Ator que já foi capitão Nascimento vive outro personagem atormentado.
"Nós vamos morrer e nossos tataranetos continuarão assistindo Hamlet", diz Moura.
Em "Hamlet", peça que estréia nesta sexta (20) em São Paulo, Wagner Moura vai subir aos palcos para viver um dos maiores personagens do teatro. Mas o que há de comum entre o capitão Nascimento, a figura central do filme “Tropa de elite”, e Hamlet, um dos maiores personagens de Shakespeare?
Veja o site do Jornal da Globo
O que eles têm em comum é a dúvida sobre si mesmos, a angústia e um ator brasileiro, Wagner Moura, que da podridão do morro vai agora à podridão do reino da Dinamarca.
Wagner Moura saiu da favela e entrou no palácio para viver outro personagem atormentado: Hamlet, o príncipe da Dinamarca, que recebe do fantasma do pai a missão de vingar seu assassinato.
- » Ator brasileiro comemora Oscar do teatro americano
- » Brasileiro vence o Oscar do teatro americano
- » Fechamento de teatro deixa funcionária mais antiga 'de coração apertado'
- » Dois teatros reforçam vida cultural da cidade
- » Astro de Harry Potter vai ficar nu na Broadway
- » Banheiro público vira palco para peça de teatro em NY
“Hamlet passa longe de ser esse príncipe monolítico, triste. Ele é também isso, mas é muito mais. Porque é uma peça e um personagem maiores do que a maioria de nós”, diz o ator.
Escrita por William Shakespeare por volta de 1600, Hamlet é uma das grandes tragédias do teatro ocidental. Ganhou versões famosas. Em 1948, Sir Laurence Olivier levou-a às telas e fez, do alto de um penhasco, a célebre pergunta que expressa toda a angústia do personagem: “To be or not to be. That is the question.”. Ser ou não ser. Esta é a questão.
Hamlet é o maior personagem da história do teatro. Talvez só ele tenha a força para deixar em segundo plano o capitão Nascimento.
Depois de viver o protagonista de "Tropa de Elite", Wagner Moura encarou o texto de Shakespeare com reverência.
“O Shakespeare é incrível, ele conseguiu ser um cânone literário e o maior homem de teatro do mundo. Termina sendo uma espécie de fetiche dos atores”, comenta Wagner Moura.
Não importa a época e nem o país, encenar a peça mais conhecida de Shakespeare é quase sempre o grande sonho e ao mesmo tempo uma prova de fogo para qualquer ator. O desafio é ainda maior se além de atuar, o elenco também tiver que manusear uma câmera de vídeo, como nesta peça.
Os atores em cena registram os próprios movimentos, exibidos em um telão. Lá e no palco, um Hamlet diferente, um dinamarquês meio à baiana.
“O Hamlet é debochado, o personagem é um personagem debochado. E o brasileiro também. E eu como um brasileiro debochado, terminei fazendo um Hamlet também debochado”, brinca.
De uma coisa Wagner Moura tem certeza: Hamlet e Shakespeare sempre foram maiores do que todos os seus encenadores.
“Talvez por isso essa peça esteja viva até hoje, e provavelmente estará viva daqui a 500 anos. Vai enterrar nós todos. Nós vamos morrer e os nossos tataranetos continuarão assistindo 'Hamlet'”, conclui.
De 20/6 a 28/9 - Sextas e sábados, às 20h; domingos, às 18h.
Teatro Faap (Rua Alagoas, 903, Consolação), São Paulo.
Tel. (11) 3662-7233 ou (11) 3662-7234.
Ingressos: R$ 80.
Nenhum comentário:
Postar um comentário