16 de fevereiro de 2010
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O exército francês expôs deliberadamente seus soldados a radiações durante uma série de ensaios nucleares atmosféricos realizados na década de 1960 na Argélia, segundo um informe militar.
Ao colocar militares perto do ponto de explosão, o exército procurava "estudar os efeitos psicológicos produzidos pela arma atômica no homem", relata o primeiro tomo do "Informe sobre os testes nucleares franceses de 1960-1965", arquivado como secreto e do qual a agência France-Presse obteve uma cópia.
Ouvido pela AFP, o ministro da Defesa, Hervé Morin, afirmou que o governo informará "com total transparência" sobre o nível de exposição à radiação depois de cada ensaio.
O informe, elaborado por oficiais franceses seguramente em 1998, isto é, depois que a França deixou de realizar provas nucleares (em 1996), faz referência, em especial, ao último teste realizado no Saara argelino, no dia 25 de abril de 1961, quando a Argélia ainda era colônia francesa.
Pouco depois do lançamento, foram feitas manobras para enviar cerca de 30 soldados à área contaminada. Alguns se protegeram em trincheiras individuais, cavadas a 800 metros do lugar de impacto, enquanto outros se aproximavam desse ponto em veículos 4x4. Usavam botas, luvas e máscaras de combate.
O objetivo era "estudar os efeitos fisiológicos e psicológicos produzidos sobre o homem pela arma atômica, de modo a se obter elementos necessários para a preparação física e a formação moral do combatente moderno", diz o documento.
As manobras deveriam permitir, também, "realizar um programa de instrução sobre as medidas práticas a serem tomadas pelos combatentes para por-se em guarda, proteger-se e descontaminar-se", diz o texto.
Depois da explosão, os resultados constatados assinalaram "a ausência de queimaduras visíveis, efeitos mecânicos praticamente nulos, um nível de radiatividade elevado".
"Parecia, segundo estes resultados, que a 800 metros do ponto zero e além da zona de queda do pó radiativo, os combatentes estariam fisicamente aptos para continuar em combate", acrescenta o documento.
O texto reconhece, no entanto, que "estando na ofensiva, se a infantaria fosse chamada a combater numa zona contaminada (...) a vestimenta especial não proporcionaria senão uma proteção relativa".
O ministro Morin recordou que foi aprovada lei de indenização das vítimas desses ensaios, em 2009, indicando que havia exigido "um estudo complementar sobre cada tiro e o nível de exposição correspondente".
"As conclusões serão públicas", anunciou Morin.
A França realizou 210 testes nucleares; o primeiro foi no Saara, em 1960, e o último, em 1996, na Polinésia francesa. Milhares de veteranos, que teriam sido contaminados, lutam pelo reconhecimento dos prejuízos causados à sua saúde.
(Com agência France-Presse)
Ao colocar militares perto do ponto de explosão, o exército procurava "estudar os efeitos psicológicos produzidos pela arma atômica no homem", relata o primeiro tomo do "Informe sobre os testes nucleares franceses de 1960-1965", arquivado como secreto e do qual a agência France-Presse obteve uma cópia.
Ouvido pela AFP, o ministro da Defesa, Hervé Morin, afirmou que o governo informará "com total transparência" sobre o nível de exposição à radiação depois de cada ensaio.
O informe, elaborado por oficiais franceses seguramente em 1998, isto é, depois que a França deixou de realizar provas nucleares (em 1996), faz referência, em especial, ao último teste realizado no Saara argelino, no dia 25 de abril de 1961, quando a Argélia ainda era colônia francesa.
Pouco depois do lançamento, foram feitas manobras para enviar cerca de 30 soldados à área contaminada. Alguns se protegeram em trincheiras individuais, cavadas a 800 metros do lugar de impacto, enquanto outros se aproximavam desse ponto em veículos 4x4. Usavam botas, luvas e máscaras de combate.
O objetivo era "estudar os efeitos fisiológicos e psicológicos produzidos sobre o homem pela arma atômica, de modo a se obter elementos necessários para a preparação física e a formação moral do combatente moderno", diz o documento.
As manobras deveriam permitir, também, "realizar um programa de instrução sobre as medidas práticas a serem tomadas pelos combatentes para por-se em guarda, proteger-se e descontaminar-se", diz o texto.
Depois da explosão, os resultados constatados assinalaram "a ausência de queimaduras visíveis, efeitos mecânicos praticamente nulos, um nível de radiatividade elevado".
"Parecia, segundo estes resultados, que a 800 metros do ponto zero e além da zona de queda do pó radiativo, os combatentes estariam fisicamente aptos para continuar em combate", acrescenta o documento.
O texto reconhece, no entanto, que "estando na ofensiva, se a infantaria fosse chamada a combater numa zona contaminada (...) a vestimenta especial não proporcionaria senão uma proteção relativa".
O ministro Morin recordou que foi aprovada lei de indenização das vítimas desses ensaios, em 2009, indicando que havia exigido "um estudo complementar sobre cada tiro e o nível de exposição correspondente".
"As conclusões serão públicas", anunciou Morin.
A França realizou 210 testes nucleares; o primeiro foi no Saara, em 1960, e o último, em 1996, na Polinésia francesa. Milhares de veteranos, que teriam sido contaminados, lutam pelo reconhecimento dos prejuízos causados à sua saúde.
(Com agência France-Presse)
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