O presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Luiz Zveiter, remeteu ao Superior Tribunal de Justiça cópia de inquérito que investiga envio de e-mails falsos para desembargadores do Estado, em nome do repórter Chico Otávio, do jornal ‘O Globo’.
A Abraji acompanha com apreensão o desenrolar das investigações desse episódio – vez que, referem a autoridades, um funcionário público togado teria dado ordens a um seu subordinado para que este maculasse a atuação de um repórter. Os indícios do caso configuram grave uso de cargo público para obstar a liberdade de expressão e a prática do jornalismo investigativo.
O técnico em informática Thiago da Silva, que presta serviços para o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, confessou a fraude em depoimento à Polícia Civil carioca. Segundo depoimento do técnico, no final de 2009 ele teria sido chamado pelo desembargador Roberto Wider Filho para “atrapalhar” o repórter Chico Otávio, do jornal ‘O Globo’
e, ao mesmo tempo, tentar formar um dossiê contra Luiz Zveiter, presidente do tribunal.
Chico Otávio, ex-vice-presidente da Abraji, assina a série de reportagens a revelar ligações de Wider com o lobista Eduardo Rachkovski, acusado de intermediar a venda de sentenças judiciais. As reportagens geraram o afastamento de Wider do cargo de corregedor.
O técnico Thiago da Silva confessou a forja de conta falsa de e-mail em nome de Chico Otávio. Diz também que ajudou Roberto Wider a enviar e-mails aos desembargadores, simulando colheita de informações contra Zveiter. Wider nega as acusações e disse que o técnico Thiago da Silva foi coagido a confessar o crime. “Posso dizer apenas que eu estou profundamente indignado e revoltado contra a maneira como isso foi feito, porque o conteúdo é absolutamente inverídico. Não há um mínimo de verdade nesses depoimentos. Eu sou juiz há 38 anos. Eu não posso admitir de uma mentira tão indigna que tentem macular o meu nome”, declarou Wider.