No 1º dia de funcionamento integral, túneis que ligam estações do metrô ficaram superlotados e esteiras rolantes foram desligadas
26 de setembro de 2011 | 22h 45
Bruno Ribeiro - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Após quatro anos de espera, a Linha
4-Amarela do Metrô não deu conta de atender a grande quantidade de
passageiros no seu primeiro dia de funcionamento integral. No pico da
tarde, os túneis de interligação das estações ficaram superlotados - e
andar por lá foi impossível. As baldeações entre as plataformas duraram
15 minutos. O Metrô diz que poderá propor mudanças nos próximos dias.
Clayton de Souza/AE
Esteiras e escadas rolantes foram até desligadas por medidas de segurança
"Acabou o encanto. A linha nova é muito legal, os trens são bonitos. Mas essa muvuca toda faz a gente lembrar que o metrô ainda precisa melhorar muito", disse a auxiliar de vendas Priscila Vieira Alves, de 24 anos. As Estações Luz e República foram inauguradas no dia 15, mas funcionavam apenas fora dos horários de pico. A Linha 4-Amarela, prometida originalmente para 2007, é considerada a "linha da integração", por permitir mais conexões entre a rede. Nesta segunda-feira, até as 17h, 247 mil pessoas haviam passado por ela - 34% a mais do que na segunda-feira anterior.
Na Luz, onde a Linha 4-Amarela faz interligação com a Linha 1-Azul e com três linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), também houve superlotação. A diferença é que, lá, os corredores são mais largos e não há nem escadas nem esteiras rolantes - o que atrapalhou menos os deslocamentos.
Ajustes. A ViaQuatro, empresa que administra a Linha 4-Amarela, diz que não comentaria eventuais falhas de estrutura ou de planejamento, uma vez que ela não construiu as paradas, apenas as opera. O Metrô disse que está monitorando o sistema e pode propor ajustes em conjunto com CPTM e ViaQuatro.
Avenidas viram canteiros de obras
- 25 de setembro de 2011 |
- 23h49 |
CAIO DO VALLE
As avenidas Santo Amaro e Ibirapuera, na zona sul, estão começando a se transformar em um grande canteiro de obras do Metrô de São Paulo. Principais eixos da expansão da Linha 5-Lilás, as duas vias sofrerão intervenções em quase um quinto de seus quarteirões, alterando parte de suas características atuais.
Uma caminhada pela região já revela mudanças. Lojas, agências bancárias, concessionárias de automóveis, restaurantes e até uma fábrica estão sendo demolidos para que estações, poços de ventilação e saídas de emergência sejam construídos no lugar. Ao todo, 350 imóveis foram declarados de utilidade pública no trecho de 11,4 km entre as estações Largo 13 e Chácara Klabin. A ampliação da Linha 5 será totalmente subterrânea.
O quarteirão onde será implantada a parada Borba Gato, perto da famosa estátua do bandeirante, já foi quase todo demolido. Alberto Alves de Souza, de 31 anos, é ajudante em uma floricultura que funcionava ali. Segundo ele, caiu 70% o movimento no comércio, que passou a funcionar em um imóvel no outro lado da rua desde a desapropriação, no ano passado. “Antes, a gente tinha um espaço maior, onde podia atender os clientes que compravam no balcão. Hoje, só por encomenda.”
Vizinho dele, o cirurgião-dentista Marcos Fernando Oliveira, de 36 anos, afirma que o preço do aluguel de seu consultório deve subir 250% no próximo reajuste, só por causa do início das obras. “Acho que eu devia ganhar um desconto pelos transtornos, como o pó.”
A urbanista Maria Lucia Refinetti, da Universidade de São Paulo (USP), explica que a tendência é de que o valor dos imóveis no entorno de futuras estações suba após o anúncio de sua construção, mas se estabilize quando as obras se iniciam, devido aos transtornos. “Terminada a obra, tudo volta a fervilhar novamente.”
Nas imediações das demolições na Avenida Ibirapuera, o temor de alguns moradores é de possíveis danos estruturais. “Sou favorável ao metrô. Só tenho medo de que façam um poço igual ao da Estação Pinheiros (onde houve um desabamento com sete mortes em 2007). Nunca se sabe se uma obra dessas pode trazer rachaduras, infiltrações”, diz o advogado Ivan Galbiati, de 51 anos, que mora há dez em uma residência que fica nos fundos do canteiro de obras da Estação Eucaliptos. As demolições em Moema começaram no início deste mês.
Para o taxista Antonio Lopes de Sá, de 62 anos, que trabalha em um ponto próximo da Avenida Ibirapuera, a ampliação da Linha 5 vai ampliar o movimento de clientes. “Mais vale uma estação de metrô do que 20 lojas de colchão, que é o que mais tem por aqui.”
O Metrô informou que o traçado das linhas “procura seguir o leito das avenidas e ruas” e que nem todos os quarteirões das duas avenidas vão sofrer intervenções em sua maior parte. Em alguns casos, as demolições ocorrerão só em trechos pequenos das quadras.
O secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, diz que as desapropriações geralmente ocorrem em locais onde há áreas vazias ou deterioradas. “Evitamos hospitais e escolas. Isso é muito pensado”, afirmou.
Além disso, a assessoria de imprensa do Metrô informou que o trecho da Avenida Ibirapuera será construído com máquinas tuneladoras (os “tatuzões”), que minimizam reflexos da obra na superfície. As perfuradoras deverão iniciar as escavações em outubro de 2012. O Metrô não informou, mas a extensão da Linha 5 deve ser entregue a partir de 2015.
Procuradoria quer impedir remoção de famílias para obras do Metrô em SP
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DE SÃO PAULO
O Ministério Público Federal em São Paulo pediu a suspensão imediata da
decisão judicial que determina a retirada de 48 famílias que ocupam um
terreno que pertence à Caixa Econômica Federal localizado na avenida
Santo Amaro, na zona sul de São Paulo.
No local serão realizadas obras de expansão da linha-5 lilás do metrô.
Caso a decisão judicial seja cumprida, além das famílias, 31 crianças e adolescentes consideradas em situação de vulnerabilidade serão desalojadas.
Segundo o procurador da República José Roberto Pimenta Oliveira, antes que a desapropriação seja efetivada, o Metrô deve disponibilizar "recursos para a retirada e locomoção das pessoas, dos bens e pertences que se encontram no imóvel para outra localidade condizente com a preservação da dignidade dessas pessoas".
Além das residências, também há um ferro-velho no local. "A maioria dos moradores sobrevive dessa atividade [reciclagem de papelão, alumínio, cobre e ferro]", afirmou Oliveira na decisão.
De acordo com a Procuradoria, a única alternativa ofertada pelo Metrô às famílias que serão removidas foi a inscrição no Programa de Parceria Social, mantido pela Prefeitura de São Paulo, que prevê pagamento de um aluguel social de R$ 400 durante dois anos.
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