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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Com telhado de vidro, oposição não deve explorar prisão de Arruda na campanha eleitoral, dizem especialistas



Raquel Maldonado
Do UOL Notícias
Em São Paulo

A prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), não deve ser utilizada pela oposição como peça central na próxima campanha eleitoral. Assim como Arruda, os partidos políticos de oposição a ele também têm telhados de vidro, o que impede a exploração do chamado mensalão do DEM na disputa de outubro, segundo cientistas políticos ouvidos nesta quinta-feira (11) pelo UOL Notícias.

“Infelizmente, hoje em dia não existe ninguém na política brasileira que possa acusar o governador Arruda ou levantar a bandeira da honestidade de forma absoluta. Caso alguém o faça, será, como dizem no linguajar comum, ‘o sujo falando do mal lavado’”, afirma o cientista político do Centro de Pesquisa e Comunicação (Cepac) Humberto Dantas.

"Assim como Arruda, outros tantos políticos poderiam ter sido presos e não foram por falhas na Justiça. O José Dirceu [ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado durante o processo sobre o mensalão envolvendo o governo federal em 2005] poderia ter sido preso. Tantos outros mensaleiros poderiam ter sido presos e não foram. Tem até ex-mensaleiro reeleito", conclui Dantas.

Para a cientista política Maria do Socorro Braga, “todos os partidos políticos brasileiros estão envolvidos atualmente em problemas antiéticos, então, caso eles decidam utilizar o decreto de prisão de Arruda como trunfo, precisarão ficar atentos porque virá tiro do outro lado também”, avalia.

Para João Augusto de Castro Neves, analista político da CAC (Consultoria Política) de Brasília, a única diferença entre todos os escândalos envolvendo políticos é que, no caso de Arruda, foi um escândalo atrás do outro “quase de forma compulsiva” e, principalmente, porque havia uma câmera filmando tudo.

Para Castro Neves, no âmbito nacional, quem mais perde com a prisão de Arruda é o governador de São Paulo José Serra (PSDB), cotado para ser o candidato tucano na eleição presidencial em outubro. O analista acredita que o governador perde mais um palanque estadual com a saída de Arruda. “Agora, o Serra terá de construir ele mesmo um palanque no Distrito Federal”, explica.

Doze dos 15 ministros da Corte Especial do STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiram nesta quinta-feira (11) decretar a prisão preventiva do governador Arruda, envolvido no escândalo conhecido como mensalão do DEM. O vice-governador, Paulo Octávio, deve assumir o cargo.




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