Operação João de Barros é a maior do ano e descobriu desvios no programa; prejuízo chega a R$ 700 milhões
Agência Brasil
Agentes da Polícia Federal e um delegado chegaram a cumprir mandado de busca e apreensão na Câmara dos Deputados. No gabinete do deputado João Magalhães (PMDB-MG), no anexo 4 da Câmara dos Deputados, a PF levou vários documentos, um laptop e, aparentemente, um HD (disco rígido de computador). Há suspeita de que existam funcionários do gabinete envolvidos nos desvios de verba pública. Além do gabinete do deputado Magalhães, agentes também apreenderam documentos no gabinete de outro parlamentar mineiro, Ademir Camilo (PDT). Os parlamentares não estavam em seus gabinetes.
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A operação da PF envolveu cerca de mil policiais e está sendo realizada nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Goiás, Tocantins e no Distrito Federal. E foram expedidos 231 mandados de busca e apreensão e 38 mandados de prisão temporária. O dinheiro do PAC era desviado de obras de casas populares e estações de tratamento de esgoto. "Até agora foram presas 26 pessoas, entre elas servidores públicos, empresários e lobistas", disse uma assessora de imprensa da Polícia Federal no início da tarde de sexta-feira.
O superintendente da Polícia Federal em Minas Gerais, David Salem, disse, em Brasília, que a operação pode resultar na instauração de, pelo menos, 200 inquéritos criminais."Vamos instaurar inquéritos para cada projeto, de forma que não se prejudique a investigação e se garanta a persecução penal. Houve desvio da ordem potencial de R$ 700 milhões, mas, com o correr das investigações, vamos dividir e chegar ao valor de cada projeto", afirmou Salem.
A partir de denúncias veiculadas pela imprensa, uma auditoria do TCU realizada em 29 municípios do leste de Minas Gerais revelou indícios de fraude na execução de obras. Em seguida, a investigação policial resultou na desarticulação de um esquema criminoso de desvio de verbas públicas destinadas, principalmente, à construção de casas populares e estações de tratamento de esgoto em vários municípios.
Com menos dinheiro para a execução, as obras não apresentaram o padrão de qualidade e quantidade previsto no projeto original com o emprego de material de qualidade inferior, extensão da obra entregue menor que a estabelecida no projeto ou ainda a não realização da obra.
Todos os mandados de busca e apreensão foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal. Já os mandados de prisão foram expedidos pelo Juiz Hermes Gomes da 2ª Vara de Governador Valadares/MG. No curso da operação foi fundamental o apoio do judiciário em mais de uma instância, do Ministério Público Federal e da Controladoria Geral da União.
Veja o nome dos 38 procurados pela Polícia Federal:
Abelmar de Almeida Rodrigues - empresário de Belo Horizonte
Adair Pereira Barbosa - empresário de Governador Valadares
Alexandre Isaac Freire - funcionário público de Brasília
Antônio Carlos de Carvalho - empresário de Governador Valadares
Antônio José da Silva Filho - funcionário público de Governador Valadares
Carlos Alberto da Rocha Machado - empresário de Lagoa Santa
Carlos Alberto Buzaferro Ferreira - lobista de Belo Horizonte
Edson José Fernandes Ferreira - lobista de São Paulo
Eduardo Luis Cabral - empresário de Governador Valadares
Eduardo Luis Magalhães - empresário de Belo Horizonte
Edvan Miranda - Belo Horizonte
Eliza Evangelista Carvalho - laranja de Belo Horizonte
Evaldo Gomes de Figueiredo Junior - funcionário público de Governador Valadares
Fernando Antonio Pinto - empresário de Governador Valadares
Fernando Franco de Engnane - empresário de Governador Valadares
Francisco Carlos Correa de Moura - empresário de Belo Horizonte
Frederico Carlos de Carvalho Soares - funcionário público de Belo Horizonte
Érico Fonseca Sobrinho - lobista de Goiânia
João Carlos de Carvalho - lobista de Belo Horizonte
Jose Assis Costa - empresário de Caratinga
Jose de Mello Kallas - empresário de Belo Horizonte
Jose Maria Alves de Carvalho - empresário de Governador Valadares
Kleber Fabrício Silva - empresário de Governador Valadares
Luca Prado Kallas - empresário de Belo Horizonte
Luis Claudio de Vasconcelos - funcionário público de Brasília
Marco de Almeida Rodrigues - empresário de Belo Horizonte
Marcio Andrade Bonilho - empresário de São Paulo
Marcio Miranda Soares - empresário de Governador Valadares
Mary Rosania da Silva Lanes - funcionária pública de Governador Valadares
Maurilho Reis Pretas - empresário de Belo Horizonte
Miciany Catarine Madureira - Belo Horizonte
Otavio Augusto Gonçalves Jardim - funcionário público de Brasília
Patricy Carneiro Desmotes - empresária de Governador Valadares
Paulo Roberto Miranda Soares - empresária de Governador Valadares
Pierre Gonçalvez da Silva - empresária de Governador Valadares
Ricardo Motta dos Santos - empresário de Belo Horizonte
Roberto Correa de Moura - empresário de Belo Horizonte
Rudson Kerley de Oliveira - funcionário público de Teófilo Otoni
(com Andréia Sadi, Bianca Pinto Lima e Paulo R. Zulinodo estadao.com.br, Felipe Recondo, de O Estado de S. Paulo e Reuters)
Senadores divergem sobre alternativa à CSS
CARINA URBANIN - Agencia Estado
Segundo a Agência Senado, Garibaldi pretende apresentar, desde que tenha aval dos líderes partidários no Senado, um substitutivo ao projeto de lei complementar 306/08, que regulamenta a Emenda 29, vinculando receitas da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal a gastos na área da saúde. O substitutivo, segundo o senador, proporia a ampliação da cobrança da Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (Cide) sobre bebidas, cigarros e carros de luxo, além de elevar a alíquota do Imposto de Renda (IR) incidente sobre os dividendos que os empresários repassam a seus sócios (de 15% para 27%).
O senador José Agripino, no entanto, manifestou-se "terminantemente contra" a proposta, que, a seu ver, "não poderia nem ser verbalizada". "O Congresso Nacional não pode ser autor de algo que signifique aumento da carga tributária. Não tem sentido", declarou.
Já Casagrande aplaudiu a iniciativa de Garibaldi. Em sua avaliação, a idéia não é criar novos impostos, mas ampliar cobranças e tributos já existentes. "É uma excelente proposta", disse. E completou: "Estaremos taxando produtos que fazem mal à saúde e geram prejuízos aos cofres públicos e pessoas que podem pagar mais. A iniciativa conta com meu apoio."
Antes de ir a Plenário, no Senado, a matéria que regulamenta a Emenda Constitucional 29 e cria a CSS deverá passar pelas comissões de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), Assuntos Sociais (CAS) e Assuntos Econômicos (CAE). Em reunião na última quarta-feira, os líderes decidiram adiar a apreciação da proposta para depois das eleições municipais.
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