argentinas adquirindo terras no Paraguai, Bolívia e Uruguai.
Mas a projeção é de que a América Latina (em especial o Brasil) seja alvo dessa estratégia de investidores nos próximos anos. Dos 464 projetos de investimentos identificados no último ano, 21% deles ocorreram já no Brasil e Argentina.
O Banco Mundial estima que existam hoje no mundo 440 milhões de hectares de terras agricultáveis que poderiam ser aproveitadas, sem a destruição de florestas - cerca de 45 milhões de hectares no País. Se usada, a terra disponível representaria uma expansão de 72% na área cultivada no País. Contando a área florestal e a que já não conta com a vegetação, o Brasil teria quase 15% do território ainda disponível no planeta para agricultura.
Cana-de-açúcar. Pelas estimativas do Banco Mundial, a produção de cana-de-açúcar no Brasil pode saltar de 8,1 milhões de hectares para quase 18 milhões de hectares. O país com a possibilidade de chegar mais perto da área plantada no Brasil para a cana seria a República Democrática do Congo, com uma área potencial de 6,5 milhões de hectares. A instabilidade política e as recentes acusações de crimes contra a humanidade dificultam qualquer tipo de investimento no país africano.
Na produção de soja, a estimativa é de que o Brasil tem espaço para dobrar a área plantada, com mais 22,1 milhões de hectares a disposição. Na Argentina, a produção poderia ser incrementada em 9,7 milhões de hectares.
Origem. Grande parte dos investidores são de origem chinesa e dos países árabes, ávidos para encontrar um fornecimento confiável de alimentos a suas populações. O governo chinês, no fim do ano passado, já indicou que estava negociando a compra de terras no Brasil. Líbia e outros países árabes já entraram em contato com produtores no Brasil em busca de acordos.
Mas, por enquanto, o grande safári esta mesmo ocorrendo na África, com países sem recursos e um setor privado incapaz de investir na terra disponível. |
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