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domingo, 29 de junho de 2008

Uso de sirenes em carros confunde motoristas em SP


Uso do acessório é infração média; motorista pode ser multado e ter carro apreendido.
Polícia Militar diz que uso desse equipamento tem crescido nos últimos meses.
Claudia Silveira do G1, em São Paulo

Foto: Claudia Silveira/G1
Claudia Silveira/G1
Lojas de peças para automóveis na Rua Duque de Caxias, no centro da capital, vendem sirene com som de carro da polícia para qualquer tipo de cliente (Foto: Claudia Silveira/G1)

Nem sempre que uma sirene soa nas ruas de São Paulo é sinal de que policiais estão por perto. Motoristas de carros particulares estão equipando o veículo com sirenes que emitem o mesmo som e chegam a confundir quem está por perto já que não podem ser identificados.

O acessório mede aproximadamente 30 cm, tem o formato que lembra um megafone e é vendido indiscriminadamente em lojas especializadas em equipamentos para carro, localizadas principalmente na Rua Duque de Caxias, no centro da capital.

O comércio desse tipo de sirene é tão comum que dá até para fazer pesquisa de preços e pechinchar, graças à concorrência. A mesma sirene pode sair por R$ 150 em uma loja, sem direito a instalação, e chegar a R$ 250 em outra poucos metros adiante, de onde o motorista já pode sair buzinando. Também dá para comprar uma buzina com o hino do Corinthians, mas como a demanda está pequena, dizem os vendedores, é preciso fazer encomenda.

As sirenes são instaladas diretamente na bateria e não comprometem a buzina que vem de fábrica no veículo. Os vendedores sabem que esse tipo de acessório não deve ser usado à toa e até dão dicas para o motorista não enfrentar problemas. “É só não buzinar perto de policiais, de delegacia e de quartel”, orienta o vendedor identificado apenas como Roberto.

O vendedor até conta para os clientes como é se passar por veículo da polícia. “O carro do nosso patrão tem uma sirene dessas. Teve um dia em que pegamos a Marginal e, quando ligamos ela, os carros abriram caminho na hora”, conta.

Foto: Claudia Silveira/G1
Claudia Silveira/G1
O taxista Leomar Nascimento afirma sempre ceder passagem quando ouve sirene da polícia, mesmo reconhecendo que pode ser uma farsa (Foto: Claudia Silveira/G1)

O taxista Leomar Nascimento, de 46 anos, é um dos motoristas que dão passagem quando ouvem a sirene. "Sei que, muitas vezes, é algum espertinho se passando por polícia, mas tem de abrir caminho de qualquer jeito porque sei que também pode ser um carro da polícia descaracterizado", diz.

Em 15 anos de trabalho no trânsito de São Paulo, Nascimento diz que tem percebido o aumento no número de carros que usam esse tipo de sirene. "Mas é algo muito difícil de controlar, né?", indaga.

Um dos fabricantes desse tipo de sirene entrevistado pelo G1, e que não quis se identificar, reconhece que não há um controle muito rígido sobre a comercialização do acessório. "A gente revende para a rede referenciada, mas o que fazem com a sirene depois que ela sai da fábrica, não temos como saber", diz. "Nós não trabalhamos com o consumidor final, mas é comum donos de carro blindado nos procurarem porque têm interesse em instalar a sirene".

Infração

De acordo com o artigo 229 do Código de Trânsito Brasileiro, é infração média usar indevidamente no veículo aparelho de alarme ou que produza sons e ruído que perturbem o sossego público.

É com base nesse artigo que a Polícia Militar fiscaliza e pune os motoristas infratores com multa e apreensão do carro. O objetivo é evitar que situações como a descrita pelo vendedor Roberto se tornem freqüentes na capital paulista, principalmente em horário de pico, quando tudo o que o motorista quer é ter o mesmo privilégio da polícia no trânsito.

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