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segunda-feira, 19 de julho de 2010

A Dunga de Lula


Autor(es): Rubem Azevedo Lima
Correio Braziliense - 19/07/2010

Os reparos no visual da ex-ministra e candidata de Lula à presidência da República, Dilma Rousseff, até agora não causaram mudança alguma em seu perfil de comando autoritário sobre os subordinados. Vide o caso do programa sucessório do PT, rubricado por Dilma, página por página, depois enviado ao TSE: foi recolhido por ela, que o alterou em pontos fundamentais.

Sobre isso, este repórter ouviu, nas ruas, o apelido que deram à candidata, em função do seu jeito de comando: Dilma, a “Dunga de Lula”. Não deixa de ser uma homenagem ao conterrâneo gaúcho, gente boa, mas que não se deu bem no Mundial de futebol por seu temperamento quase idêntico ao da candidata.

Nunca se sabe quem inventa essas coisas. A Folha de S.Paulo, em 10 de julho, publicou a troca de twitters entre petistas (dois figurões do partido e um ocupante de cargo público federal). Parecia invenção e não era, nesse clima em que Lula achincalha a lei e a Justiça eleitorais.

Um coordenador da campanha presidencial do PT informa ao presidente do Serpro que o ex-governador do Rio Grande do Sul, Alceu Collares, do PDT gaúcho, rompeu com o PMDB local (que apoia Fogaça, candidato desse partido a governador) e passou a apoiar Tarso Genro, do PT. Sobre o cargo público de Alceu, o informante ironiza: “Como é bom ser conselheiro de Itaipu”.

A concessão de cargos no governo aos novos aliados do PT, em oito anos da gestão Lula, é alvo do sarcasmo de velhos petistas, que suspeitam, com razão, dos interesses escusos desse adesismo. Mas se a Dunga do PT não se eleger, os adesistas apoiarão quem a derrotar, seja quem for. Aderir ao poder é normal no PMDB e nos pequenos partidos.

Ao fugirem talvez às decepções políticas, ante o fracasso ético e social das conquistas obtidas, muitos escritores, entre os séculos 19 e 20, dedicaram-se, como Daniel Halevy, H.G.Wells, Jack London, Anatole France e outros, a previsões sobre o futuro. Previram epidemias, progresso material, altas e baixas morais. Ninguém previu o adesismo geral, praga salafrária da política, para arruinar um país.



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