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RIO - Pela quarta vez em pouco mais de uma semana, um voo da Air France com destino a Paris é cancelado por apresentar problemas. Na noite de sábado, o voo 0455, com saída marcada para às 19h05m do Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, teve sua decolagem suspensa depois que foram constatados problemas elétricos no motor da aeronave, um Airbus A330-200, durante a inspeção técnica, informou a assessoria da empresa. Depois de esperarem por cerca de quatro horas, os passageiros foram informados de que o voo havia sido remarcado para às 23h deste domingo. O avião decolou às 23h40m, com um atraso de mais de 28 horas em relação ao horário original.
Pronta para fazer sua primeira viagem de avião, a assistente comercial Raquel Bernardino chegou ao aeroporto às 17h, com antecedência suficiente para fazer o check-in e despachar sua mala sem sobressaltos. Às 19h, horário previsto para a decolagem, ela e os outros passageiros que aguardavam ansiosos na sala de embarque foram informados de que o voo atrasaria meia-hora. Já às 20h, um novo comunicado: o avião não tinha previsão para sair. Conformadas com o atraso, Raquel esperou na sala de embarque com sua amiga, até que, às 22h, veio a confirmação da suspeita: a Air France informou que a aeronave não decolaria na noite de sábado, mas que acomodaria os 170 passageiros em hotéis.
A partir de então, muita confusão na tentativa de organizar os passageiros, para que eles pudessem passar novamente pela Polícia Federal, recuperar suas bagagens e deixar o aeroporto em direção aos hotéis onde ficariam hospedados. Segundo Raquel, houve muita correria e desrespeito a idosos que aguardavam na fila :
- As pessoas mais exaltadas foram liberadas primeiro, porque a empresa queria evitar gritaria, e o restante ficou esperando. Já estava aborrecida por não ter viajado, mas a minha maior insatisfação era com o descaso dos funcionários da Air France. Estavam muito despreparados, não davam informações. Foi uma falta de respeito muito grande.
Depois de sete horas de espera, sumiço da malaApenas às 00h30m, depois de mais de sete horas no aeroporto, Raquel conseguiu pegar o ônibus fretado pela Air France em direção ao Windsor Barra Hotel, na Barra da Tijuca, um dos hotéis escolhidos pela empresa para acomodar os passageiros. A carioca, no entanto, voltou sem mala, e ainda não foi informada pela empresa sobre o paradeiro de sua bagagem.
- Estava à procura da minha mala e um funcionário da companhia aérea ainda começou a bater boca comigo. Comecei a chorar de tanto estresse - conta Raquel, que não esconde o receio em viajar depois dos últimos problemas enfrentados pelas aeronaves da Air France: - São 11 horas de voo e eu fiquei um pouco assustada com toda essa história. Tento ao máximo pensar racionalmente, senão eu não entro no avião.
A assessoria da Air France informou que toda a assistência, como translado, alimentação e hospedagem, foi prestada aos passageiros lesados, na tentativa de cumprir as novas regras da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) , em vigor desde o dia 13 de junho deste ano. Ainda segundo a assessoria, o Airbus A330-200 impedido de voar na noite de sábado passou por reparos e decolará no novo voo, AF 445A, às 23h deste domingo.
Três outros casos em oito diasNa quinta-feira (15), o voo AF 445, com saída do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, não pôde decolar depois que uma avaria na fuselagem do avião foi constatada durante a inspeção da aeronave. O voo decolou apenas no dia seguinte, como voo extra.
Na terça-feira (13), uma outra aeronave da Air France decolou do Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim às 16h20m, com destino a Paris, mas a viagem foi interrompida e o piloto retornou ao Rio de Janeiro seis horas depois devido a defeito técnico em alguns de seus toaletes .
No último sábado (10), uma falsa ameaça de bomba fez um voo da Air France pousar no Aeroporto Internacional dos Guararapes, em Recife. A aeronave havia partido do Rio de Janeiro com destino a Paris.
Os incidentes ocorrem pouco mais de um ano após a queda do voo 447 da Air France, que provocou a morte dos 216 passageiros e 15 tripulantes que estavam a bordo do avião que seguia do Rio de Janeiro para Paris, no dia 1º de junho de 2009. Apenas 50 corpos foram encontrados, após 26 dias de buscas em operação conjunta entre Marinha e Aeronáutica do Brasil, com apoio das Forças Armadas da França.
