Da Agência Brasil
Parentes de um militante que atuou na Guerrilha do Araguaia encontraram restos humanos na localidade de Brejo Grande do Araguaia, um dos locais do conflito no Pará. De acordo com a Procuradoria da República no Estado, a descoberta foi feita em conjunto pelos parentes e por uma equipe do Ministério Público Federal (MPF), que investigaram a região após novas informações colhidas sobre sepultamentos em Brejo Grande do Araguaia.
O local das ossadas fica a 90 quilômetros de Marabá e é conhecido como Tabocão. A região do Tabocão sempre foi apontada como possível área de enterros de guerrilheiros mortos durante os combates na década de 1970 e chegou a ser escavada em outubro do ano passado pelo Grupo de Trabalho Tocantins, formado pelo Ministério da Defesa, para procurar as ossadas desaparecidas. No entanto, o grupo não conseguiu encontrar nenhuma ossada.
Em depoimentos no MPF, moradores de Brejo Grande informaram que as escavações da Operação Tocantins foram feitas em pontos incorretos. “Toda a população de Brejo Grande e das redondezas comentou que as escavações realizadas no Tabocão foram feitas em local errado”, disse uma moradora em depoimento no MPF. As testemunhas também informaram que o local onde as ossadas foram encontradas fica a uma distância de cerca de 30 metros do local escavado no ano passado.
De acordo com o MPF, as ossadas foram encontradas depois que familiares do guerrilheiro Antônio Teodoro de Castro, que usava o codinome Raul na guerrilha, conversaram com um informante, que não quer se identificar, nem falar com as autoridades. Ele apontou vários locais onde poderiam estar sepultados corpos de guerrilheiros. De acordo com o MPF, foram encontrados pedaços de crânio, dentes e restos de tecidos no ponto exato apontado pelo informante.
O MPF informou ainda que existe a suspeita de que as ossadas encontradas podem pertencer aos guerrilheiros Pedro Carretel (Carretel), Rodolfo de Carvalho Troiano (Manoel do A), Gilberto Olímpio Maria (Pedro) e Maurício Grabois (Mário).
Ontem (16), o procurador da República no Pará, Tiago Modesto Rabelo, pediu apoio da Polícia Federal (PF), do Instituto de Perícias Científicas do Pará e do Instituto Médico Legal de Marabá para o resgate das ossadas. “Como estávamos a agir diante de fato urgente e imprevisível, as ações da equipe tiveram o objetivo de adotar as providências preliminares e emergenciais para garantir o resgate dos restos e a integridade do local”, explicou o procurador.
Segundo o Ministério Público Federal, quatro peritos, dois agentes da PF e dois técnicos do MPF fizeram o registro de depoimentos de moradores e as escavações, e acabaram encontrando mais restos humanos. Todo o material encontrado foi levado para a sede do MPF no Pará e será encaminhado ao Instituto Médico Legal em Marabá.
O Ministério Público informou ainda que os agentes e peritos da PF também estão preparando um relatório com fotos das ossadas encontradas. Depois do trabalho de campo, as ossadas serão encaminhadas para Brasília, onde passarão pelo processo de identificação.
Combatida pelo Exército, a Guerrilha do Araguaia foi um movimento de resistência ao regime militar (1964-1985) organizado pelo PC do B na primeira metade da década de 1970.
s Sphere: Related Content