Uma operação da Polícia Federal que apontou a existência de uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes em Boa Vista motivou a criação, por cerca de cem mães da capital de Roraima, de um movimento contra a pedofilia.
Intitulada "Mães contra a pedofilia", a iniciativa já recebeu o apoio da Igreja Católica. No último dia 20, uma carreata promovida pelo grupo em Boa Vista mobilizou cerca de 500 veículos, segundo a organização.
A Operação Arcanjo da PF prendeu oito pessoas na capital de Roraima, no último dia 6, suspeitas de participação na rede de pedofilia. Entre os presos está Luciano Queiroz, então procurador-geral do Estado, e dois irmãos empresários.
Queiroz e mais nove pessoas foram denunciadas sob acusações de estupro, atentado violento ao pudor, formação de quadrilha e exploração sexual.
A denúncia da Promotoria cita relatos de encontros de Queiroz em motéis da cidade com crianças e adolescentes, com idades de 6 a 14 anos. O ex-procurador-geral, que foi exonerado pelo governador José de Anchieta Júnior (PSDB), negou as acusações ao ser preso.
Por três dias na última semana, a reportagem tentou localizar, sem sucesso, advogados do ex-procurador e dos empresários denunciados.
Sob a condição de não serem identificadas, três mães integrantes do movimento conversaram com a reportagem.
Uma delas, que tem uma filha de cinco anos, disse que uma amiga que também aderiu à iniciativa sofreu ameaças para que se calasse. Em uma das intimidações, afirmou, um homem em uma moto parou ao lado do carro dirigido pela colega, mostrou uma arma e sinalizou para que ficasse de boca fechada.
As mães se referem às denúncias sobre o caso com adjetivos como "revoltantes", "agressivas" e "nojentas".
CPI no Senado
A investigação sobre exploração sexual de crianças e adolescentes em Boa Vista será tema de visita da CPI da Pedofilia a Roraima nesta semana. Em abaixo-assinado a ser entregue aos senadores, as mães pedirão a condenação dos envolvidos.
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