João Eça
“Eu pensei que era forte. Mas hoje eu vi que não sou. Como um ser humano pode dividir o corpo de uma pessoa em três partes. Só um monstro é capaz”, desabafou Gilvalter Dias Oliveira, 42, tio da engenheira ambiental Marleide de Oliveira Junqueira, 36.
A declaração foi feita nesta quarta-feira, 10, após a Polícia Civil anunciar que exames de DNA comprovaram que a ossada humana encontrada em Itaparica (Grande Salvador) é de Marleide, desaparecida desde 21 de agosto de 2010. A ossada foi achada no último dia 29.
“Depois que vi as imagens, nunca mais fui a mesma pessoa. Também não tive mais coragem de falar com a minha irmã (Sebastiana, mãe de Marleide), com quem falava três vezes por semana”, afirmou o tio, que se considera pai da jovem, pois morou 18 anos com ela. Ele disse que os restos mortais serão enterrados hoje em Conceição do Coité (a 210 km da capital).
Júri popular - Segundo Gilvalter, a família de Marleide sempre teve a esperança de encontrá-la viva. “Sem esperança, a gente para de lutar. Agradeço à polícia, à imprensa. Tenho certeza de que a justiça será feita”.
Para o delegado Adailton Adan, titular da Delegacia de Tancredo Neves, a confirmação complicou ainda mais a situação do ex-namorado de Marleide, Antônio Luiz Santos de Jesus, 42, denunciado à Justiça pela morte da engenheira. “Agora que encontramos a prova material do crime, Antônio deverá ir a júri popular”, disse.
Adailton Adan argumentou que Antônio tem um histórico de ameaças e agressões contra mulheres. “Uma das agredidas por ele passa por tratamento até hoje”, completou.
Segundo a polícia, Antônio matou Marleide porque não aceitava o fim da relação. Seis dias antes do crime, ele espancou a engenheira, fato registrado na Delegacia de Itapuã. Uma testemunha ajudou a polícia a achar a ossada escondida no matagal.
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