Como último ato de uma gestão polêmica, o chanceler Celso Amorim quer dobrar o número de funcionários do Itamaraty
A menos de quatro meses de deixar o posto, o chanceler Celso Amorim trabalha nos bastidores para ampliar seu polêmico legado à frente do Ministério das Relações Exteriores. Depois de flexibilizar o ingresso à carreira de diplomata, ampliar seus quadros, modificar a estrutura da Secretaria de Estado e multiplicar o número de embaixadas, o ministro prepara-se para realizar a maior contratação de funcionários da história do Itamaraty. O plano de Amorim, obtido por ISTOÉ, prevê a criação a partir do próximo governo de quase 1.500 cargos, o que praticamente duplicará o atual número de funcionários, impactando fortemente a folha de pagamentos. Hoje, o Itamaraty gasta R$ 940 milhões só com pessoal.
Essa megarreestruturação, que está sendo consolidada em projeto de lei, inclui a criação de 400 novos cargos de diplomatas e mais 1.065 oficiais de chancelaria. Para justificá-la, Amorim alega que é preciso adequar a estrutura de recursos humanos aos crescentes desafios do cenário internacional. Na exposição de motivos, ele explica que o Itamaraty tem se empenhado na transformação da relação do Brasil com as grandes potências e na articulação das alianças estratégicas com os grandes Estados da periferia.
Foram esses motivos que fundamentaram nos últimos oito anos a abertura de 64 novas embaixadas, muitas delas em países de pouca expressividade política ou comercial. Hoje, há 223 representações diplomáticas. Além da ampliação dos quadros, a cúpula do Ministério incentiva também uma proposta de reajuste dos salários dos diplomatas, que pode chegar a 17,9%. Um terceiro secretário, por exemplo, posto de entrada na carreira, passará dos atuais R$ 12.962 para R$ 15.280. O salário de um embaixador sairá de R$ 18.478 para R$ 19.451.
Mas o presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), embaixador José Botafogo Gonçalves, questiona a ampliação dos quadros da diplomacia e defende que Amorim seja convocado pelos parlamentares para explicar o cálculo para as novas contratações. |
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