Ex-presidente era avisado que haveria uma grande operação da Polícia Federal envolvendo integrantes do governo na vérspera, sem saber, porém, quais seriam os alvos
A presidente Dilma Rousseff quer repetir no seu governo algo que era prática corrente na gestão de Lula: o compartilhamento de informações mínimas sobre as operações da Polícia Federal. Uma forma de não se surpreender com os esquemas de corrupção descobertos na administração pública.
A doutrina policial tem um mecanismo legal que rege suas operações. Pela regra, cada esfera do Estado só precisa saber um mínimo necessário. O normal é o ministro da Justiça, mesmo sendo superior hierárquico da PF, não ser informado das investigações.
Por conta desse procedimento, a relação entre PF e o Palácio do Planalto sempre foi tensa. Para suavizar essa convivência, o ex-diretor da PF Paulo Lacerda criou uma fórmula salomônica que compatibilizava o sigilo das investigações com a exigência do governo por informações prévias. Lacerda passou a centralizar as grandes operações na Diretoria de Inteligência Policial (DIP). Quando recebia dados das investigações, dava um alerta para o ministro da Justiça. Nessa troca de informações, o governo não era avisado sobre quem seria preso ou qual ministério seria alvo da PF. Sinalizava apenas que haveria uma grande operação envolvendo integrantes do governo. O ministro repassava essas informações para o presidente.
Para facilitar essa comunicação, foi criada uma escala informal de gravidade: A, B ou C. Quando a operação era de nível A, o presidente cancelava compromissos e se preparava para a repercussão. Com a saída de Lacerda e a chegada de Luiz Fernando Corrêa, a tática foi alterada. A DIP foi desidratada e as operações foram descentralizadas. A vantagem: o foco das crises políticas saiu da sede da PF em Brasília. A desvantagem: a decisão deu excesso de autonomia para os superintendentes e delegados.
PF afirma que não houve irregularidade no uso de algemas nas prisões no Turismo
por Bruno Siffredi
10.agosto.2011 18:43:34
Bruno Siffredi, do estadão.com.br
A Polícia Federal (PF) declarou em nota à imprensa divulgada nesta quarta-feira, 10, que não foi constatada qualquer irregularidade na utilização de algemas na Operação Vaucher, que levou à prisão de 35 pessoas acusadas de envolvimento em esquema de corrupção no Ministério do Turismo.
Na nota, a PF ressalta que o uso da algemas ocorreu “em observância da Súmula Vinculante de número 11 do Supremo Tribunal Federal, que determina sua utilização para segurança do conduzido e da sociedade, ao invés de proibi-la terminantemente”.
Mais cedo, o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, pediu que o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Leandro Coimbra, prestasse informações urgentemente sobre o uso de algemas na Operação Voucher.
Na terça-feira, 9, a PF prendeu 35 pessoas acusadas de envolvimento em esquema de corrupção no Ministério do Turismo, comandado pelo PMDB. Na ação, foram presos o número 2 da pasta, o secretário executivo, Frederico Silva da Costa, e o ex-chefe de gabinete de Marta Suplicy (PT), Mário Moysés.
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