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quinta-feira, 27 de maio de 2010

'Mesa em que bebê morreu no parto tinha desgaste', diz delegada

26/05/2010 19h25 - Atualizado em 26/05/2010 21h21


Peritos analisaram equipamento e disseram que parafusos estavam gastos.
Mãe prestou depoimento e disse à polícia que parto terminou no chão.

Glauco Araújo Do G1, em São Paulo


A mesa de cirurgia que quebrou durante o parto, no domingo (23), e provocou a morte do bebê João Henrique logo após o nascimento, estava com desgaste. A informação é da delegada Eliana Barbosa, responsável pelo caso, depois de ouvir relato preliminar dos peritos do Instituto de Criminalística (IC). O acidente ocorreu no Hospital Luís Eduardo Magalhães, em Porto Seguro (BA).

"O material foi analisado ainda no hospital e a fadiga dos parafusos era evidente. De qualquer forma, enviamos o equipamento para uma empresa especializada em perícia de metais, em Salvador", disse a delegada.

Segundo informações da diretoria médica do hospital, a mesa de cirurgia quebrou durante o parto, derrubando a mãe, Alcione Teixeira Santos, 28 anos, e o recém-nascido no chão. A criança foi sepultada nesta segunda-feira (24), no Cemitério de Pindorama, na cidade. A mãe recebeu alta nesta terça-feira (25) e não chegou a acompanhar o enterro do filho. O atestado de óbito da criança foi emitido nesta quarta-feira (26), após pedido da advogada da família, Angélica Marssaro.

Foi na hora que a maca arriou. O menino ainda estava dentro de mim. Eles fizeram meu parto no chão. Eu não vi minha criança. Não sei nem a cor do meu filho. "
Alcione Teixeira Santos

Em entrevista à TV Bahia, Alcione contou o que aconteceu na sala de cirurgia. "Já fui com a bolsa rompida e sentindo um pouco de dor. Vieram duas enfermeiras e mandaram eu ir fazendo força. Eu fazia força e nada da cabeça do menino. Elas sugeriram me levar para a mesa do parto.... Eu segurei nos ferros e ia fazendo a força e nada. Foi quando o médico chegou e comentou: ‘essa mesa não vai aguentar’. E me deixou ali, não fez nada. Foi na hora que a maca arriou. O menino ainda estava dentro de mim. Eles fizeram meu parto no chão. Eu não vi minha criança. Não sei nem a cor do meu filho. Se é moreno, ou se é branco", contou a mãe. O médico negou ter feito qualquer comentário sobre as condições da maca.

Eliana ouviu o depoimento de Alcione na manhã desta quarta-feira. "Ela nos relatou que caiu no chão quando apenas a cabeça do filho tinha saído e o resto do corpo da criança ainda estava dentro dela. O parto foi concluído quando a mãe estava no chão. A mãe nos disse ainda que não chegou a ver o rosto do filho, apesar de ter pedido para vê-lo", afirmou a delegada.

Bebê morre logo após nascer na sala de cirurgia de hospital  em Porto SeguroBebê morreu em acidente em sala de cirurgia em
Porto Seguro (Foto: Reprodução/TV Santa Cruz)

O médico responsável pelo parto, a enfermeira chefe, a responsável pela administração do hospital - que é terceirizada, e o técnico de manutenção do hospital foram à delegacia na tarde desta quarta-feira, mas serão ouvidos formalmente na segunda-feira (31). "O médico me disse hoje que as informações do pré-natal davam conta de que a criança tinha perto de 4,6 quilos e que o acidente aconteceu quando ele fazia a manobra para retirar os ombros da criança", disse Eliana.

Em nota, o hospital informou que Alcione entrou em trabalho de parto às 6h e o nascimento de João Henrique ocorreu às 15h30, de parto normal. Ainda de acordo com o documento, por conta da queda, a mãe sofreu traumatismo na região do púbis e na perna direita, e o recém-nascido morreu por conta do acidente.

Família

A sobrinha de Alcione, Deiriane Rodrigues, 20 anos, que ficou como acompanhante dela no hospital na segunda-feira (24), disse ao G1 que o médico responsável pelo parto visitou a tia para tentar explicar o ocorrido na sala de cirurgia. "O médico disse para minha tia que a mesa estava em ordem, mas minha tia disse que lembra de ter ouvido o médico falar para ela, antes do parto, que a mesa não iria aguentar a realização do parto". O médico teria negado essa versão para a delegada.

Ainda de acordo com Deiriane, durante a visita, o médico ainda teria feito piada com o peso de Alcione. "Ele teve coragem de falar que minha tia estava acima do peso. Isso a deixou mais abalada ainda. Minha tia não teve coragem de olhar para a cara do médico. Ela não quis nem conversar com ele de tão abalada que ficou."

26/05/2010
Jogos Mundiais Militares: orçamento milionário, mas baixa execução
Giselle Mourão
Do Contas Abertas

O Conselho Internacional do Esporte Militar (CISM) e delegações esportivas internacionais visitaram, no último dia 11, no Rio de Janeiro, os locais que irão abrigar provas e treinamentos do 5º Jogos Mundiais Militares. A cidade foi eleita em votação realizada em 2007 durante a 62ª Assembléia Geral do Conselho Internacional do Desporto Militar, em Ouagadougou, na África. A competição terá a participação de mais de cinco mil atletas de 110 países e será realizado no período de 16 a 24 de julho de 2011. Os valores autorizados nos orçamentos de 2009 e 2010 somam R$ 748 milhões. No entanto, até agora, o governo federal desembolsou apenas R$ 147 milhões (20% do total).

No ano passado, foram gastos R$ 82 milhões nos projetos ligados aos Jogos Mundiais Militares. A quantia representou apenas 33% da dotação prevista (R$ 250 milhões). Nos cinco primeiros meses do ano, somente R$ 65 milhões dos R$ 498 milhões autorizados para 2010 foram aplicados, incluindo os “restos a pagar” (dívidas passadas roladas pelo governo para anos seguintes). Se a média de gastos continuar desta forma (R$ 14 milhões por mês), o governo federal vai desembolsar 35% do montante global estimado no orçamento, execução pouco maior que no ano passado (veja tabela).

O Ministério da Defesa é o único órgão responsável por aplicar recursos em projetos e obras relacionados aos jogos, como construção da vila olímpica, preparação dos atletas, instalações esportivas, tecnologia e segurança. A obra da vila possui a maior dotação prevista entre todas as ações, com R$ 432 milhões autorizados desde 2009. São 1.200 apartamentos, cada um com três quartos para seis pessoas. Porém, a pasta aplicou neste ano R$ 50 milhões, até maio, ou seja, 17% do montante autorizado em orçamento.

A ação de “implantação de infraestrutura, tecnologia e de comunicações para o 5º Jogos Mundiais Militares”, responsável por preparar tecnologias da informação e adquirir sistemas para controle e apurar resultados, também está com baixa execução. Dos R$ 194 milhões previstos desde 2009, apenas R$ 37 milhões foram desembolsados até agora, valor que equivale somente a 19% do autorizado.

Segundo a assessoria de comunicação do Ministério da Defesa, os valores estão compatíveis com o desempenho das obras. “Os créditos disponíveis atendem às vilas de atletas e instalações esportivas, tais recursos são liberados progressivamente, conforme andamento físico das obras”, afirma. Quando o assunto é segurança, área menos contemplada da competição (9% de execução orçamentária), a assessoria explica que os recursos serão destinados à aquisição de sistemas de segurança, materiais e equipamentos. “Nós custeamos os eventos testes e dos jogos”, informa.

“Os repasses ocorrem à medida que avançam os cronogramas das obras, e eles estão fluindo de acordo com o previsto”, garante a assessoria. Para eles, o Ministério da Defesa e as três Forças (Marinha, Exército e Aeronáutica) cumprirão os cronogramas previstos e a entrega das obras acontecerá no prazo certo. “Todas as grandes obras deverão ficar prontas até maio de 2011”, conclui.

Execução orçamentária é pífia, diz comentarista

O jornalista e comentarista de esporte José Cruz, que já cobriu eventos internacionais em mais de 30 anos de profissão, reconhece a importância dos jogos para o calendário esportivo do país. “Trata-se de uma competição fortíssima, pois muitos países, principalmente da Europa, têm nas forças armadas um dos núcleos de seleção de seus atletas olímpicos”, diz. Ele também afirma que, apesar do Ministério da Defesa ver “compatibilidade” nesse desempenho, o entendimento do raciocínio do órgão é de difícil compreensão. “Devemos ficar atentos, pois se o orçamento não está sendo executado conforme a previsão, é sinal que poderá haver atrasos. E isso significa apressar obras na reta final, fato que pode fazer com que as licitações sejam suprimidas por falta de tempo. Isso aconteceu nos Jogos Pan-Americanos em 2007”, explica.

O comentarista ainda lembrou das dificuldades na realização do Pan-2007 relacionados à má execução. “Apesar de termos tido um evento sem problemas graves, a segurança deixou a desejar, com equipamentos caríssimos que não funcionaram, e até permitindo que pessoas estranhas entrassem em áreas reservadas, como comprovou um repórter, ao furar o cerco da Vila Pan-Americana com extrema facilidade”, afirma. Segundo Cruz, a segurança dos Jogos Mundiais Militares deverá servir como teste para a Copa do Mundo de 2014.

O ritmo lento das aplicações para a realização dos Jogos Militares preocupa o comentarista.“Isso demonstra como o esporte ainda não é assunto importante na pauta do governo. Nossas autoridades fazem um carnaval com a conquista de eventos importantes para o país, mas somente sob o ponto de vista de dividendos políticos, pois sob o ponto de vista orçamentário, na hora de cumprir um cronograma, chega-se a essa execução ridícula e comprometedora”. A responsabilidade pelos atrasos, segundo ele, será exclusivamente do Ministério da Defesa. “Ao aceitarem essa execução orçamentária pífia, tornam-se responsáveis diretos por demoras ou fracassos que vierem a ocorrer com tão importante programação esportiva”, conclui.



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