Farmácia cadastra cliente para compra de remédio contra nova gripe.
Ministério da Saúde confirma quatro casos de nova gripe no Brasil.
A corrida em São Paulo por máscaras cirúrgicas e o Tamiflu, único remédio eficaz contra o vírus influenza A (H1N1), começou muito antes de o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, confirmar o registro de quatro casos de infecção no Brasil, nesta quinta-feira (7). Poucas horas depois do anúncio de que o vírus entrou no país, o G1 percorreu algumas farmácias da capital paulista, na madrugada desta sexta (8), e constatou que o kit sumiu das prateleiras. A procura é de média para grande, o que levou ao menos uma drogaria a cadastrar clientes em uma fila de espera, todos interessados na compra do remédio, há mais de uma semana.
Não foi possível percorrer todas as farmácias de São Paulo, porém, unidades das maiores redes farmacêuticas, cujos estoques são monitorados online em âmbito estadual, foram visitadas na região central e na Zona Sul da cidade.
O Tamiflu, que custa R$ 166,00 (cartela com 10 comprimidos), sumiu do mercado. Apenas duas caixas de máscaras – cada uma com 50 unidades e a R$ 10,90 – foram encontradas.
Em média, segundo os funcionários que trabalham no período noturno das redes visitadas, quatro clientes procuram o remédio ou a máscara de proteção por dia.
Kit sem reposição
Numa farmácia dos Jardins, que integra um grupo com cerca de 200 estabelecimentos em São Paulo, o Tamiflu acabou dias depois de a nova gripe se espalhar por México e Estados Unidos. “Vendemos as poucas unidades que tínhamos logo depois que o noticiário cresceu”, disse o gerente Vinícius Matos, de 21 anos. “Não há previsão de reposição do remédio. Provavelmente, nem o teremos mais”, emendou. Ele afirmou ainda que não há máscaras cirúrgicas nas lojas da rede.
Ouvida anteriormente, a coordenadora do setor de pesquisa em vírus respiratórios da Unifesp, a infectologista Nacy Junqueira Bellei, já havia explicado que o Tamiflu dificilmente estará disponível no mercado: “Só o governo tem à disposição. Nas farmácias, já se esgotou e não vai ser reposto. Mas é importante dizer que as pessoas não devem tomar o medicamento por conta própria”.
Fila de espera
Numa outra grande rede de farmácias, estoques do kit terminaram há uma semana. “Máscaras só em casas que vendem material cirúrgico”, avisou o gerente João Caldeira, 30. Ele afirmou ainda que tem quatro clientes cadastrados à espera do Tamiflu. “Tem uma pessoa que, embora pareça não ter contraído a gripe, quer três caixas de comprimidos”, afirmou.
Em uma drogaria que integra grupo com mais de 250 lojas em todo o país, também nos Jardins, foram encontradas duas caixas de máscaras. Um verdadeiro achado. “Antes, cinco pessoas procuravam máscaras diariamente, por diversos motivos. Agora, esse número aumentou para 10 clientes por dia”, afirmou a responsável pelo estabelecimento, Estela Ingrid, de 22 anos.
O assistente administrativo Lucas Santana, 26, de uma grande drogaria no Jabaquara, Zona Sul, confirmou que aumentou a procura por máscaras e o remédio. Porém, a exemplo de outras farmácias, ele também não tinha nada em estoque e nem dava esperanças de que o kit seria reposto tão cedo. “Não é possível encomendar”, disse.
Máscaras precisam de certificação
De acordo com o infectologia Edmilson Migowski, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, as máscaras sem a certificação N95 ou PFF2, concedida pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), devem ser descartadas por quem não está doente e quer evitar o contágio.
De acordo com Migowski, apenas as máscaras com estas certificações são capazes de obstruir até 95% da matéria da partícula do vírus causador da gripe. Ele explica que a máscara deve encobrir a boca e o nariz, principais canais de contágio do vírus. O acessório, conta o infectologista, não tem validade e só precisa ser trocado em caso de dano, corte, rasgo ou umidade.
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