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domingo, 17 de janeiro de 2010

Haiti teme epidemias e planeja evacuação em massa




Voluntário alimenta menina ferida no hospital geral, em Porto Príncipe Foto: AP

Voluntário alimenta menina ferida no hospital geral, em Porto Príncipe
16 de janeiro de 2010
Foto: AP


Os organismos de socorro não esperam muitos mais "milagres" como o do resgate neste sábado de uma mulher que ficou 80 horas soterrada sob os escombros do terremoto de terça-feira. Agora a atenção está mais centrada em como evitar uma crise sanitária no Haiti. O governo planeja evacuações em massa para evitar a disseminação de doenças.

As dificuldades para encontrar vítimas com vida, como Lidovia Pierresainte, mulher de 33 anos que após um trabalho de nove horas e meia foi salva por uma brigada do Peru e da Nicarágua, uniu-se um novo tremor, de 4,5 graus na escala Richter, que causou pânico mais uma vez e atrasou os trabalhos de resgate.

Uma mostra da precária situação na capital haitiana foi vivida durante o resgate de Perresainte, cujos socorristas deviam fazer turnos de meia hora por causa do cheiro forte dos três corpos que estavam a seu lado, disse o nicaraguense Bernardino Bermúdez.

O ministro da Saúde do Haiti, Alex Larsen, disse que já foram encontrados "mais de 25 mil" mortos, a maior parte dos quais foi parar em valas comuns, onde são cobertos com cal virgem e depois com terra. Sob críticas por uma suposta intenção do governo de queimar os corpos, Larsen não descartou a possibilidade. "Ainda não tomamos a decisão", disse.

O ministro de Interior, Antoine Ben-Aimé, disse à agência EFE que no total seriam 100 mil os mortos, 70 mil deles em Porto Príncipe. Em outras cidades como Leogane (oeste) morreram entre 5 mil e 10 mil no meio da queda de 90% dos prédios, o mesmo nível de destruição de Carrefour, segundo Elizabeth Byrs, porta-voz do escritório humanitário da ONU (Ocha).

"No momento em que começarmos a derrubar as casas que foram danificadas, a atmosfera será irrespirável, porque aparecerão novos cadáveres", disse Larsen. A isto se soma, segundo Ben-Aimé, que na capital haitiana circulam cerca de 600 mil pessoas que ficaram sem-teto por causa da "catástrofe histórica" e "a pior situação à qual a ONU deve enfrentar", tal como asseverou hoje Elizabeth.

Sem água, sem comida e sem banho, muitos sobreviventes recorrem aos acampamentos improvisados desde terça-feira na capital do país mais pobre da América. Um deles fica na praça Saint Pierre, onde cerca de 10 mil haitianos estão acampados, afirmou representante de Defesa Civil, Benoit Frantz.

No local, há restos de excrementos e montes de lixo, cuja pestilência se mistura com os cadáveres em decomposição. Para evitar que os riscos de epidemias e doenças continuem crescendo, Ben-Aimé confirmou que seu país planeja evacuações maciças.

"Em muitos casos vamos ter de proceder ao deslocamento da população, e planejamos construir acampamentos provisórios para receber as vítimas", disse.

Os dois ministros se referiram, além disso, ao atraso no atendimento aos feridos e o atribuíram aos graves danos nas infraestruturas e nas comunicações. O Hospital Geral, maior centro médico do país, já começou a receber remédios, material paramédico e alimentos para os doentes, após três dias de paralisia total, apesar de seu gerente geral, Guy Laroche, ter dito que toda a ajuda "foi de ONGs".

Apesar desta e de outras críticas à desorganização governamental, incluindo afirmações de que os EUA é que estão coordenando essa tarefa, Washington afirmou que é o governo de René Préval que comanda esses esforços.

Como parte dessas tarefas de coordenação da ajuda, Préval, que pediu para se melhorar a coordenação das equipes de resgate e sobrevoou Porto Príncipe para constatar a magnitude da catástrofe, viajará na segunda-feira a Santo Domingo para uma reunião preparatória da Cúpula Mundial pelo Haiti que se realizaria em março.

O presidente americano, Barack Obama, anunciou o Fundo Clinton-Bush, que buscará organizar a sociedade civil de seu país nos esforços humanitários e de reconstrução no Haiti. Além disso, a secretária de Estado de EUA, Hillary Clinton, chegou neste sábado a Porto Príncipe para levar a Préval e ao povo haitiano a solidariedade e o compromisso de Washington.

A ajuda internacional continua chegando ao terminal aéreo da capital, que já alcançou sua capacidade máxima de 90 aterrissagens e é comandado pelos EUA, após a assinatura de um "memorando de entendimento" com o Haiti.

O próximo dignatário a chegar à nação será o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, neste domingo. O desespero que invade os sobreviventes continua degenerando em saques e roubos a transeuntes no centro de Porto Príncipe - onde entre 6 mil presos fugiram após o terremoto -, sem que a Polícia intervenha.



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