Contestei num texto desta manhã um artigo de Eugênio Bucci, publicado no Estadão, que decreta uma espécie de igualdade ética entre todos os partidos, pretexto, como está claro lá, para ele lançar a candidatura do petista Fernando Haddad ao governo de São Paulo. Segundo ele, trata-se de uma questão de “dignidade”. Contestei porque esse negócio de que “todos são iguais” pode causar certo conforto intelectual e moral, mas não resolve o problema. Pecados distintos, também os éticos, merecem considerações distintas. Bem, não vou repetir os argumentos. Quem não leu o texto que o faça.
A prisão de José Roberto Arruda foi decretada. Não só a dele: o STJ determinou ainda a prisão do ex-deputado Geraldo Naves; de Weligton Moraes, ex-secretário de Comunicação; de Rodrigo Arantes, sobrinho do governador; de Haroaldo Brasil de Carvalho, diretor da CEB (Companhia Energética de Brasília), e de Antonio Bento da Silva, conselheiro do Metrô — este já está preso.
Por tudo o que se viu e se sabe, a cadeia parece ser um bom lugar para toda essa gente. Além das lambanças reveladas pelas tais fitas, há evidências de uso do cargo para tentar obstruir a investigação. NÃO! É UM ERRO, UMA TOLICE MESMO!, ACUSAR PERSEGUIÇÃO A ARRUDA E A SEU BANDO DE PATRIOTAS! A QUESTÃO RELEVANTE É OUTRA.
Agora proponho uma reflexão a Bucci. Veja como, de fato, há diferenças no tratamento dispensado às várias bandidagens no Brasil. Impressiona, certamente, a eficiência da Polícia Federal para “pegar” Arruda e desmontar a quadrilha que operava, ou opera ainda, no Distrito Federal. Para tanto, recorreu aos serviços de um quadrilheiro, que passou a funcionar como alcagüete. Fazendo o que sempre fazia e que o tornou notório nos becos sujos da política brasiliense, o tal Durval Barbosa conseguiu produzir provas contra Arruda. Reitero: Durval não teve de mudar de comportamento para conseguir comprometer o governador e a corja toda: bastou ser ele mesmo.
Vale dizer: cada prova produzida contra Arruda e seu grupo deveria ser considerada também uma prova contra Durval, ora. “Ah, mas estava atuando com a polícia, com o benefício da delação premiada”. Fato. Mas ninguém se surpreendia de entrar em sua sala e pegar uma grana. As coisas passavam por lá.
Que pena não ter visto uma Polícia Federal tão diligente para investigar um escândalo bem maior do que esse: o do mensalão do PT. Que pena não ter visto uma Polícia Federal tão diligente para investigar o dossiê dos aloprados. Atenção: EU NÃO LASTIMO QUE SE TENHA ADOTADO TAL PADRÃO PARA ARRUDA. EU LASTIMO É QUE O PADRÃO “PEGA-ARRUDA” NÃO TENHA SIDO USADO COM OS QUADRILHEIROS E ALOPRADOS DO PT. Aliás, lastimo também que o próprio Ministério Público tenha parecido bem mais animado para trancafiar essa quadrilha do que se mostrou para trancafiar a outra.
O processo que investiga o mensalão do PT está no STF. Vamos ver no que vai dar. O que se tem hoje é o seguinte: ARRUDA VAI PARA A CADEIA. É O LUGAR CERTO. OS MENSALEIROS DO PT ESTÃO NO PODER. É, PARA DIZER POUCO, O LUGAR ERRADO. Algo não funcionou a contento para punir a safadeza dos petistas. O que terá sido? Por mim, estariam todos quebrando pedra na Papuda!Sulamérica Trânsito
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